“Tourist History” dos Two Door Cinema Club celebra 10 anos

por José Malta,    16 Fevereiro, 2020
“Tourist History” dos Two Door Cinema Club celebra 10 anos
Capa do disco
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A 17 de Fevereiro de 2010, os Two Door Cinema Club lançavam o seu álbum de estreia intitulado Tourist History. A banda formada por três jovens da Irlanda do Norte que se conheceram ainda bastante novos na Bangor Grammar School – uma escola só para rapazes em Bangor – dava cartas pela primeira vez no universo da música. Formado pelo vocalista e guitarrista principal Alex Trimble, pelo guitarrista Sam Halliday e pelo baixista Kevin Baird, o grupo mostrava assim um conteúdo musical interessante com uma forte matriz do indie rock bem assente, uma das vertentes mais trabalhadas e produzidas na música dos anos 2000.

Após terem lançado a canção “Something Good Can Work” na Internet, em 2009, a banda assinou com a gravadora francesa Kitsuné Music para o lançamento do seu primeiro álbum, gravado em Londres no mesmo ano sob a alçada do produtor musical Eliott James. Para além do álbum ter tido um sucesso bastante considerável, foi também eleito como o álbum do ano na Irlanda, sendo este um sinal de que os Two Door Cinema Club seriam uma das fortes promessas musicais dos anos seguintes, algo que de facto se conseguiu verificar.

Quando tinham 16 anos, os três membros participaram no concurso ATL Rock School promovido pela North Ireland BBC, utilizando o nome Life Without Rory para denominar o conjunto e ficando no último lugar dessa mesma edição. Apesar do fracasso, a banda continuou a fazer pequenas gravações para o MySpace e para o YouTube. Só mais tarde adoptaram o nome Two Door Cinema Club. Reza a história que o nome se deve ao facto de Sam Halliday pronunciar de forma errada o nome do cinema da cidade da banda, Tudor Cinema.

Os três elementos, que apenas tocavam instrumentos de cordas, não contavam com alguém na percussão, o que deixava no ar a questão de alguém estar ao comando de uma bateria nas gravações e nos concertos. No início, ainda houve a inclusão de um baterista permanente, mas essa foi uma hipótese que caiu por terra devido a supostas divergências. Em Tourist History, alguma da percussão foi feita pelo próprio Alex Trimble, com a colaboração de alguns músicos adicionais. Ainda assim, o trio era suficientemente competente para criar boa música e proporcionar grandes concertos, aspirando a uma carreira musical que ainda se mantém bem viva, com um total de quatro álbuns de originais em apenas dez anos.

Se nos concertos há sempre loucura e cigarros a ser acesos ao som da música que tantas sensações nos provoca, nada melhor do que “Cigarettes in The Theatre” para abrir o álbum. Com os instrumentos de cordas em modo empolgante e a voz de Alex Trimble em acção, o álbum introduz-se de forma animada por um indie rock que viria a fazer muito sucesso nesse ano de 2010. Segue-se “Come Back Home”, canção com alguma tonalidade psicadélica que, ainda assim, consegue promover o estilo musical dos Two Door Cinema Club. “Do You Want It All?” apresenta um conteúdo mais suave, mas que não deixa de ser tão melódico como as duas canções anteriores.

Na quinta faixa, encontramos “Something Good Can Work”, o tão ilustre primeiro single da banda lançado em 2009. Com um ritmo de dança, esta é uma das mais emblemáticas canções da banda norte-irlandesa. Seguem-se ecos rítmicos e alguns efeitos electrónicos em “I Can Talk”. Esta foi uma das canções que colocou mais público ao saltos nos concertos, tendo sido também adaptada em diversos anúncios, anúncios publicitários, eventos e videojogos naquele já tão longínquo ano de 2010, que nos traria uma das grandes revelações musicais a abrir a década.

“Undercover Martyn” consiste na conjugação de uma parte mais vocal, onde os instrumentos permanecem numa posição mais suave, com uma parte musical mais explosiva na qual os músicos conseguem exibir os seus dotes nos instrumentos. “What You Know” foi outra das canções que deu alma ao álbum e uma das mais icónicas do reportório dos Two Door Cinema Club, na qual o refrão “I can tell you what you want / You don’t want to be alone” leva a que a plateia cante de modo contagiante sempre que é interpretada. “Eat That Up, It’s Good for You” e “You’re Not Stubborn” são as duas faixas que encerram um álbum enérgico que foi uma bela estreia para os Two Door Cinema Club.

Em apenas dez anos e ao longo de quatro álbuns, os Two Door Cinema Club transformaram o seu rock ao adicionar componentes da música pop e da música electrónica que permitiram assim criar um estilo próprio nas suas canções. Foram e continuam a ser presença assídua em inúmeros festivais de música de renome, bem como nos festivais de verão portugueses mais mediáticos. Tudo começou em 2010 e, em 2020, a energia dos Two Door Cinema Club continua a perdurar de forma espontânea e contagiante. Esperemos que o trio norte-irlandês continue a trazer outros trabalhos interessantes nos próximos anos, mantendo viva essa sua enorme vivacidade que facilmente nos contagia e mete a vibrar sempre que damos de caras com eles num caloroso festival de Verão.

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