Para ler, para ver e ouvir

por Linda Formiga,    10 Fevereiro, 2021
Para ler, para ver e ouvir
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Fevereiro de 2021, segundo confinamento. Por esta altura estamos já todos muito fartos, uns com filhos, uns sozinhos, outros com aulas por computador, quase todos com a vida em stand-by. O melhor conselho que me foi dado para este período foi desligar todas as notificações push de jornais e notícias de qualquer tipo e se houver conselhos a dar, esse é um deles. Não se trata propriamente de ignorar o que estamos a viver, mas tentarmos viver com isto com a tranquilidade mental possível. 

Pelo meio fazemos planos, revisitamos fotografias de férias, (des)organizamos papéis e tentamos pôr a vida em ordem. E se há certos acontecimentos que nos são completamente alheios, outros há que podemos fazer pequenas coisas para mudar o estado das coisas. 

O mercado dos livros está, como sabemos, a viver tempos difíceis. A incompreensível medida de não se venderem livros afecta principalmente as pequenas livrarias, já de si com uma estabilidade muito fragilizada pelos nossos cada vez menores hábitos de leitura. A RELI – Rede de Livrarias Independentes é uma das associações de livrarias que tentam sensibilizar para o enorme drama vivido pelas livrarias associadas e não só. Nesta rede, temos livrarias de norte a sul e se quiseres comprar um livro, e embora as redes de lojas internacionais ofereçam grandes descontos e descontos em cartão, compra numa destas livrarias. Pode ser um ou dois euros mais caro, mas é importante que demos vida a estas livrarias e não as deixemos morrer. 

Falando em livros, eu ando à procura da Teoria das Cordas do David Foster Wallace, editado pela Bazarov. O David Foster Wallace foi um dos grandes escritores norte-americanos, apaixonado pelo ténis, com uma capacidade descritiva e minuciosa incrível, com uma percepção impressionante do “eu” e da fragilidade do ser humano, com todas as suas vicissitudes. Um dos momentos mais bonitos da vida foi quando deu o discurso “This is Water” em 2005.

Para quem gosta de poesia, a Relógio d’Água editou três livros da poetisa Louise Glück, Nobel da Literatura de 2020. A Íris Selvagem (tradução de Ana Luísa Amaral), Averno (tradução de Inês Dias), Noite Virtuosa e Fiel (tradução de Margarida Vale de Gato) e a Uma Vida de Aldeia (tradução de Frederico Pedreira). Foi a primeira vez que a obra de Glück foi editada em Portugal e será interessante fazer o exercício de leitura de poesia com estas edições.

No mundo dos streamings, já muito se falou do Soul (Disney +) e da oferta infinita que existe nos mais variadíssimos canais. Ainda ontem vi Locked Down de Steven Knight (que criou também a incrível série Peaky Blinders) e recomendo a quem quiser rir das pequeníssimas coisas que marcaram o confinamento. Mas nem tudo passa pelo streaming. Com a qualidade de séries e filmes que a RTP (1 e 2) nos tem brindado, com produções nacionais como Crónica dos Bons Malandros ou Até que a vida nos separe, ou as séries que começam às 22h01 na RTP 2 durante a semana, parece-nos que estamos bem servidos em canal aberto. Mais sugestões no nosso artigo aqui.

E por estes tempos, ando a revisitar o Boxer (2007) dos The National, num misto de saudade e melancolia. A consumir com moderação:

Não podemos deixar de destacar e de apelar à solidariedade. Há famílias que precisam de alimentos, de roupas, de comida para animais. Há várias possibilidades de contribuir, quer seja através do Banco Alimentar contra a Fome, União Audiovisual, Caritas, ou muitas vezes nas próprias associações em bairros e freguesias. 

Mantenham-se em segurança. 

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