O campo de refugiados de Pikpa, em Lesbos, vai ser despejado

por Comunidade Cultura e Arte,    14 Outubro, 2020
O campo de refugiados de Pikpa, em Lesbos, vai ser despejado
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Pikpa é um espaço de solidariedade auto-organizado e aberto, gerido pela ONG Lesvos Solidarity que tem providenciado acesso a serviços essenciais e assistência a refugiados e requerentes de asilo em Lesbos, na Grécia.

A 25 de Setembro, uma carta do Secretário Geral do Ministério do Trabalho e Assuntos Sociais da Grécia ordenou a evacuação de Pikpa pela polícia de Lesbos até dia 15 de Outubro (amanhã). Na mesma carta, o plano de evacuar o campo de Kara Tepe, o único outro campo em toda a ilha que oferece condições dignas aos refugiados e requerentes de asilo, até ao final do ano foi tornado público.

No dia 8 de Setembro de 2020, um incêndio destruiu o campo de Moria, o maior campo de refugiados da Europa, deixando os seus quase 13 000 habitantes sem abrigo. Desde meio de Setembro, os residentes de Moria foram transferidos para um local temporário onde as condições de vida são deploráveis e onde não existe suficiente proteção nem para os migrantes mais vulneráveis. Os actuais residentes de Pikpa serão também eles transferidos para este campo temporário.

O novo campo não oferece as condições mínimas para um acolhimento digno dos seus residentes, apresentando falhas fulcrais no que toca à proteção, acesso a electricidade, fornecimento de água e saneamento, segurança, etc. Enquanto as condições nos centros de recepção de migrantes não forem dignas, alternativas de acolhimento serão necessárias. Pikpa é um elemento absolutamente essencial na preservação dos direitos dos migrantes tendo, desde 2012, acolhido mais de 30 000 migrantes, entre os quais menores não-acompanhados, vítimas de tortura, mães solteiras, e outras pessoas particularmente vulneráveis.

Até aos dias de hoje, Pikpa funcionou em oposição ao “modelo de Moria”, simbolizando um modo alternativo de acolhimento de refugiados baseado no sentido de comunidade e solidariedade, oferecendo condições seguras e humanas aos seus residentes.

A associação HuBB – Humans Before Borders “repudia peremptoriamente a atitude do governo Grego perante os esforços solidários da sociedade civil. A crescente securitização das fronteiras europeias é inaceitável e o tratamento de migrantes como criminosos indesculpável.“, pode ler-se no comunicado enviado para a nossa redacção e acrescenta ainda que “exige a interrupção imediata do despejo do campo de Pikpa e o apoio dos estados europeus a iniciativas de acolhimento digno como esta, com o objectivo último de evacuar todos os refugiados e requerentes de asilo das ilhas gregas.“.

Juntamente com a Amnistia Internacional, a Médicos Sem Fronteiras e outras 160 organizações e académicos de toda a Europa, a HuBB Humans Before Borders assinou uma carta aberta sobre este tema.

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