Os 25 melhores livros de 2019

por Comunidade Cultura e Arte,    28 Dezembro, 2019
Os 25 melhores livros de 2019
Ilustração de Carlota Real / CCA
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Em todas as listas de final de ano se diz que o ano em questão foi recheado, e esta não vai ser excepção. De obras novíssimas a novas antologias, ou, como não podia deixar de ser, obras recentes que alargam as fronteiras do meio, 2019 teve de tudo, até obras do passado que nos encaram agora com diferentes olhos. Para separar o trigo do joio, cinco dos nossos críticos destacaram, cada um, cinco livros marcantes do ano que passou.

Uma Solidão Demasiado Ruidosa, de Bohumil Hrabal (Antígona)

O dia-a-dia de Haňta, o protagonista, consiste essencialmente em prensar papel e beber grandes jarros de cerveja. Neste ofício, passam-lhe pelas mãos centenas, milhares, de livros. Esta prosa, narrada na primeira pessoa, constitui uma maravilhosa digressão pelo que constitui a literatura, a leitura e a memória, dotada de um humor irresistível e de uma fluidez intelectual impressionante, elevando a laboriosa actividade que é a leitura séria, empenhada, que acrescenta dores de cabeça em vez de as distrair.

Uma Solidão Demasiado Ruidosa, de Bohumil Hrabal (Antígona)

Para acabar de vez com o juízo de Deus e outros textos finais (1946-1948), de Antonin Artaud (Flop)

Edição da Flop, com um grafismo arrojado que nos relembra porque é que ainda faz sentido coleccionar livros em papel, esta compilação de textos escritos por Antonin Artaud entre 1946 e 1948 foi um dos lançamentos mais importantes de 2019 no nosso pequeno mercado editorial. Reunindo alguns dos textos mais interessantes do autor, como a emissão de rádio (nunca concretizada porque proíbida) que intitula a publicação, o Teatro da Crueldade ou Artaud, o Momo, é um livro absolutamente sanguíneo, provocador e desconcertante. Com uma excelente nota de abertura do tradutor, Pedro Eiras.

Para acabar de vez com o juízo de Deus e outros textos finais (1946-1948), de Antonin Artaud (Flop)

As Armas Secretas, de Julio Cortazar (Cavalo de Ferro)

As Armas Secretas é o terceiro livro de contos publicado por Julio Cortázar, em 1959. Menos politizado do que se viria a tornar anos mais tarde, o argentino domina já o conto como muito poucos o fizeram, com narrativas eximiamente orquestradas, levando o leitor num xadrez encantatório, como quem joga a um jogo feito de palavras e linguagem. Um dos cinco contos que o compõem, As Babas do Diabo, foi a inspiração para o clássico de Michaelangelo Antonioni Blow Up.

As Armas Secretas, de Julio Cortazar (Cavalo de Ferro)

O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração – Obra Reunida, de Rui Caeiro (Maldoror)

Em 2019, ano da morte do poeta, a Maldoror lançou esta bonita edição da obra de Rui Caeiro. Passando demasiado despercebido do grande público, em parte por vontade própria (talvez sempre com muito pouca vontade de vir parar a listas deste género), reúne uma das obras mais singulares e interessantes da poesia portuguesa. O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração é uma boa forma de adquiri-la e de o comprovar.

A Chama, de Leonard Cohen (Relógio D’Água)

Cohen, que deixou a sua carreira discográfica resolvida com um conclusivo You Want it Darker, acabou por não assistir à publicação do seu último livro. A selecção e a organização dos poemas seguiu, no entanto, as suas rigorosas orientações. A escolha do título coube ao filho, Adam Cohen, a edição é da Relógio D’Água. Um guia de símbolos, de poemas e de canções para enfrentar a dureza da vida com honestidade e elegância, A Chama é o último sopro deste espírito singular que nos deixou com tanto por aprender.

