O que podes ver na grande exposição do artista Escher em Lisboa

por Sara Camilo,    27 Novembro, 2017
O que podes ver na grande exposição do artista Escher em Lisboa
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O Museu de Arte Popular, em Lisboa, tem o prazer de ser a casa para uma das exposições mais aguardadas do ano, acolhendo as esplêndidas obras do artista holandês M.C.Escher. A exposição tem curadoria da produtora de exposições de arte Arthemisia, e abriu portas para o público no passado dia 24 de Novembro, ficando patente até 27 de Maio de 2018.

Esta exposição reúne e apresenta mais do que 200 obras do artista, entre elas as xilogravuras, litografias, pelo qual, Escher, é mais conhecido. Exposição com curadoria de Mark Veldhuysen, representante da M.C.Escher Company, e Federico Giudiceandrea, coleccionador italiano e especialista em Escher.

Algumas destas obras já tinham sido exibidas em Portugal. Em 2010 a exposição “A magia de M.C.Escher”, em Évora, desenvolvida pela Fundação Eugénio de Andrade, reuniu também cerca de 50 obras do artista.

Escher apesar de ter nascido a 1898, no século XIX, a sua influência encontra-se reflectida até aos dias de hoje, em diferentes formas. Desde um genérico dos Simpsons, como a exploração de diferentes realidades estruturais como nos filmes Labyrinth (1986) ou Inception (2010), as famosas escadas nos filmes e livros do Harry Potter; passando pela música, com a capa da mítica banda Pink Floyd de 1969; nos videojogos Sonic, em muitos videoclipes até chegar também à publicidade, no caso de anúncios do IKEA. A exposição mostra-nos todas estas coisas porque percorre o caminho de Escher com o mundo, e o mundo com Escher.

Escher foi muitas vezes um artista incompreendido, principalmente pela crítica da altura, no entanto acabou por vingar e torna-se num artista sólido. O público reconhece até aos dias de hoje o seu brilhantismo, e admira a grande agilidade e mestria que expressou nas suas obras. Escher ganhou primeiro atenção entre os matemáticos, mas não foi muito bem recebido pelos artistas, já que achavam que a sua estética era demasiado metafísica e fria. Mesmo assim o artista continuou a dedicar-se ao seu trabalho e deixou de parte as opiniões e continuou a partilhar a sua visão sobre o mundo.

“I am a graphic artist heart and soul, though I find the term “artist” rather embarrassing.” M.C.Escher

Maurits Cornelis Escher sempre foi um assumido amante das ciências matemáticas, gostava tanto dela que sempre que possível expressava a sua arte através da sua participação clara. As suas gravuras exactas mas labirínticas misturam-se em vários temas desde as belas paisagens do sul de Itália, como a presença de grandes felinos, animais mitológicos, castelos flutuantes, coisas com asas, lagartos que se transformam em pássaros, homens que se transformam em animais, peixes que voam, e muitas muitas escadas.

Escher transforma o mundo em algo complexo, cheio de pequenos pormenores, padrões, linhas e percursos. A exposição está organizada de forma cronológica, de acordo com o surgimento das obras na vida do criador. Conforme vamos percorrendo o espaço descobrimos bastantes jogos interactivos, bem como pequenas salinhas que possibilitam a interacção individual ou colectiva, com diversos elementos visuais. Todas estas coisas que vamos experimentando, permitem que entendamos melhor o seu trabalho e no nosso próprio tempo e ritmo.

As paisagens em plano geral, as flores, os ambientes naturais, a fauna a flora de um local, foram as primeiras coisas que influenciaram Escher, mais tarde transformou-as em algo geométrico, abstracto, preciso, pensado e sentido. Mostra também que a primeira parte da exposição tem influência clara, do seu mestre Samuel Mesquita, que foi seu professor na escola de Artes Decorativas e Arquitectura de Haarlem, na Holanda. Escher aprendeu a mestria de técnicas de litografia e gravura através de Samuel. A visita ao sul de Espanha levantou esta onda de inspiração nos trabalhos dos artesãos muçulmanos do século XIV, reparamos na influência da cultura mourisca, os padrões repetidos, as cores, os espaços preenchidos com um mesmo padrão.

Uma mais valia da exposição são os seus ambientes escuros, que interagem com a luz de forma peculiar, possibilitando uma ideia diferente de ver as formas e cores, realçando também os contornos que Escher nos deixou desenhados. De paredes escurecidas entre os vermelhos e negros, entendemos esta ideia de construir e desconstruir as estruturas e que vão mudando conforme o ângulo de visão, tal como as obras de Escher.

A exposição está no Museu de Arte Popular até 27 de Maio do próximo ano, todos os dias das 10 às 20 horas. O preço normal do bilhete é de 11 euros, havendo alguns descontos para crianças (9 euros) e para estudantes universitários (8 euros, apenas à segunda-feira).

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