The Dillinger Escape Plan e a matemática aplicada à música extrema

por João Horta,    3 Agosto, 2017
The Dillinger Escape Plan e a matemática aplicada à música extrema
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O VOA Fest está de volta a Corroios nos próximos dias 4, 5 e 6 de Agosto. Uma grande festa coroada por um cartaz de luxo e muito metal extremo. São muitos os nomes sonantes da cena pesada: Trivium, Apocalyptica, Carcass e Dillinger Escape Plan, entre outros. Todos eles reúnem prestígio suficiente para mover vários milhares de fãs até à Quinta da Marialva; contudo, são os Dillinger Escape Plan que mais provocam ansiedade.

A tour de despedida dos norte-americanos vai mesmo passar por Portugal. Muitos já se preparavam para rumar a Espanha, na esperança de ver a banda pela última vez. Mas a organização do VOA premiou os fãs nacionais com a presença desta instituição do hardcore matemático. Uma banda de culto, que anda nisto há quase vinte anos e não metia os pés em Lisboa desde 2002; na altura, para a primeira parte dos System Of A Down, no Coliseu de Lisboa. Nesse mesmo ano, a colaboração com Mike Patton (Faith No More, Fantômas) resultou no EP “Irony Is A Dead Scene”, que catapultou a banda norte-americana para palcos maiores.

Dois anos depois, o segundo longa-duração “Miss Machine” arrebatava todas as expectativas. O extremismo inequívoco da banda resumia-se num processo de composição único, aliando características do jazz à subtileza de elementos electrónicos. Assim, “matematizaram” o grind/hardcore, arriscaram codificá-lo e foram bem-sucedidos. As descargas de guitarras vertiginosas, sem precedentes, vestem-se de adrenalina e agarram a agressividade vocal de Greg Puciato. Os compassos vão-se partindo, desenrolam-se de forma taquicardíaca, e nunca perdem o norte dos riffs epilépticos. Quando se quebram tempos ou entram breakdown’s, a intensidade não se perde e os screams incansáveis não deixam ninguém adormecer. Apesar das muitas comparações com Converge ou Mastodon (estes até surgiram depois), os Dillinger Escape Plan conseguiram criar um vocabulário próprio no seio da música mais extrema.

O sexto álbum da banda em 2013, “One Of Us Is The Killer”, reforçou a agressividade do quinteto oriundo de Nova Jérsia. A música que criam continua violenta e bem temperada, algo que se pode confirmar em “Dissociation”, editado no ano passado. Um disco de despedida (dizem eles) a provar que este é mesmo o habitat natural da banda.

A brutalidade do som transita facilmente para actuações incendiárias; não deixam a plateia relaxar e atiram-na para um clima denso de hostilidade. Em palco são demolidores, catastróficos, capazes de lançar o caos na mais pequena e pacata aldeia. Não é que Corroios seja uma aldeia – e até já está bastante habituada a estes andamentos, muito por conta do mítico Cine-Teatro – mas ainda assim é melhor prevenir e alertar as autoridades da Protecção Civil para a devastação que está para chegar. Os Dillinger Escape Plan sobem ao palco principal do VOA no próximo domingo, dia 6 de Agosto. As entradas para o festival custam 35 euros (diário) e 65 euros (passe 3 dias).

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