Kerouac e a Geração Beat

por Sara Camilo,    7 Outubro, 2016
Kerouac e a Geração Beat
PUB

Kerouac foi um escritor norte-americano, considerado um dos grandes expoentes da sua geração e líder do movimento literário Beat Generation ou geração beat.

Pela estrada fora chegamos a Outubro, um mês trágico para a geração beatnik. Uma das vidas de um dos líderes da beat generation chega ao fim! Jack Kerouac deixa-nos em 1969, mais precisamente no dia 21, a meio de um belo outono em St. Petersburgo, Florida.

Hoje relembramos o seu espírito criativo, aventureiro e, por vezes, solitário, uma sensação onde ocasionalmente se refugiava para a escrita. Foi nessa mesma antropofobia que também morreu. Bebeu até morrer, sozinho e malfadado. Bebeu os 47 anos da sua existência no mundo, bebeu aquilo que restava do seu ego, disse o adeus e deixou-nos as suas obras que perduram até aos dias de hoje.

Homem audaz, sensível e criativo, escreveu sobre a vida e os excessos. E viveu-os um a um. Estava rodeado por um grupo de amigos bastante genuíno composto por exemplo por Allen Ginsberg, William Burroughs e Neal Cassady.

Todos eles faziam parte do mesmo movimento e partilhavam o gosto e paixão pela escrita. Eram explosivos, directos, viviam com ousadia, sem medos e escreviam sobre aquilo que a imaginação lhes permitia e que o inconsciente lhes trazia. Deixavam-se invadir pela vida, pelas tristezas e precalços, pela mágoa e preocupação, pela alegria e pelos excessos…

A sua infância não foi a mais fácil de sempre, já que perdeu o seu irmão mais velho Gerald, que na altura era o seu ídolo. Jack via no seu irmão um modelo de excelência, sensibilidade, pureza e inocência. Para Jack, Gerald era poesia, e de certa forma nunca ultrapassou a sua ausência, tendo sido esse um dos factores que conduziu Jack à escrita.

Os Beatniks eram conhecidos como uma geração que trouxe aquilo que era novo e inalcançável, contrariavam aquilo que era dito pela sociedade, eram o inverso da sociedade ‘perfeita’ que se vivia nos anos 50/60.

Directamente das ruas de New York, os seus escritos e pensamentos chegavam para toda a sociedade norte americana da altura, direccionou principalmente a sua escrita para a nação das pessoas esquecidas e ignoradas pela sociedade, era para aqueles que a sociedade não via, e que de certa forma representavam uma das facetas escondidas dos EUA na altura.

Este foi o início daquilo que viria a ser chamado de contracultura e que existe um pouco de tempo a tempo, a mensagem deste movimento literário – e não só – alterou a visão de muitas pessoas sobre o mundo em que viviam e sobreviviam. É importante ter um espírito crítico como o de Ginsberg, criticar o que está à nossa volta e agir. Já Kerouac através das suas narrativas, permitiu-nos experimentar a liberdade na aventura, a coragem de apreciar novas formas de sentir e pensar, e principalmente a ousadia de viajar pelo desconhecido, seja ele fisicamente ou psicologicamente.

Já passaram alguns anos desde o nascimento desta geração, mas a sua marca no mundo é bastante clara e simultaneamente forte, foi uma geração que se uniu contra a sociedade da altura, e não se deixou ficar parada. Foi um dos movimentos literários contemporâneos mais importante da história, inspirou muitos outros escritores e outros tipos de artistas, do cinema à literatura. Fica-nos gravada na memória, como um grupo que teve a coragem para ser ele próprio, uma geração intelectual, ousada, crítica, um bando de loucos, revolucionários, sábios, autoconscientes, onde a indisciplina persistia vezes sem conta, onde não há obstáculos, mas há uma estrada…

Abaixo deixamos a primeira parte de um documentário sobre a beat generation para quem quiser saber um pouco mais sobre este movimento:

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados