Sumol Summer Fest: Carminho foi cabeça de cartaz do primeiro dia

por Comunidade Cultura e Arte,    6 Julho, 2019
Sumol Summer Fest: Carminho foi cabeça de cartaz do primeiro dia
Carminho ao colo do pai, Kappa Jotta / Fotografia de Tiago Filipe – CCA
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Não, não é a fadista – não fosse o Sumol Summer Fest um dos festivais que melhor cultiva o hip hop, em Portugal. Na verdade, a Carminho que brilhou (mais do que Sam The Kid e do que o cabeça de cartaz Young Thug) foi a filha de Kappa Jotta.

O rapper português com a barba mais característica, proveniente da “linha C” – Cascais – ofereceu o melhor momento do dia ao fãs que passaram pela Ericeira. O público começou tímido, mas Kappa Jotta soube agarrá-lo. Vários foram os moshpits que mostraram o entusiasmo crescente do público. “Vocês estão a fazer mosh ao som de “love”? Vocês são os mais pesados!”, comentou o artista quando reparou no moshpit que se formava no início de uma das suas músicas mais calmas.

O rapper chegou a mandar brindes para o meio do público / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

A Kappa Jotta juntou-se, ainda antes da filha, Bad Tchiken e Amaro (com DJ Maskarilha sempre a acompanhar). Ambos os artistas fazem parte do novo projeto de Kappa Jotta: a label “Good Fellas Good Music”. Durante o concerto deram o apoio necessário, tanto a cantar como a dançar efusivamente ao fundo do palco. Amaro, com quem Kappa Jotta lançou muito recentemente a música “Off Set”, não parou de interpretar as letras com o corpo durante todo o concerto.

Kappa Jotta já sem t-shirt e com uma toalha na cabeça / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Assim que Carminho entrou em palco, para cantar com o pai a música “Fala a sério”, recebeu uma automática ovação. O público, deliciado com a dança e a cantoria, deixou-se cativar cada vez mais. Na despedida, com Kappa Jotta já de tronco nu e com todo o público do seu lado, viu-se cada pessoa balançar uma peça de roupa no ar ao som da batida. O rapper subiu à grade que o separava (mas apenas fisicamente) do público e, de repente… a música para. Falha no sistema? Corte propositado porque Kappa Jotta já tinha ultrapassado o seu tempo? Não é possível tirar conclusões, mas sabe-se que no início do concerto estávamos na frontline, confortáveis e com espaço; no final do concerto tudo era um labirinto e o caminho para a sala de imprensa já não era claro. Isso é certo.

Momentos depois todo o som do palco principal foi abaixo e Kappa Jotta não regressou / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Depois de o rap tuga seguiu-se o R&B americano. Os THEY. fizeram a sua estreia nacional com muita genica. Sabia-se que Drew Love e Dante Jones têm passados semelhantes – ambos escreviam/produziam para grandes artistas internacionais. Não se sabia é que eram tão semelhantes no resto (até fisicamente). Nota-se que beberam da mesma água. A banda tem músicas demasiado iguais e pouco inspiradas. Quase que parece que o Usher decidiu fazer uma banda com… o Usher. O processo criativo parece demasiado fechado.

Dante Jones (esq) e Drew Love (dir) / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Entretanto, muitos esperavam ansiosamente pelo miúdo Samuel e o evento único que trazia consigo. “Mechelas”, o álbum que não dura meses, foi apresentado na íntegra com todos os convidados. Desde Boss AC aos GROGNation (que tocam hoje no palco principal), de Bob da Rage Sense a Sir Scratch: todos passaram pelo “bairro” de Sam The Kid.

Sir Scratch interpretou a faixa “Eternamente” de “Mechelas” / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Durante a interpretação das 18 músicas que perfazem o álbum, vários foram os problemas de som. O público manifestou o desagradado assobiando. Phoenix RDC mandou até parar a música e recomeçou; Sam The Kid fez com que Blasph voltasse ao início da sua canção porque o microfone não estava a funcionar. O ano passado já se tinham verificado problemas técnicos no “fim-de-semana WILD” – não tão graves, no entanto.

Mas “os cães ladram e a caravana passa”. Apesar de algumas caras frustradas com as adversidades, os festivaleiros não deixaram de aproveitar o “sumo natural” de Samuel Mira. Boss AC entrou com tudo e Sam The Kid finalizou com o tão esperado “Sendo Assim”, cantado em perfeita sintonia por múltiplos fãs.

“Mechelas” é mais uma produção vinda do Quarto Mágico / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Veio então o cabeça de cartaz. Ele que tem fama de não aparecer – nem sequer em videoclipes seus – ainda assustou pela demora a subir a palco. Fez-se acompanhar por um DJ e por fãs fiéis que mostraram apoio. Mas soube a pouco – esteve em palco durante cerca de 45 minutos. A experiência Young Thug não convenceu enquanto headliner. Apesar dos êxitos em músicas com J. Cole e Camila Cabello, ainda falta provar aquilo que realmente vale a solo. Por agora, ainda é curto para encantar o primeiro dia de Sumol Summer Fest.

Young Thug aparece mais uma vez numa colaboração, desta vez com Post Malone, com “Goodbyes” / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Valeu pelo que é nacional: Kappa Jotta a surpresa, Sam The Kid a confirmação (embora contrariedades que lhe são alheias). Amanhã a orgulhosamente auto-intitulada boyband BROCKHAMPTON terá de provar que pode assumir estatuto de cabeça de cartaz e espera-se que tanto Holly Hood como GROGNation confirmem o lugar de pilares do hip hop tuga atual.

Sam The Kid e alguns dos seus convidados do “Mechelas” / Fotografia de Tiago Filipe – CCA

Texto de Gustavo Carvalho
Artigo editado às 15h50 com mais informação

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