O Sangue a Ranger nas Curvas Apertadas do Coração – Obra Reunida, de Rui Caeiro (Maldoror)

Escolhas de David Calão

Betão, de Thomas Bernhard (Minotauro)

Thomas Bernhard é uma das figuras mais polarizantes da literatura austríaca, daqueles escritores que contêm em si um tremendo ódio por aquilo sobre o qual escrevem, ao mesmo tempo que lhes teria sido impossível escrever se não houvesse algo que pudessem odiar. Betão acompanha um escritor incapaz de começar a escrever a obra que planeia há anos, encontrando constantemente inúmeras razões para adiar este início, à medida que este se apercebe que, afinal, tudo aquilo que lhe suscita uma reacção violenta é indispensável à sua sobrevivência.

Betão, de Thomas Bernhard (Minotauro)

Se o Disseres Na Montanha, de James Baldwin (Alfaguara)

James Baldwin tem-se tornado cada vez mais um autor incontornável da literatura americana, tendo voltado recentemente a ganhar o relevo que as últimas décadas lhe haviam escondido. Se o Disseres Na Montanha é o seu primeiro livro, marcadamente autobiográfico, sobre a infância e adolescência de um jovem negro no Harlem nova iorquino dos anos 30 do século passado, em particular a difícil relação com o seu violento padrasto, pastor da igreja Pentecostal.

Se o Disseres Na Montanha, de James Baldwin (Alfaguara)

Um Sétimo Homem, de John Berger (Antígona)

Como o próprio autor refere no prefácio que escreveu para a reedição inglesa da obra em 2010, apesar de completamente desactualizado estatisticamente, Um Sétimo Homem é um daqueles livros que, mais até do que ter mantido a sua pertinência, ganhou relevância com o passar do tempo. Num tempo em que a retórica anti-imigração assume novos patamares, este retrato da vida de um migrante colectivo é mais relevante que nunca.

Um Sétimo Homem, de John Berger (Antígona)

Regresso a Reims, de Didier Eribon (D. Quixote)

Como entender que as zonas fabris do norte de França, outrora bastiões do Partido Comunista Francês, sejam agora o bastião da ex-Front National (agora Rassemblement National), de Marine Le Pen? Didier Eribon, sociólogo francês que, para conseguir a sua liberdade e a plena assunção da sua sexualidade, deixara para trás a sua família para se estabelecer entre a elite parisiense, regressa às suas origens operárias para tentar entender este fenómeno. Como puderam os seus pais trocar o foco de esperança no futuro por um de ressentimento?

Regresso a Reims, de Didier Eribon (D. Quixote)

As Passagens de Paris, de Walter Benjamin (Assírio & Alvim)

Walter Benjamin suicidou-se como forma de escapar aos nazis sem nunca ter completado o seu grande projecto de, partindo das passagens de Paris, abarcar por escrito todo o modernismo e a vida no final do século XIX na capital francesa. Os diversos manuscritos deste projecto foram posteriormente resgatados e publicados neste tomo massivo que, apesar de assustador, contém uma das obras literárias mais ambiciosas do século XX.

As Passagens de Paris, de Walter Benjamin (Assírio & Alvim)

Escolhas de Miguel Fernandes Duarte

Memórias, Sonhos, Reflexões, de Carl Gustav Jung (Relógio d’Água)

Publicada em 1962, só agora é que a edição portuguesa da biografia do pai da psicologia analítica, lançada em Julho [2019], chegou às nossas livrarias pela editora Relógio D’água. Recordamos, dessa forma, o livro organizado por Aniela Jaffé com a contribuição do próprio Jung. Assim sendo, o que nos é apresentado é uma obra que nos conta uma biografia interior, dando primazia aos sonhos, ao pensamento e imagens da sua mente. Segundo Jung, a melhor forma de se ser honesto. Aqui fica a sugestão para se conhecer mais sobre a vida de uma das mentes brilhantes do séc.XX que revolucionou a psicologia.

