“The Umbrella Academy”: a carismática e disfuncional série de super-heróis da Netflix

por João Fernandes,    10 Março, 2019
“The Umbrella Academy”: a carismática e disfuncional série de super-heróis da Netflix
“The Umbrella Academy”
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Baseada na banda desenhada de Gerard Way (ex-vocalista da banda My Chemical Romance) e de Gabriel Bá da editora Dark Horse Comics (conhecida por Hellboy e Sin City) chega-nos por via Netflix The Umbrella Academy, que conta a história de um grupo de 7 jovens com poderes especiais, misteriosamente nascidos todos no mesmo dia (e de mulheres que não estavam grávidas). Estes foram adotados pelo excêntrico bilionário Sir Reginald Hargreeves (Colm Feore), que lhes atribuiu números em vez de nomes, na sua mansão, com ajuda de Pogo (um chimpanzé falante) e um robô (ao estilo de Westworld) que faz papel de mãe dos jovens e os treina para combaterem o crime.

“The Umbrella Academy”

Essa infância desequilibrada, fria e exigente leva com que família mais tarde ou mais cedo se separe por razões diferentes, mas algo os irá unir. Anos depois, Sir Reginald morre e os nossos heróis reúnem-se de novo: Luther, o Número Um (Tom Hopper); Diego, o Número Dois (David Castañeda); Allison, Número Três (Emmy Raver-Lampman); Klaus, Número Quatro (Robert Sheehan) e Vanya, Número Sete (Ellen Page). Número Cinco (Aidan Gallagher), que havia desaparecido na infância graças à sua habilidade de viajar no tempo, e retorna ao presente como um homem de 58 anos, preso num corpo de um jovem de 13 anos, com uma mensagem importante: de que o mundo vai acabar dentro de uma semana. Só fica a faltar o Número Seis, Ben (Justin H. Min), que morreu misteriosamente algures entre a infância e a adolescência das personagens.

Para quem não conhece Umbrella Academy esta sinopse mostra bem o que podem esperar dela. Uma aventura estranha, frenética e divertida, com influências de obras como Doom Patrol, X-Men Dark Phoenix, Fantastic Four e Watchmen. Nesta primeira temporada o showrunner Steve Blackman adapta elementos dos arcos narrativos dos volumes 1 (“Apocalypse Suite”) e 2 (“Dallas”) da banda desenhada. Desta forma os irmãos têm que descobrir o que causa o apocalipse e, ao mesmo tempo, estar preocupados com uma dupla de assassinos que viajam pelo tempo com objetivo de matar o Número 5.

“The Umbrella Academy”

O coração da série está sem dúvida na família dos super-heróis. São personagens disfuncionais com personalidades fortes e poderes muito diferentes. A série não deixa nenhum herói de fora, equilibrando muito bem o tempo de antena dando ainda um arco de história a cada um, que funciona lindamente graças ao ótimo elenco que a série possui.

The Umbrella Academy consegue ter uma história cativante do início ao fim devido à forma inteligente como a contam e apesar de revelarem muita informação em pouco tempo, guardam sempre algo para revelar mais tarde, tornando a exposição interessante e envolvente. O mesmo tipo de estratégia é usado nas personagens, não contando tudo de uma vez e revelando aos poucos os poderes, os defeitos, o passado, as rivalidades e os traços da personalidade.

“The Umbrella Academy”

Ainda sobre as personagens, o jovem Aidan Gallagher destaca-se como Número 5. O ator de 15 anos capta a maturidade e o carisma necessário para a personagem, e também participa em ótimas sequências de ação que fazem lembrar os filmes dos X-Men. Outra personagem que se destaca é o Klaus. O seu poder e a sua personalidade geram situações muito cómicas e por vezes intensas, tendo também um dos melhores arcos da série.

Numa série de super-heróis a ação é um elemento importante, as sequências de ação na Umbrella Academy são visualmente interessantes, com momentos em slow-motion, ecrã dividido e com câmaras em constante movimento que são acompanhadas por uma banda sonora à altura que vai desde dos Queen a Noel Gallagher, tornando certos momentos memoráveis.

A temporada perde alguma força ao perder tempo em algumas histórias secundárias que acabam por abrandar de certa forma a série e o desfecho de algumas narrativas sofrem de uma segura previsibilidade, dando a sensação de que podiam ter tomado mais riscos na narrativa.

The Umbrella Academy é um drama familiar de super-heróis mergulhado numa história absurda e engraçada repleta de viagens no tempo com personagens carismáticas e simultaneamente disfuncionais. Estes ingredientes e outros fazem com que esta série se destaque, numa forma positiva, do resto, sendo assim um candidato à altura de ocupar o espaço vazio dado pela Marvel.

Crítica de João Fernandes

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