Soft Grid: elas não cabem em rótulo nenhum

por Comunidade Cultura e Arte,    5 Fevereiro, 2018
Soft Grid: elas não cabem em rótulo nenhum
Sara Perovic
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O trio de Berlim arranca esta semana com uma mini-tour por Portugal, em 5 datas em agenda e uma estética sonora bastante própria. É um rock que é mesmo só delas.

Por vezes, quando falamos sobre uma banda ou um disco, caímos constantemente em clichés e caracterizações repetitivas que dão um certo vazio à opinião que tentamos mencionar. Não sabendo se a culpa é nossa, da Língua Portuguesa ou da banda em questão, a verdade é que, muito dificilmente, a mesma expressão usada quererá dizer ou representar o mesmo em duas situações diferentes. Daí que, ao referir que as Soft Grid não se enquadram em nenhum rótulo, estamos a dizer algo que já ouvimos em algum lado, inclusive da nossa própria boca. Que querem que façamos? É um bocado como aquela clássica pessoa que diz que ouve todos os géneros de música. Nós até podemos não confiar na sua cultura musical, ou não dar crédito a esta frase batida, mas em alguma escala e em alguma medida, essa pessoa está a dizer a (sua) verdade.

Mas, e perdoem-nos desde já a arrogância, no que toca ao trio de Berlim, a verdade não é nossa mas deles e do mundo criado a partir da estética sonora das Soft Grid. Sim, poderíamos simplificar a coisa e chamar-lhe rock psicadélico, mas ficaríamos sempre a meio caminho de uma caracterização precisa. Nos tempos em que quase tudo se chama de “psicadélico”, nomear vagamente uma banda para este rótulo é desconhecer e/ou ignorar.a história do próprio género e as suas diversas ramificações. Entre elas, a abordagem experimentalista que resultou no ‘kraut-rock’, e catapultou a escola alemã para um dos marcos mais importantes da música do séc. XX, deu a conhecer ao mundo uma fornada de bandas germânicas com sons naturalmente diferentes entre si. Claramente, e não propriamente por questões geográficas, sente-se o peso desta herança quando ouves as malhas das Sott Grid.

Considerando o kraut como uma abordagem e não um “género musical”, a banda alemã tem um rock sem medo de experimentar novos caminhos, num experimentalismo nato que chega inclusive às vozes de Jana Sotzko e Theresa Stroetges, proporcionando belos momentos harmoniosos neste cruzamento de cordas vocais. E foi mesmo da colaboração entre ambas que começou aquilo que viria a tornar-se em Soft Grid. Num hospital psiquiátrico abandonado, mas transformado em estúdio por uns amigos, foi nos arredores de Potsdam que as duas criaram os esboços de “Stingrays”, 1º EP da banda, editado em cassete no Inverno de 2014. Nem elas sabiam que: 1) tornar-se-iam uma banda a sério; 2)  iriam transformar-se num dos projectos emergentes da cena europeia, quando as primeiras propostas de concerto começaram a chover e a necessidade de encontrar um baterista levou-as ao músico e produtor britânico Sam Slater.

Sara Perovic

Daqui para a frente, todo um mundo para conquistar. Com a estreia em longas-durações a dar-se com “Corolla”, editado em 2016 pela Antime Records, o trio de Berlim ganhou outro estofo no meio de uma ambiência caótica repleta de sintetizadores e dinâmicas prog de fazer inveja aos “antigos”.

Ainda a espremer os 37 minutos do disco por esta Europa fora, a melhor notícia,- para além de elas passarem a semana em Portugal – é que o 2º álbum  já está no forno e quase pronto a servir. Não conseguimos deixar de pensar num eventual regresso antes sequer de as vermos em 1ª mão. Se pensas como a gente, nada como as apanhar nas seguintes datas :

06 de fevereiro – O Teatrão, Coimbra | 22h00 | Bilhetes: 5€
07 de fevereiro – Mercado Negro, Aveiro | 22h00 | Bilhetes: 5€ (4€ em pré-reserva)
08 de fevereiro – Maus Hábitos, Porto | 22h00 | Bilhetes: 6€ (+ PALMIERS)
09 de fevereiro – Damas, Lisboa
10 de fevereiro – Vitoriana at Penicheiros, Barreiro | 22h30 | Entrada Livre

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