“O Meu Sangue”: série documental portuguesa sobre a menstruação

por Espalha-Factos,    3 Março, 2020
“O Meu Sangue”: série documental portuguesa sobre a menstruação
O Meu Sangue
PUB

O Meu Sangue é uma minissérie documental acerca da menstruação, criada por Tota Alves e Victor Ferreira. Estreia no RTP Play a 4 de março e é uma produção original do RTP Lab.

Em três episódios de oito minutos, os criadores desta série querem mostrar que a menstruação não deve ser um assunto tabu. Nesta série, vemos sangue menstrual e ouvimos testemunhos de mulheres, homens, e até crianças.

Pessoas de todo o país, de diferentes idades e géneros, falam abertamente sobre a sua experiência com a menstruação, com dores menstruais, relações sexuais e o corpo. De um homem com útero, passando por uma senhora cega, a uma ativista que fala de úteros sem tabus no Instagramesta série promete diferentes perspetivas acerca da menstruação.

Além de querer trazer este assunto para discussão, O Meu Sangue quer mostrar que a menstruação não deve ser olhada com repúdio ou nojo, já que é algo natural.

No site da RTP, somos convidados a conhecer a série, lendo primeiro as seguintes palavras:

“Nos anúncios vemos pernas esbeltas, cuecas branquinhas e sangue azulado. A justificação em torno do secretismo menstrual deve-se à alegada repugnância associada ao período. Mas levanta-se a questão: como é que algo tão natural, que gera vida, pode causar repúdio ou nojo?”

Ao Público, Tota Alves disse que quis dar “protagonismo” ao sangue para o “normalizar”. “Sempre deixei muito claro que queria filmar o sangue menstrual. Filmá-lo enquanto sangue verdadeiro”, explicou à mesma publicação.

Um dos estímulos para O Meu Sangue foi uma série de fotografias de Rupi Kaur, que mostram o quotidiano de uma pessoa com período, e foram por duas vezes censuradas pelo Instagram.

 

Ver esta publicação no Instagram

 

thank you @instagram for providing me with the exact response my work was created to critique. you deleted a photo of a woman who is fully covered and menstruating stating that it goes against community guidelines when your guidelines outline that it is nothing but acceptable. the girl is fully clothed. the photo is mine. it is not attacking a certain group. nor is it spam. and because it does not break those guidelines i will repost it again. i will not apologize for not feeding the ego and pride of misogynist society that will have my body in an underwear but not be okay with a small leak. when your pages are filled with countless photos/accounts where women (so many who are underage) are objectified. pornified. and treated less than human. thank you. ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀⠀ ⠀ this image is a part of my photoseries project for my visual rhetoric course. you can view the full series at rupikaur.com the photos were shot by myself and @prabhkaur1 ⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀ ⠀ i bleed each month to help make humankind a possibility. my womb is home to the divine. a source of life for our species. whether i choose to create or not. but very few times it is seen that way. in older civilizations this blood was considered holy. in some it still is. but a majority of people. societies. and communities shun this natural process. some are more comfortable with the pornification of women. the sexualization of women. the violence and degradation of women than this. they cannot be bothered to express their disgust about all that. but will be angered and bothered by this. we menstruate and they see it as dirty. attention seeking. sick. a burden. as if this process is less natural than breathing. as if it is not a bridge between this universe and the last. as if this process is not love. labour. life. selfless and strikingly beautiful.

Uma publicação partilhada por rupi kaur (@rupikaur_) a

Um quotidiano marcado pela cor vermelha da matéria que mancha as roupas e os lençóis, que ensopa os pensos higiénicos e que escorre pela pele. O sangue que tantas pessoas estão habituadas a ver, mas que é escondido e do qual não se fala.

Assim, O Meu Sangue promete falar abertamente sobre a menstruação, sem tabus e sem clichés, para que deixemos de segredar sobre um tema tão importante. Estreia-se a 4 de março, às 12h, no RTP Play.

Este artigo foi escrito por Carolina Correia e foi originalmente publicado em Espalha Factos.

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.