Livros que são armas feministas

por Cláudia Lucas Chéu,    12 Novembro, 2020
Livros que são armas feministas
Cláudia Lucas Chéu / Fotografia de Vitorino Coragem
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Os livros devem ser armas. Deixo-vos uma lista de autênticos revólveres literários contra a discriminação de género. 

1. Teoria King Kong, de Virginie Despentes, Orfeu Negro, 2016

Baseando-se na sua biografia, a autora do célebre Baise-Moi contesta os discursos bem-comportados sobre violação, prostituição e pornografia. Um manifesto iconoclasta e irreverente para um novo feminismo: “Escrevo da terra das feias, para as feias, as velhas, as machonas, as frígidas, as malfodidas, as infodíveis, as histéricas, as taradas, todas as excluídas do grande mercado das gajas boas. E começo por aqui para que as coisas sejam claras: não peço desculpa de nada, não me venho lamentar.”

2. Problemas de Género – Feminismo e Subversão da Identidade, de Judith Butler, Orfeu Negro, 2017

Neste livro, que funda a Teoria Queer, Judith Butler apresenta uma crítica contundente a um dos principais fundamentos do movimento feminista: a identidade. Para Butler não é possível que exista apenas uma identidade: esta deveria ser pensada no plural, e não no singular. Ou ainda, não é possível que haja a libertação da mulher se não se subverter primeiro a identidade de mulher.

3. Manifesto Contra-sexual, de Paul B. Preciado, Orfeu Negro, 2019

Com um tom satírico e corrosivo, este livro traça a genealogia das tecnologias que criam a diferenciação sexual, demonstrando como a sua pretensa naturalidade é produzida por tecnologias sociais, políticas e somáticas. O sexo, diz-nos Preciado, não é a base fixa do género: é preciso olhar o corpo e vê-lo como construído; aí poderemos encontrar novos espaços de resistência.

4. Persépolis, de Marjane Satrapi, Bertrand Editora, 2015

É a autobiografia em banda desenhada da iraniana Marjane Satrapi. Quando tinha apenas 10 anos, foi obrigada a usar um véu islâmico numa sala de aula só de raparigas. Nascida numa família moderna e politizada, em 1979 assistiu ao início da revolução que lançou o Irão nas trevas do regime xiita. 25 anos depois, com uma visão politizada, Satrapi quebrou uma série de preconceitos sobre as mulheres islâmicas, revelando as suas condições.

5. As coisas que os homens me explicam, de Rebecca Solnit, Quetzal Editores, 2016

Conjunto de textos em que a desigualdade de género é analisada através de diferentes manifestações de violência contra as mulheres, facilmente observáveis mas quase sempre desvalorizadas pela sociedade em geral. Começando pelo tratamento condescendente até ao silenciamento das mulheres: a descredibilização, a exploração, a agressão física, a violência, a morte.

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