Jorge Cruz esclarece o seu afastamento dos Diabo na Cruz

por Comunidade Cultura e Arte,    6 Junho, 2019
Jorge Cruz esclarece o seu afastamento dos Diabo na Cruz
Diabo na Cruz
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No passado mês de Maio ficámos a saber que a banda Diabo na Cruz irá acabar e que a última digressão será feita já sem Jorge Cruz.

Formados em 2008 os Diabo na Cruz cujo álbum de estreia “Virou!” foi considerado um marco na música nacional pela forma como integrou sonoridades da música tradicional e do rock contemporâneo. Inspirados pelo Tropicalismo, pelo legado da música portuguesa (José Afonso, Fausto, Sérgio Godinho, Vitorino, Banda do Casaco, entre outros) e pela música anglo-saxónica, os Diabo na Cruz puseram instrumentos eléctricos a evocar melodias resgatadas da memória da tradição oral, convidando a música moderna portuguesa a encontrar-se com a sua raiz.

Agora, e depois de um primeira explicação, Jorge Cruz esclarece os motivos que o fizeram afastar-se da banda através da sua conta de Facebook:

Olá a todos, tenho andado longe das redes sociais mas, entretanto, tive contacto com algumas reacções e gostaria de acrescentar breves esclarecimentos aos comunicados que já foram feitos sobre o fim de Diabo Na Cruz e a Tour de 2019.
Antes de mais, peço desculpa aos fãs de Diabo Na Cruz que pretendiam assistir aos concertos deste ano com a formação habitual. Gostava que soubessem que não vou estar presente na Tour de despedida, não por falta de vontade, mas por não me ser possível.
No meu comunicado pessoal, não quis dar ênfase a nenhum outro motivo para além daquele que é o principal para o fim do grupo: razões artísticas que vêm sendo ponderadas desde há vários anos. Também não irei debruçar-me aqui sobre razões pessoais (minhas) ou internas (do grupo) que possam ter contribuído para a decisão, porque essas são privadas e julgo que não há nada a ganhar em vê-las dissecadas. No entanto, quero dizer-vos que concordo com quem acha que todas essas razões poderiam ter sido ultrapassadas para concluir uma última Tour (por isso se marcaram as datas), caso não existissem, no presente, razões de saúde que me impedem de continuar a dar concertos. Não quis mencioná-las antes, nem pretendo esmiuçá-las aqui, mas são questões anteriores aos concertos dos Coliseus e que se viram agravadas com os trabalhos no grupo. Ao contrário do que aconteceu noutras alturas, em que levei a minha saúde até ao limite para cumprir objectivos de Diabo, desta vez, após o concerto de Évora, percebi que deveria parar de imediato, para não piorar ainda mais a minha condição e poder tratar de melhorar.
Quanto ao fim da banda, era algo que já vinha sendo conversado há bastante tempo e que estava previsto acontecer em breve. Poderia ter acontecido em 2016 mas ainda gravámos mais um álbum. Poderia ter acontecido em 2018 mas ainda fizemos os Coliseus. Acabou por ser anunciado agora e ficou combinado acontecer no final da Tour deste ano.
Na altura do comunicado, fui aconselhado a justificar a minha ausência da Tour com as razões de saúde mas, por escolha minha, preferi centrar-me naquilo que, para mim, é o mais importante: o trabalho artístico do grupo, que sobreviverá aos obstáculos do presente, e a vontade de fazer um balanço e uma reflexão pessoal acerca deste momento e de 11 anos de trabalho. Compreendo, de qualquer modo, que isso possa ter dado azo a certos equívocos que espero, com estas informações, ajudar a esclarecer.
Não quis que as complicações no meu estado impedissem os restantes membros da banda de concretizar as suas expectativas de fazer os concertos de 2019. Por essa razão, aceitei que continuassem com a Tour, apesar da minha ausência. Lamento não poder participar. Lamento também a tristeza que se apoderou de tanta gente com estes acontecimentos. Aquilo que vos posso dizer é que tenho a consciência tranquila de que fiz tudo o que estava ao meu alcance para viabilizar mais esta jornada de concertos. E de que, ao longo da última década, dei tudo o que tinha de mim, física e mentalmente, por Diabo Na Cruz e pelos seus fãs. Estarei para sempre grato pelo apoio que nos deram.
O resto é música. Alegria, portanto.

Neste percurso de mais de 10 anos, os Diabo na Cruz destacaram-se pelos concertos explosivos capazes de conquistar o mais variado público, desde as festas de aldeia aos grandes festivais passando pelos principais teatros do País. Percorreram Portugal de lés a lés ao longo de mais de 200 concertos. No final de 2015, essa vida de estrada sagrou-os vencedores na categoria de “Melhor Actuação ao Vivo” nos Portugal Festival Awards.

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