Thom Yorke não fez banda sonora de “Fight Club” por insegurança artística

por Comunidade Cultura e Arte,    9 Janeiro, 2019
Thom Yorke não fez banda sonora de “Fight Club” por insegurança artística
Thom Yorke
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O novo filme de Luca Guadagnino, remake homónimo de “Suspiria”, clássico dos filmes de terror dos anos 70, contou com 25 composições originais de Thom Yorke, um dos mentores da banda britânica de rock alternativo Radiohead.

Agora, e em entrevista à Variety, Yorke revelou alguns detalhes do seu processo criativo com Luca Guadagnino e outros detalhes interessantes. Por exemplo, quando questionado sobre como via o uso de músicas dos Radiohead em filmes este respondeu: “Houve alguns que me fizeram pensar: “Eu gostaria de ter feito isto.” Há uma sequência antiga em “Vanilla Sky” [de Cameron Crowe], em que eles usaram “Everything In Its Right Place” e que gostámos muito. Também quando usaram “You and Whose Army?” num filme independente – não me lembro agora do nome – que me deixou em lágrimas, era tão bom. [Nota do editor da Variety: deve ser “Incendies” de Denis Villeneuve.] Geralmente, quando funciona, é uma sensação muito boa. Acho que agora o meu filme favorito de todos os tempos é “Children of Men” [de Alfonso Cuarón]. Eles usaram um pouquinho de “Life in a Glass House” durante a sequência de Michael Caine. Amo tanto o filme, e então o facto de que a nossa música está nele é “Wow, fod***!”, disse Thom Yorke.

Depois, e na mesma entrevista da Variety, Thom Yorke foi questionado sobre o seu processo criativo no que toca a vídeos, música e cinema: “Quando fazes vídeos tens a ideia de criar uma sequência para acompanhar a tua música, mas às vezes há algo muito mais prazeroso se alguém lhe tirar isso que tu criaste e lhe der outro contexto. Mas eu não diria que nada disso me levou a fazer a banda sonora de “Suspiria”. Ao mesmo tempo, descobri que estou muito interessado nas duas coisas quando estão juntas e acho que sempre estive. Faço a obra de arte com o meu amigo Stanley (Donwood) que conheci na faculdade de arte e onde fizemos as nossas próprias sequências de vídeo. Fomos obsessivamente visuais em certas fases da nossa carreira. Mas eu nunca fiz o contrário, como Jonny (Greenwood) fez. Eu vi o Johnny a trabalhar com o Paul (Thomas Anderson) e a colocar música em sequências, e pensei: “Isto é realmente interessante”, mas nunca tive coragem de fazer isso até que o Luca Guadagnino veio ter comigo, porque eu realmente não me sinta confiante. E eu senti que tinha muito a fazer em termos de música. Mas eu tinha acabado de comprar o meu próprio estúdio, e queria uma desculpa para experimentar, e uma desculpa para trabalhar para outros e não ser só eu.”, revelou Yorke.

O artista inglês também foi questionado se já teve muitas propostas para bandas sonoras de filmes: “As propostas foram principalmente para o Jonny. Mas há muito tempo atrás, eles tentaram que eu fizesse a banda sonora de “Fight Club”, mas eu não tinha ideia de como fazer isso. Agora, conheço o Ed Norton e brincamos um pouco com essa história. Sinto que não estava suficientemente desenvolvido. Na verdade, acho que parte do que me atraiu agora foi o Luca Guadagnino. O Luca pediu-me para assumir toda a responsabilidade da banda sonora e eu achei isso tudo muito maluco, porque ele sabia que eu nunca tinha feito nada disso e que eu não tinha ideia do que ia fazer. Então, havia muita confiança, o que me deixou um pouco lisonjeado.”, disse o vocalista dos Radiohead.

Por fim, e relativamente a um possível novo disco a solo, Thom Yorke revelou que recentemente compôs algumas peças de piano para Katia e Marielle Labèque e que todo o processo foi hilariante porque não sabe ler música. Yorke disse ainda que actualmente não consegue parar e que antigamente isso era uma necessidade criativa para o artista, mas que agora odeia ficar sem fazer nada: “É um senso de urgência. Há muitas coisas que quero fazer agora. Acordo todos os dias e quero apenas terminar as coisas. Acho que talvez seja por ter feito 50 anos e o tempo se estar a esgotar. [Risos]”.

Portanto, pode-se concluir que novos trabalhos do artista podem estar para breve.

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