Percursos Sonoros caminham por Oliveira de Azeméis

por Comunidade Cultura e Arte,    11 Outubro, 2019
Percursos Sonoros caminham por Oliveira de Azeméis
Percursos Sonoros
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Iniciativa de âmbito cultural e de valorização do património aposta nas bandas emergentes em locais inusitados e com propostas culturais distintas.

No passado dia 28 de setembro, realizou-se a quarta edição do evento “Percursos Sonoros”, no Parque La Salette, no concelho de Oliveira de Azeméis. O projeto apresenta como mote a dinamização cultural e patrimonial da Incentivo Positivo, uma associação juvenil de empreendedorismo e inovação; em parceria com a Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis e com o Conselho Municipal da Juventude. O festival, de entrada gratuita, consiste na concretização de propostas culturais diversificadas e de valorização patrimonial, assim como a concretização dos concertos musicais em locais inusitados e emblemáticos de Oliveira de Azeméis – alguns deles bem conhecidos, como o Parque La Salette que reflete a sua ímpar localização de dimensões consideráveis. 

Parque La Salette foi o local escolhido para a quarta edição do evento

Iluminado por algumas luzes brancas dispostas pelo recinto, através de cadeiras penduradas em árvores ou numa disposição diferente e “artística” no solo; a edição do festival deste ano apresentou-se com uma programação abrangente composta por propostas culturais dedicadas a grupos familiares como “Histórias Sonoras, Livros com Música”; conversas informais e, como não poderia deixar de ser, a música nos recantos carismáticos e mais improváveis deste local.

No Lago, por volta das 22h00, o guitarrista e compositor britânico, Martin Harley, iniciou o seu percurso sonoro com a apresentação de temas dos últimos álbuns gravados. Um concerto intimista, envolto na natureza, que a sua guitarra explorava aos poucos a par com os vocais confortáveis de Martin Harley. De seguida, no Coreto, o colectivo nortenho, Bardino, “surgido das cinzas de saudosas formações há muito admiradas por nós em 2016”, apresentaram-se com Diogo Silva no baixo, Rui Martins nos teclados, Pedro Cardoso na guitarra e Nuno Fulgêncio na bateria. Com o rock progressivo empregue e as suas variantes tingidas a funk e jazz, pautaram o caminho pela busca de um “psicadelismo antigo”, mas ao mesmo tempo com uma serenidade clara e bem acolhida pelo público que os abraçou num círculo humano.

Sensible Soccers, Martin Harley e Gator, The Alligator, foram algumas das propostas musicais levadas a cabo

Com o frio da noite a avançar, as várias centenas de pessoas não arredaram pé e seguiu-se uma viagem até Sensible Soccers, no Miradouro. O público, que se juntava aos poucos, algo envergonhado, apresentou uma evolução no comportamento conforme a progressão da musicalidade instrumental da banda portuguesa. Famosos pelos típicos espetáculos hipnóticos e pela simpatia que apresentam, agraciaram os ouvidos dos presentes com danças e risos que se esboçavam pela plateia. Os Sensible Soccers lançaram o seu terceiro álbum este ano, o “Aurora”, que se foca em temáticas da memória e das férias de infância. Várias interpretações podem ser realizadas através da sonoridade que produzem, seja através da música ambiente reflexiva, dos sintetizadores ou dos instrumentos de percurssão que “obrigam” à dança noturna destes “caminhantes sonoros”. Sensible Soccers serviram uma viagem espiritual, também intimista, de modernização instrumental que permitiu dançar, relaxar o corpo e a mente, sem nunca abandonar o Parque La Salette, nem o pano de fundo das luzes noturnas da cidade.  

A animação noturna, que ainda há pouco havia começado, atingiu a “hiperatividade” com Gator, The Alligator. O grupo composta por quatro elementos, oriundos de Barcelos, define o seu género musical como “garage psych rock” e, embora pese a distorção do som na fase inicial da atuação – situação provavelmente provocada pela pouca qualidade acústica do espaço da Estalagem (abandonada) de São Miguel – a jovem banda conseguiu com que o espetáculo se tornasse memorável e com diversos grupos de pessoas a juntarem-se para “abanar o capacete”. A enérgica atuação dos Gator, The Alligator ficou também marcada pela apresentação do seu primeiro repertório musical lançado em 2018, intitulado de “Life is Boring”, e que de “aborrecido” não têm nada pela forma efusiva com que atuavam e invadiam o público. Os temas “Yayaya”, “Spider”, “Straight Lines” e “Sleep All Morning” foram os que mais despontaram a atenção e as danças do público que tomaram conta do espaço rústico, em madeira, rodeado por janelas. Nota final para o pequeno cover de despedida – “My Sharona” – que realizaram na conclusão do concerto, em tributo a The Ramones. Para encerrar a edição, o DJ e produtor CelesteMariposa assumiu a cabine da música, num registo mais informal, com a adopção de ritmos africanos e da música PALOP. 

Organização do evento aponta para uma média de 600 visitas ao longo do dia

Contactada a organização do evento, afirmam que este “apresenta um constante crescimento de edição para edição, tanto em termos quantitativos como qualitativos, tendo um dos concertos da edição anterior contado com uma assistência de 200 pessoas”. A iniciativa visa a ampliação da programação cultural do município destinada ao público jovem, a divulgação de bandas emergentes, assim como a descoberta do património cultural da cidade. Destaca-se de outros eventos por não se centrar apenas na música, mas por fomentar a promoção de jovens talentos e a democratização cultural, promovendo o património local e sensibilizando a população para a sua salvaguarda, o que garante a consolidação da identidade de Oliveira de Azeméis e contribui para o desenvolvimento da consciência de cidadania – a título gratuito.

Artigo de Rafael Oliveira
Fotografias da organização do evento

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