Memórias, Sonhos, Reflexões, de Carl Gustav Jung (Relógio d’Água)

Anne Frank: The Collected Works, de Anne Frank Foundation (Bloomsbury)

A pespineta Anne Frank provou-nos que, afinal, é possível alguém interessar-se pelos devaneios de uma menina de 13 anos. E sim, as palavras rompem com as fechaduras das portas que, à partida, nos parecem trancadas. 90 anos após o nascimento de Annelies, Anne Frank: The Collected Works apresenta-nos, pela primeira vez, numa edição preparada pela Anne Frank Foundation de Basil, a versão A, a original, sem as edições feitas pela própria e por Otto, seu pai, juntamente com textos e artigos contextualizadores da vida dos Frank, sem esquecer as cartas e outros escritos da autoria da adolescente.

Anne Frank: The Collected Works, de Anne Frank Foundation (Bloomsbury)

Demian, de Hermann Hesse (D. Quixote)

Há 100 anos, em 1919, o escritor alemão Hermann Hesse lançava Demian sob o heterónimo Emil Sinclair. Tratava-se de uma época, ela própria, sui generis porque Nietzsche tinha falecido há apenas 19 anos; a humanidade já havia passado pela Grande Guerra; A Interpretação Dos Sonhos, de Freud, já tinha sido lançada [1900] e Jung já havia baptizado a Psicologia Analítica. É a despedida de um mundo antigo para se dar lugar ao desenvolvimento e à nova configuração mundial que o século XX traria. Psicologia, filosofia, guerra e misticismo marcam assim esta obra relançada este ano pela Dom Quixote.

Demian, de Hermann Hesse (D. Quixote)

Estão Podres as Palavras, antologia de Jorge de Sena (Língua Morta)

Com a organização da crítica e ensaísta Teresa Carvalho, em parceria com o poeta e tradutor José Manuel de Vasconcelos e com o crivo da editora Língua Morta, Estão Podres as Palavras é uma antologia da obra de Jorge de Sena, no ano em que celebra o centenário do seu nascimento. Com apenas 400 exemplares disponíveis, a antologia contém textos há muito por reeditar, como a Carta a um Jovem ou o prefácio de A Quibíricas, de Grabato Dias. Dá, igualmente, destaque a crónicas, teatro, textos ficcionais ou ideológicos, não esquecendo a relação com as artes em geral.

Estão Podres as Palavras, antologia de Jorge de Sena (Língua Morta)

Essa Gente, de Chico Buarque (Companhia das Letras)

Vencedor do Prémio Camões 2019, este foi o ano em que Chico Buarque nos presenteou com o romance Essa Gente pela chancela da Companhia das Letras . E digo presentear porque já desde 2014 que o artista não lançava uma nova obra. Se Budapeste teve o seu foco num escritor fantasma, desta vez conhecemos Manuel Duarte, outro escritor em plena crise financeira e pessoal, e a sua demanda por terminar um livro que parece nunca chegar ao seu fim – o terror de qualquer pessoa que escreve. Em forma de diário, Chico Buarque tentou, igualmente, focar o enredo no Brasil actual e seus problemas socias.

Essa Gente, de Chico Buarque (Companhia das Letras)

Escolhas de Ana Isabel Fernandes

Sabrina, de Nick Drnaso (Porto Editora)

É pouco provável ficar indiferente à melancolia, solidão e angústia de SabrinaNick Drnaso utiliza os silêncios como poucos o consegue e, tal como a ausência de Sabrina Gallo, é o silêncio que mais se impõe. As possibilidades próprias da narrativa gráfica exponenciam a ausência de comunicação e as elipses, de desenho para desenho, fazem do silêncio o que a narrativa romanesca dificilmente conseguiria.

