Já são conhecidas todas as novidades da nova temporada da Culturgest

por Linda Formiga,    13 Setembro, 2018
Já são conhecidas todas as novidades da nova temporada da Culturgest
Os seis concertos Brandeburgueses / Fotografia de Anne van Aerschot
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A Culturgest é, há já 25 anos, sinónimo de cultura e reflexão, trazendo a Portugal nomes conceituados e emergentes, das mais variadas correntes artísticas, e oferecendo a artistas nacionais, emergentes ou consagrados, espaços para criação. A programação da Culturgest para a Temporada 2018-19, a primeira da inteira responsabilidade de Mark Deputter, foi apresentada ontem, dia 12 de Setembro, e é assumidamente multidisciplinar, conforme o apanágio da fundação desde o primeiro momento. Com o objectivo de dar cada vez mais voz ao público, a Culturgest pretende também abrir cada vez mais as portas, colocando a maioria dos eventos no Grande Auditório.

A temporada começa com a comemoração dos 25 anos da Fundação, que irá ocorrer ao longo das duas primeiras semanas de Outubro, na qual destacamos Os seis concertos Brandeburgueses onde a música de Bach será mote para a coreografia de Anna Teresa de Keersmaeker. Também no âmbito das comemorações, e como exemplo da maior proximidade da Culturgest ao público, teremos Bal Moderne, um baile moderno onde não é preciso ter par nem saber dançar para participar e no qual serão aprendidas, em três momentos, durante três horas, três coreografias de três minutos cada. No campo das Artes Visuais, a exposição de Kader Attia, As Raízes também se criam no betão, que será inaugurada a 19 de outubro, explorará, segundo o curador Delfim Sardo “a relação que o espaço urbano tem com o corpo – especialmente o corpo migrante”, na forma como este é afectado e politizado – esta exposição será ainda debatida no âmbito da iniciativa Tempestade Mental, um conjunto de conferências que se destina a jovens dos 14 aos 18 anos e que promove o debate entre estes, sem a presença “adulta”.

Como inerente espaço para a reflexão e criação, a Culturgest apresenta um programa forte de Conferências e Debates, do qual destacamos Para um mundo sem fronteiras de Achille Mbembe, autor de obras como a Crítica da Razão Negra (prémio literário Geschwister Scholl) e Políticas da Inimizade, e onde se falará sobre a “história da mobilidade, recheada de inclusões e exclusões, fronteiras e limites – geográficos, sociais, económicos e culturais”. Fomentando as parcerias com universidades e institutos, a conferência What has love got to do with it? – Performance, intimidade e afetividade irá abordar os limites (ou a inexistência destes) entre a esfera pública e a esfera privada, “implicando por vezes a diminuição da participação activa do cidadão, transformado em mero espectador de outras vidas e intimidades amplificadas através dos media”. Algumas conferências assumirão ainda um formato de dia inteiro, com sessões a ocorrer durante todo o dia e com uma conferência final às 18h30 desse dia.

Mouse on Mars / Fotografia de Nicolai Toma

No âmbito da música, destacamos ainda o concerto de James Holden, a 7 de Novembro, e dos Mouse on Mars, que têm colaborado amiúde com Justin Vernon (Bon Iver), Zach Condon (Beirut) e com os irmãos Dessner (The National), e que apresentarão a explosão sonora de ‘Multidimensional People’ no Grande Auditório a 5 de Dezembro.

A companhia de dança madeirense Dançando com a diferença, que se tem “destacado pela disseminação do conceito de dança inclusiva e por promover a colaboração de pessoas com e sem diferença” apresentará, a 23 de Novembro, Happy Island, resultante de um encontro entre a coreógrafa La Ribot e a cineasta Raquel Freire e “onde a diferença de cada um é o elemento que os une e que define o modo de viver em comunidade”.

La Ribot & Dançando com a Diferença © Raquel Freire

Em Fevereiro, os Rimini Protokoll apresentarão o projecto 100% Cidade, que já esteve em mais de 35 cidades no mundo, desde Paris a São Paulo, passando por Brisbane e Montreal, e que chegará a Lisboa com 100% Lisboa, de 1 a 10 de Fevereiro. As estatísticas oficiais da cidade assumirão assim um rosto, colocando em palco 100 habitantes da cidade, numa proporção que representa o género, idade, nacionalidade e área de residência, dando assim “corpo e alma à cidade de Lisboa, pintando um retrato fiel de uma cidade em acelerada mudança, mas cada um fala também por si, da sua vida, das suas opiniões, mágoas e felicidades”. O Teatro Municipal do Porto receberá 100% Porto nos dias 19 e 20 de Janeiro.

Embora não sejam parte preponderante desta primeira parte da programação, a Culturgest pretende criar espaços de criação e de co-criação a projectos nacionais, que serão apresentados na 2.ª metade da programação. Ainda assim, há a destacar a reposição da co-criação Triste in English from Spanish de Sónia Baptista, um trabalho “criado a partir da tristeza (…) com raízes ecofeministas, eco-queer, holístico-filosóficas, estranhas, entranhas”. Esta peça dará também mote à conferência A vida tal como ela é: o direito à tristeza.

O programa completo da Culturgest está disponível online aqui, com imagem renovada e aposta, como sempre, na ligação “ao bairro, à cidade, ao país e ao mundo”.

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