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O império livreiro da família Blackwell

por Lucas Brandão
20 Junho, 2018
em Literatura
O império livreiro da família Blackwell

Norrington Room. Public Domain

A família Blackwell é uma das mais conotadas no setor livreiro britânico, e não o é por acaso. A referência desta livraria foi-se constituindo desde o século XIX, chegando aos dias de hoje como um suporte destacado da Universidade de Oxford, cidade na qual este negócio familiar deu os primeiros passos. Do seu fundador, Benjamin Henry, até chegar ao filho, Sir Basil Henry, o caminho alcança à atualidade em plena adaptação ao meio digital, mas sem esquecer o legado e as portas que foi abrindo. Dos méritos deste duo, destaca-se Sir Basil como investido cavaleiro pela rainha Isabel II, o único livreiro a alguma vez receber esse estatuto.

As fundações da livraria remontam ao ano de 1879, no ano em que Benjamin Henry Blackwell, nascido a 10 de janeiro de 1849, abriu a B.H. Blackwell’s no dia de ano novo. O seu pai, Benjamin Harris, foi o primeiro livreiro da cidade e fez parte da Temperance Society, um movimento anti-alcoolismo que se dedicava ao fomento da educação autónoma e da leitura privada. De valores marcadamente religiosos, eram abstinentes, criticando os lucros exacerbados do estado com as bebidas alcoólicas. Dessa apetência pela leitura, nasceu a vontade de educar e de empreender em Benjamin, que terminou a sua educação aos 13 anos e se tornou aprendiz do livreiro Charles Richards. Recusada a possibilidade de ser livreiro em Cardiff, no País de Gales, Blackwell iniciou o seu projeto em Oxford, cidade onde nasceu e cresceu.

A Blackwell’s tornou-se numa referência muito familiar e amistosa, que plantava a semente de apreciar os livros e de os manusear, mesmo sem comprar. Com a afluência crescente, necessitou de ampliar as suas instalações, o que aconteceu tanto na cave como nos espaços vizinhos. A fama conduziu Benjamin Henry ao posto de conselheiro liberal da região de Oxford North, na qual foi criticado pelo seu radicalismo e conservadorismo, com valores familiares muito bem definidos.

Por sua vez, Basil Henry Blackwell, nascido a 29 de maio de 1889 e falecido em 9 de abril de 1984, nasceu na cidade inglesa da livraria. As suas fundações permaneceriam seguras em Oxford, onde foi o primeiro membro da família a frequentar a faculdade, a Magdalen College School e a Merton College, na qual beneficiou de uma bolsa de estudos. A sua ligação ao meio académico não cessaria, colaborando vários anos na Oxford University Press, editora desta instituição.

Fotografia de Oxford Daily

Sir Basil começaria a trabalhar com o seu pai em 1913, por indicação do próprio, com quem estaria durante onze anos, até à morte de Benjamin. Nesse ano, em 1924, assumiria a direção da empresa, dois anos depois de fundar a Blackwell & Mott, uma editora criada com o seu amigo Adrian Mott, e que dedicou ao lançamento de autores, como W.H. Auden, Aldous Huxley ou Graham Greene. Os seus préstimos laborais seriam reconhecidos pela própria rainha britânica. Isto em 1956, ano no qual seria o único livreiro a ser nomeado cavaleiro, seguindo as honras de membro honorário da Merton College (1959), a da cidade de Oxford (1970) e um doutoramento honoris causa na encaenia da Oxford University (1979).

Estas considerações advieram do trabalho desenvolvido na venda de livros, sabendo acompanhar as exigências do mercado livreiro, gizando a sua estruturação como uma empresa de renome e de lucros. As suas primeiras funções na livraria foram as de reforçar as iniciativas de publicação, que levariam a que fosse lançado, entre outros, o poema “Goblin’s Feet” (1915), de J.R.R. Tolkien. Esta era uma empresa separada do negócio principal do seu pai, mas seria aglomerado em 1921.

Quando assumiu funções, trabalharia proficuamente com o meio académico, criando uma secção de espaços de especificação científica no ano de 1939. Tomando em linha de conta a importância de tornar a literatura acessível a todos, decidiu lançar uma coleção de William Shakespeare a custos baixos, para além de promover outras obras clássicas da literatura inglesa, embora com uma impressão de maior qualidade. Esses livros seriam protagonistas das estantes de várias instituições académicas, não só nas imediações do então império britânico, mas também norte-americanas, entre outras livrarias.

A reputação internacional tornou-se verificável nos anos 60, já após a notabilização através da investidura como cavaleiro. A rede de ligações que construiu tornou-se cada vez mais ampla e global, sem se esquecer de consolidar a sua presença nacional, com uma maior frequência nos campus universitários. Neste período, criou a Norrington Room, em homenagem a Sir Arthur Norrington, presidente da Trinity College, onde consta uma estante de cinco quilómetros, na maior sala de livros à venda do mundo.

Não obstante o estatuto que a livraria da sua família havia granjeado, o britânico manteve um estilo de vida de classe média, de valores morais perfeitamente definidos, embora mais flexíveis do que os do seu progenitor. Sir Basil viria a partir aos 94 anos de idade, na cidade onde nasceu, deixando duas filhas e netos, dos quais Julian se tornaria o detentor do Blackwell Group e Nigel o gestor do setor livreiro, que geraria algumas discórdias na intenção de o vender. As intenções de a manter como negócio familiar foram-se esfumando com o interesse de privados, na necessidade de a manter sustentável.

Em mais de sessenta anos de funções profissionais desempenhadas, foi amplo o seu contributo na difusão literária, numa relação muito íntima com o meio académico. Este legado seria continuado no meio digital, em que se tornou na primeira livraria online no Reino Unido, dando acesso a mais de 150 mil obras, consolidando uma expansão há muito prometida. Em 1998, foi aberta uma loja no centro de Londres, na Charing Cross Road, mantendo-se, também, ativa a de Broad Street, em Oxford (ambas com prémios ganhos nos British Book Awards), agora com quatro andares, no qual ainda consta o escritório de Sir Basil. Nos dias de hoje, são quarenta e cinco aquelas que constituem a teia de retalhistas da empresa, vendendo também trabalhos musicais e outros trabalhos artísticos. Entre estas, consta uma loja especializada na indústria de produção de azeite, em Aberdeen.

Atualmente, a Blackwell Bookshop constituiu-se para lá da venda de livros e de periódicos, e abarca mais de sessenta organizações, incluindo de impressão, publicação e distribuição, pelo Reino Unido, sendo algumas delas adquiridas (de Cambridge, as lojas Heffers, em 1999; e as lojas académicas escocesas James Thin, em 2002). O grupo mantém repercussões por todo o mundo, incluindo a formação da Blackwell Book Services, em 2009, nos Estados Unidos. Este conglomerado denomina-se The Blackwell Group e permanece como um dos players mais destacados no mercado livreiro, sendo ainda uma referência académica e técnica nos espaços que mantém. Os objetivos que moveram Benjamin Henry e o seu filho, Sir Basil, permanecem presentes e resistentes, naquilo que é dar e receber na dinâmica de ler e de conhecer.

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Tags: Basil BlackwelllivrariaReino Unido

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