Sem surpresa, “Captain Marvel” não foi uma surpresa

por Comunidade Cultura e Arte,    11 Março, 2019
Sem surpresa, “Captain Marvel” não foi uma surpresa
“Captain Marvel” (2019), realizado por Anna Boden e Ryan Fleck
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Captain Marvel é o último filme antes do final da Fase 3 da Marvel Cinematic Universe que será já em Abril com Avengers: Endgame. Se isto não bastasse para levar pessoas ao cinema, tem o acréscimo de ser o primeiro filme da saga que é encabeçado por uma mulher, e é também o primeiro a ser co-realizado por uma mulher, Anna Boden. A data de estreia coincidir com o Dia Internacional da Mulher também é tudo menos uma coincidência, portanto não é surpresa nenhuma que este filme se tente focar com maior ênfase no público feminino.

O filme segue Vers, ou Captain Marvel, ou Carol Danvers, depende do ponto do filme que estejamos a falar, enquanto esta tenta descobrir mais sobre o seu passado e a origem misteriosa dos seus poderes, sendo que no background está sempre presente o conflito entre os Kree, uma raça alienígena que toma o papel de “polícia do espaço”, à qual Danvers pertence, e os Skrulls, outra raça alienígena que é descrita como “hostil e invasora” e no meio de explosões e lutas com lasers, terá de ser ela a decidir esta batalha interplanetária.

“Captain Marvel” (2019), realizado por Anna Boden e Ryan Fleck

Sem comprometer, mas sem surpreender, Captain Marvel¸acaba por se tornar numa experiência inofensiva, para o bem e para o mal. Porque se por um lado, o filme consegue fazer serviços mínimos em quase todas as áreas, não obstante, também não satisfaz por completo em nenhuma área. Um bocado como aqueles dias de Greve da CP em que temos de esperar uma hora pelo comboio, e quando finalmente chega, ficamos mais aliviados do que propriamente felizes.

Se ainda consegue tirar uma gargalhada aqui e ali, e tem alguns momentos interessantes na dinâmica entre as personagens, principalmente na relação quase de buddy-cop entre Nick Fury, em que o aspeto digitalmente jovem de Samuel L. Jackson passa despercebido, e Danvers que é trazida à vida por uma Brie Larson que se esforça bastante, mas que no final de contas, não conseguiu carregar totalmente o peso da personagem que tinha em mãos, em especial quando tem de atuar sem Jude Law ou Sam Jackson ao lado.

“Captain Marvel” (2019), realizado por Anna Boden e Ryan Fleck

A história segue a mesma estrutura que praticamente todos os outros filmes de origem da Marvel, portanto é previsível o que por esta altura já sabemos à partida, mas se aliarmos isso ao facto do filme não ter qualquer tipo de personalidade na realização e as cenas de ação, que deviam fazer valer o preço exorbitante do bilhete, são tão interessantes como um copo-de-água turva, porque além de estarem terrivelmente iluminadas, a coreografia não espanta nem nada que se pareça, sobra-nos o quê? Algumas piadas aqui e ali, umas interpretações mais ou menos bem conseguidas (justiça seja feita, Bem Mendelsohn é excelente como sempre) e uma banda sonora um pouco melhor que o habitual, e é isso.

Vinte-e-um filmes depois, este tipo de stand-alone da Marvel Cinematic Universe sabe a pouco. E é quase um sacrifício sair do conforto do sofá para ir a uma sala de cinema cheia de adolescentes que não sabem falar baixo, para ver mais um filme que vai seguir exatamente a mesma fórmula de quase todos os que o antecederam. Sem surpresa, Captain Marvel não foi uma surpresa.

Crítica de Rafael Félix
Rafael Félix tem 22 anos é natural de Sintra e abandonou uma licenciatura de Engenharia Informática para se dedicar totalmente às suas duas grandes paixões: a escrita e o cinema, ambicionando seguir os seus estudos na área do Jornalismo.

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