Sabrina, de Nick Drnaso (Porto Editora)

Lanny, de Max Porter (Elsinore)

Max Porter, autor do singular O Luto é a Coisa Com Penas, merece ser lido com especial atenção. A estranheza na prosa e na estrutura dos seus livros separam-no do expectável e, se O Luto É a Coisa Com Penas rompe com a definição de romance, Lanny vai ainda mais longe. É energia crua que percorre a espinha. Crua e dura. O leitor trabalhe para decifrar a escrita de Max Porter. Descobrirá maravilhas.

Lanny, de Max Porter (Elsinore)

Leonardo Da Vinci, de Walter Isaacson (Porto Editora)

Esta monumental obra de Walter Isaacson procura dar a conhecer um dos maiores génios da humanidade. Biografia de 671 páginas tem como base os cadernos de Leonardo da Vinci, estabelecendo, a partir daí, conexões com as suas obras e vida. São 7200 páginas de anotações e rabiscos que revelam, pela mão do autor renascentista, a dimensionalidade do seu génioOs seus cadernos são o maior manancial de curiosidades alguma vez criado, um guia espantoso para a pessoa que o eminente historiador de arte Keneth Clark denominou como “o homem mais insaciavelmente curioso da história”. Uma biografia imperdível.

Leonardo Da Vinci, de Walter Isaacson (Porto Editora)

São Paulo, a biografia, de N.T. Wright (D. Quixote)

N. T. Wright, bispo anglicano estudioso do Novo Testamento, leva-nos a conhecer o pensamento de São Paulo através das vicissitudes da sua vida. A Estrada de Damasco é pedra angular da filosofia deste homem que, de zeloso fariseu e perseguidor de cristãos, se transformou em devoto seguidor de Jesus. O autor procura conhecer o homem por trás dos textos, incluindo “toda a informação relevante dentro de um enquadramento tão simples quanto possível.” E sem cair num tom laudatório. São Paulo, a biografia é um documento importante para quem procura “entrar na mente, no entendimento, na ambição (se é esta a palavra) do apóstolo Paulo, conhecido antes por Saulo de Tarso.

São Paulo, a biografia, de N.T. Wright (D. Quixote)

Serotonina, de Michel Houellebecq (Alfaguara)

Embalado pelo doce sarcasmo de um misógino, o leitor ri-se de vergonha alheia. Michel Houellebecq dá-nos Serotonina para nossa felicidade. Floren-Claude Labrouste é um homem que vive no inferno feito por ele à sua conveniência. A descoberta de vídeos eróticos em que sua namorada pratica sexo com animais ajudou-o cair na misantropia. Detesta-se e detesta os outros. O que seria uma negra e pesada prosa é antes uma sarcástica e bem-humorada crónica dos nossos dias, um grande livro de um autor que sabe como poucos administrar polémica.

Serotonina, de Michel Houellebecq (Alfaguara)

Escolhas de Mário Rufino

No Passado e No Futuro Estamos Todos Mortos, de Miguel Esteves Cardoso (Porto Editora)

“A vida não é a melhor coisa que temos: é a única”, escreve o autor na abertura do livro. Publicado em julho deste ano, pela Porto Editora, é uma reflexão não sobre a morte, mas sobre a vida. Tudo o que vem antes ou depois da nossa vida é insignificante, é nada. Em textos que não ultrapassam uma página, divididos em vários capítulos-chapéu, como Tempos, Alegrias, Desvios e Portuguesices, Miguel Esteves Cardoso serve-nos uma maneira de dar valor à vida, pensando nela. Como escreve, “às vezes é melhor não pensar e só ler.”

