Recentemente tem-se falado muito (e bem) dos plásticos. Por exemplo, e segundo dados de um estudo divulgado pela National Geographic, “91% é a percentagem de plástico que não é reciclado [em todo o mundo].” No entanto, e agora tentando criar um paralelismo com a realidade europeia e portuguesa, há muita gente a lucrar com a boa vontade, dever cívico e o contornar da lei. Ora vejamos:
Numa pesquisa rápida pelo google deparei-me com o seguinte título de uma notícia: “União Europeia quer reduzir uso dos sacos de plástico até 2019”. Até aqui tudo bem: novas políticas para enfrentar novos desafios. Mas, o que me espantou foi depois o que li ao abrir o link da notícia, onde um jornalista da RTP entrevista Susana Fonseca, da associação ZERO, e que disse o seguinte e passo a citar: “Desde 2014 que temos uma lei e temos de perceber como é que essa lei está a ser implementada e esses dados não existem…a lei era aplicada a um tipo especifico de saco [menos de 0.050mm de espessura] entretendo o mercado foi-se adaptando e os sacos que hoje em dia adquirimos nos supermercados já não entram nessa lei (…) neste momento a taxa [que surgiu com a lei de 2014] praticamente não está a ser cobrada porque os sacos que estão à venda nos supermercados não se enquadram na lei (…) inicialmente, o que a lei previa era que quando comprasse o saco estava a pagar uma taxa para o Estado (…) agora, como os sacos têm espessura inferior os supermercados não tem de pagar nada a não ser o IVA.”
Conclusão: todo o dinheiro que pagamos pelos sacos de plástico vai direitinho para o supermercado. No entanto, e convém destacar esta ideia, a lei que nasceu em 2014 deu-nos a consciência de um problema (foi benéfica) e agora todos nós, de uma forma ou de outra, reduzimos o consumo de sacos, uma vez que temos de os pagar. Segundo Carmen Lima, da Quercus, “com a aplicação desta taxa houve uma redução em cerca de 50% dos sacos que eram vendidos nas grandes superfícies, mas o grande problema é que problema continua a manter-se nos outros locais”, refere Carmen Lima. Já a ideia de Susana Fonseca, da associação ZERO, é de que a taxa adicional seja aplicada a todos os sacos descartáveis e de que esse imposto deva reverter para projectos de sensibilização e para encontrar alternativas ao plástico.
Agora, se “União Europeia quer reduzir uso dos sacos de plástico até 2019” espero também que as empresas não tentem contornar a lei só para retirar lucro de pessoas menos conscientes de um problema tão grave como este. A responsabilidade social das organizações também passa por aqui e não só e apenas para aparecer em publicidade ou campanhas de marketing para maquilhar.
Já nós como consumidores também temos a nossa cota parte de responsabilidade e se formos conscientes podemos alterar hábitos e por consequência ajudar a mudar o mercado.
Curiosidade: de acordo com um estudo divulgado pela National Geographic, um saco de plástico tem em média uma vida útil de apenas 15 minutos. Se calhar quase o mesmo tempo que demoraste a ler este artigo.
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