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Uma máquina fotográfica de Budapeste

por Bernardo Crastes
24 Junho, 2020
em Crónicas
Uma máquina fotográfica de Budapeste

Ilustração de Gabriel Margarido Pais. Câmara fotográfica Praktica PL Nova IB, sobreposta a um mapa de Budapeste

Neste período de quarentena, em que nos vemos obrigados a parar fisicamente, não há limites para onde a nossa mente nos pode levar. Olhando à volta do meu quarto, vejo objectos trazidos de viagens que fiz no passado e que, instantaneamente, espoletam memórias das mesmas. É uma forma de escapismo momentâneo que traz algum conforto em tempos incertos. Deixem-me levar-vos numa viagem à volta do meu quarto.

O oitavo objecto é uma máquina fotográfica vintage que trouxe de Budapeste, comprada com a ideia de retratar uma viagem pela Europa Central e de servir de inspiração para projectos de fotografia futuros.

Budapeste foi o primeiro dos destinos da primeira (e ainda única) viagem que fiz apenas com a minha irmã. É uma cidade imponente, com a sua arquitectura monolítica e encostas dramáticas que pedem respeito. Apesar disso, da sua história conturbada e de decisões políticas questionáveis recentes, Budapeste é vibrante, boémia, com imensas actividades para o dia e para a noite, vida nocturna invejável e restaurantes bastante bons.

Mal pousámos as nossas bagagens, fomos tentar aproveitar a metade do dia que ainda tínhamos, apesar de o nosso dia ter começado bem cedo e contar já com duas viagens de avião e uma curta escala em Munique. Parámos para almoçar nas bancas da estação da rua Arany János, mas rapidamente nos fartámos do nosso lángos, a típica massa frita com cobertura de nata azeda, alho e queijo. É saborosa mas muito enjoativa e para desenjoar, começámos a caminhar na direcção da Basílica de Santo Estêvão.

A caminho, ficámos embasbacados com a montra de uma loja de fotografia, que dispunha algumas dezenas de câmaras fotográficas analógicas antigas, a preços bem apetecíveis. Na altura, o meu objectivo máximo de vida era ter uma câmara dessas (entretanto já cresci e arranjei outros objectivos), pelo que entrámos para espreitar a oferta. Fiquei de olho numa Praktica PL Nova IB, produzida na República Democrática Alemã por volta da primeira metade dos anos 70. Para além de ser linda, era barata e, seguramente, boa o suficiente para um amador como eu, que ficaria satisfeito com um calhambeque para ter umas primeiras experiências com a fotografia analógica.

Com receio de estar a investir o meu dinheiro em algo inconsequente, deixei a decisão para uma altura em que não estivesse a ser comandado pelo sono. Nos dois dias que se seguiram, ocupámos o tempo com termas, catedrais, ruin bars, esplanadas, edifícios governamentais e parques — sinónimos de sightseeing em Budapeste. Divertimo-nos imenso, mas o raio da máquina voltava sempre à minha mente: será que me arrependeria se não a levasse comigo?

Então, no dia em que apanharíamos o nosso FlixBus para Liubliana (segunda paragem da nossa curta viagem pela Europa Central), fiz questão de regressar à loja, comprar a máquina e pedir uns conselhos ao dono da loja, que, cordialmente e no seu parco inglês, me deu algumas dicas de como utilizá-la. Segui os seus conselhos para tirar fotos do castelo de Liubliana, do parque Tivoli, da verdadeiramente maravilhosa zona ribeirinha e, já na nossa terceira paragem, do lago Bled, do desfiladeiro Vintgar e das paisagens verdejantes eslovenas. Até documentei uma fortuita visita ao Hospital Universitário de Liubliana — nem sempre tudo corre bem quando se viaja!

Entretanto regressámos a Portugal e os meses foram-se passando sem grande dedicação a terminar o rolo da máquina fotográfica. Convenci-me de que simplesmente estava a criar expectativa para as fotos que viessem dessa viagem. Quando finalmente terminei o rolo e fui revelar as fotografias… descobri que havia um problema na máquina e nenhuma delas se havia salvado.

A desilusão inicial deu lugar ao pensamento de que aquelas memórias teriam de se resignar a ser imaginadas e contadas por mim mesmo. E, de certa maneira, tornaram-se um pouco mais especiais: nesta altura em que é fácil documentar, revisitar e partilhar, estas memórias são agora mais desafiantes.

No que toca à máquina, o custo da sua reparação é impeditivo. Por agora jaz num aparador no meu quarto, bem à vista e bem enquadrada, a recordar-me da viagem a Budapeste e da esperança de um dia voltar à fotografia.

Se quiseres ajudar a Comunidade Cultura e Arte, para que seja um projecto profissional e de referência, podes apoiar aqui.

Tags: BledBudapesteEslovéniafotografiaHungriaLiublianaViagemviagensViagens à volta do meu quarto

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