No Passado e No Futuro Estamos Todos Mortos, de Miguel Esteves Cardoso (Porto Editora)

O macaco bêbedo foi à ópera – Da embriaguez à civilização, de Afonso Cruz (Fundação Francisco Manuel dos Santos)

Fazendo parte da coleção da Fundação Francisco Manuel dos Santos, este livro une a paixão do escritor Afonso Cruz por cerveja ao retrato humano. Neste pequeno livro, publicado em maio, o autor descreve o desenvolvimento da espécie humana, com o álcool num papel importantíssimo. Não há história contada assim. Desde o macaco que pega no fruto que caiu ao chão, maduro, fermentado, com cheiro a álcool, ao Homem de hoje, dito civilizado, que se veste e vai à ópera. A cerveja veio antes do pão, por isso ela acompanha o Humano em todos os tempos, onde a “insaciabilidade do macaco bêbado” faz os livros de História crescer.

O macaco bêbedo foi à ópera – Da embriaguez à civilização, de Afonso Cruz (Fundação Francisco Manuel dos Santos)

entre o deserto e a montanha, de Gonçalo Câmara (Emporium Editora)

De vez em quando, Gonçalo Câmara declama, declama poemas, na rádio, onde trabalha. Nas redes sociais, os poemas, agora escritos à máquina, são o pão de cada dia. Em setembro, deu o salto e publicou, com a jovem editora Emporium, o seu primeiro livro de poesia – “entre o deserto e a montanha”. É assim mesmo o título: só com minúsculas. É assim que o autor quer que os leitores se entendam: pequenos e sem grandes exageros. Não se trata de poesia de viagem, mas em viagem. Poemas extensos misturam-se com versos soltos e haikus. O objetivo é ter um bom ritmo de leitura.

entre o deserto e a montanha, de Gonçalo Câmara (Emporium Editora)

Leva-me contigo, de Afonso Reis Cabral (D. Quixote)

Com 29 anos, o autor que venceu este ano o Prémio José Saramago, pelo livro Pão de Açúcar, juntou-se mais uma vez à D. Quixote e publicou Leva-me contigo. É neste livro que relata o trajeto que completou ao palmilhar a estrada Nacional 2 de uma ponta à outra: de Chaves a Faro. São 738,5 km feitos em 24 dias. É hoje uma estrada alternativa, muitas vezes desprezada e também perigosa, mas é a maior estrada de Portugal e a terceira do mundo. O percurso é-nos contado com leveza e reflexão, onde os atos de solidariedade sobressaem. Cada trecho do percurso é acompanhado do nome das localidades, de um mapa, do número de quilómetros andados e os que faltam, e ainda de comentários das pessoas que acompanharam Afonso Reis Cabral via Facebook, onde todas as noites publicava a crónica do dia. É uma boa maneira de conhecer o nosso país, as paisagens e as pessoas, antes de partirmos ao seu encontro. Um documentário deste caminho sairá em breve.

Leva-me contigo, de Afonso Reis Cabral (D. Quixote)

A Imortal da Graça, de Filipe Homem Fonseca (Quetzal)

O cenário é o coração histórico de Lisboa. A capa do mais recente livro de Filipe Homem Fonseca, alfacinha também ele, traz dois corvos, tal como os que figuram no brasão da cidade. Mas de negro, como corvos, também andam as gémeas Gorete e Manuela – ou tentam andar. Lutando pelo posto mais alto na hierarquia do bairro – o de mais velha, o de Número 1 -, ninguém pode sair das redondezas, nem mesmo para levantar o prémio do Euromilhões. O bairro está em obras e as pernas já não ajudam. É preciso umas quantas placas de madeira no chão para as rodas das motoretas elétricas as levarem aos sítios. Num espelhar da realidade atual, em que atores de Hollywood compram as casas lisboetas a preços exorbitantes, a história anda muito à volta de Graça, que tem o mesmo nome que o local onde a história se passa. Graça é o elemento mais jovem e dama de companhia da Número 1. Pouco a pouco, assistimos a uma cidade esburacada, que se tenta pôr bonita para sair. Neste livro publicado em fevereiro, pela Quetzal, o assombro e a beleza misturam-se.

A Imortal da Graça, de Filipe Homem Fonseca (Quetzal)

Escolhas de Magda Cruz

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