O lado humano de Stephen Hawking

por José Malta,    25 Outubro, 2017
O lado humano de Stephen Hawking
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Pela primeira vez a Universidade de Cambridge disponibilizou a tese de doutoramento de Stephen Hawking, defendida em 1966, intitulada Properties of expanding universes. Tal publicação levou à quebra do site da instituição, devido ao intenso número de visitantes que procurava aceder ao primeiro grande manuscrito daquele que é hoje um dos maiores ícones da ciência. Professor Lucasiano da mesma Universidade (cargo máximo atribuído pela instituição no que diz respeito à docência da Matemática) entre 1979 e 2009, a história de vida e o contributo científico de Stephen Hawking quase que dispensam apresentações. Uma referência para a ciência enquanto físico teórico e cosmólogo, bem como para a humanidade enquanto pessoa e lutador contra a esclerose lateral amiotrófica, a procura massiva e o crash do site da instituição justificam-se pelo facto de um dos maiores físicos e mais brilhantes carismáticos físicos contemporâneos que se doutorou com apenas 24 anos.

Seria expectável o efeito gerado pela divulgação da tese de Stephen Hawking. Na altura em que se preparava para terminar o seu doutoramento, já lhe teria sido diagnosticado a doença que o marcaria para toda a vida e que posteriormente o deixaria preso a uma cadeira de rodas comunicando através de um computador. A verdade é que Stephen Hawking contrariou tudo e todos, até mesmo os médicos que apenas lhe davam apenas mais uns meros anos de vida. No famoso livro A Minha Breve História e no filme A Teoria de Tudo, constam bem as dificuldades que Stephen Hawking encontrou para acabar a tese que lhe valeria o grau de Doutor. A sua vasta obra de divulgação científica contagiou aqueles que procuraram saber mais sobre a ciência e também sobre a história de vida deste físico. Hoje, com 75 anos completados em Fevereiro, Stephen Hawking não pretende parar e a divulgação da sua tese de doutoramento passados mais de 50 anos é a prova disso. São 134 as páginas que marcam o primeiro grande feito na carreira científica de Stephen Hawking. O próprio pretende, com o acesso livre ao seu manuscrito, “Inspirar as pessoas ao redor do mundo a procurar as estrelas e não a seus pés; para se perguntar sobre o nosso lugar no universo e para tentar fazer sentido do cosmos.” dizendo ainda que “Qualquer um, em qualquer lugar do mundo, deve ter acesso livre e sem obstáculos a todas as grandes pesquisa e ideias no espectro da compreensão humana.” Com isto Stephen Hawking pretende assim continuar a inspirar pessoas divulgando o seu trabalho e as suas ideias.

Esta é mais uma prova de que Stephen Hawking, mais do que um cientista, pretende assumir-se acima de tudo como ser humano. Ateu convicto, pois segundo o próprio “o universo é governado pelas leis da ciência que até podem ter um criador mas esse mesmo criador nunca terá o poder para refutar tais leis” e também porque “se Deus existisse não teria necessidade de criar Universos diferentes”, a sua contribuição enquanto físico, matemático e cosmólogo valeu-lhe inúmeros prémios e condecorações. O próprio tem ainda um astro com o seu nome: o asteroide 7672 Hawking situado na cintura de asteróides. Destacam-se ainda as principais publicações de divulgação científica como Uma Breve História do Tempo, O Universo numa Casca de Noz, Uma Nova História do Tempo ou ainda O Grande Desígnio. O lado humano de Stephen Hawking é de tal grandiosidade que este permitiu que a sua voz computacional estivesse presente em canções como Keep Talking dos Pink Floyd bem como em episódios de diversas séries com The Simpsons, Futurama ou a famosa série The Big Bang Theory, tudo sob sua autorização e consentimento, permitindo até que fosse possível alguma brincadeira com a sua impossibilidade motora tudo isto dentro dos limites. Stephen Hawking demonstra assim mais uma vez, ao divulgar a sua tese de doutoramento publicamente, que as suas qualidades em quanto ser humano se elevam acima de todas as suas outras e que é possível ser-se cientista e ter ao mesmo tempo um enorme lado humano. Porque é nesse lado humano que se conseguem encontrar os verdadeiros cientistas.

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