Entrevista. Kamaal Williams: “O maior privilégio é levar este som aonde as pessoas desfrutem de música ao vivo”

por Bernardo Crastes,    27 Março, 2019
Entrevista. Kamaal Williams: “O maior privilégio é levar este som aonde as pessoas desfrutem de música ao vivo”
Fotografia cedida pelo festival ID_NO LIMITS
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Para um artista tão recente e jovem, Kamaal Williams já tem uma boa quota-parte de projectos e lançamentos. O duo de curta duração Yussef Kamaal trouxe o seu nome para a ribalta da música alternativa. A sua fusão entre jazzfunk e o garage típico do Reino Unido foi extremamente bem recebida, para a qual Williams contribuiu com os seus sintetizadores e uma produção calorosa. Apesar desse projecto ter terminado, a sua visão continua agora a solo. É essa versão da sua música que Kamaal Williams apresentará ao público do ID_NO LIMITS já no próximo dia 29 de Março, no Centro de Congressos do Estoril. O artista aceitou responder a algumas perguntas da Comunidade Cultura e Arte, acerca da sua música, inspirações, diferentes projectos e espectáculos ao vivo.

A improvisação é uma grande parte da tua música, mas já tens algumas ideias ou conceitos preconcebidos antes de entrares no estúdio para gravar? Há alguma parte daquilo que ouvimos nos teus discos que tenha sido pensada antes?
Eu vejo-me como um canal; o que acontece no momento, acontece. Menos pensamento, mais sentimento.

Como é que o processo de composição mudou desde a altura do projecto Yussef Kamaal, para a música que estás a fazer agora como Kamaal Williams? É apenas relacionado com as pessoas com quem trabalhas ou há uma abordagem diferente?
Não há uma abordagem, é como criar a banda sonora para filmes inexistentes no momento.

Tens lançado música como Henry Wu desde 2012, mas Kamaal Williams é um projecto mais recente. Faz sentido para ti separar o teu output criativo nestes dois projectos diferentes? Como é que eles diferem?
A minha estirpe de funk Wu é notória em qualquer coisa que eu faça, mas como Kamaal Williams, o foco é no que é feito ao vivo. Com uma produção de estúdio à Wu, provavelmente terás mais persuasão electrónica pelo meio.

Citaste Londres e Marraquexe como grandes influências para ti. Como sentes que a colisão entre dois ambientes tão diferentes se reflecte na tua música, assim como em ti?
Gosto de trabalhar com a sensação de estar em casa, o que é algo que podes encontrar onde quer que vás. Londres e Marraquexe são dois locais que me garantem isso.

Tens dois concertos marcados em dois festivais diferentes aqui em Portugal: o ID_NO LIMITS e o Vodafone Paredes de Coura; o primeiro sendo mais electrónico e direccionado para a música urbana, e o outro um pouco mais variado, mas mais focado em rockfolk (digamos, géneros mais orgânicos). O que achas que isso diz sobre a tua música e a sua versatilidade? Ajustas os teus espectáculos a ambientes diferentes?
Não, não há nenhum ajuste, mas acabas por responder à energia do público, que pode influenciar onde o espectáculo pode ir… O maior privilégio é ser capaz de levar este som, que não cabe propriamente numa caixa (já não é jazz), a qualquer espaço em que as pessoas desfrutem de música ao vivo. A conexão é a chave.

Em 2017, actuaste no Festival Matéria, no Porto, como Henry Wu a apresentar o ensemble Kamaal Williams. Recordas-te dessa performance? O que pensas do público português?
Claro, e também me lembro do que comi antes, também… Portugal tem sido sempre muito gentil comigo e espero que os festivaleiros se imerjam no espectáculo este ano tanto quanto fizeram no Porto!

O que podemos esperar do espectáculo no ID_NO LIMITS?
Um filme. Espero eu.

https://www.youtube.com/watch?v=_dTch-9KUaQ

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