Joana Gama abre O Livro dos Sons de Hans Otte na Culturgest

por Linda Formiga,    9 Outubro, 2020
Joana Gama abre <i>O Livro dos Sons</i> de Hans Otte na Culturgest
Joana Gama – Fotografia de Vera Marmelo
PUB

É já nesta sexta-feira, dia 9 de outubro, que Joana Gama subirá ao palco da Culturgest para apresentar O Livro dos Sons de Hans Otte. Natural de Braga, Joana Gama cresceu a aprender música e desde cedo percebeu que o seu caminho seguiria por aí, com o piano como parceiro. Fez a licenciatura na Escola Superior de Música de Lisboa, o mestrado e doutoramento na Universidade de Évora, deu aulas e em 2010 decidiu tornar-se freelancer, assumindo “uma vida mais ligada aos concertos e aos espectáculos”. 

Em conversa com a Joana Gama, tentámos perceber o que a move, o que a faz estar um pouco por todo o lado, e a resposta coincide com a harmonia que emana: “A natureza da minha relação com a música teve sempre que ver com esta possibilidade de estabelecer diálogos com outras artes. Sempre gostei da chamada música programática, que é música clássica que remete para aspetos extramusicais, seja um quadro, um poema ou uma paisagem. Ou seja, a possibilidade de a música estabelecer estas pontes.” 

Esta vontade de cruzar vertentes levou-a a colaborações com Tânia Carvalho (dança), com Vítor Hugo Pontes (artes performativas) e com as Sopa de Pedra (que pudemos ver no Bons Sons de 2019). Este enriquecimento pessoal nos trabalhos colaborativos não é menor do que o prazer que sente na preparação de um concerto a solo, num percurso solitário de estudo e de interpretação. É também este gosto pessoal, esta pró-actividade que a leva a estudar compositores que não são sobejamente conhecidos no circuito da música clássica, como é o caso de Hans Otte. 

Joana Gama – Fotografia de Vera Marmelo

O Livro dos Sons (Das Buch der Klänge) de Hans Otte chegou a Joana Gama por e-mail e cativou a pianista desde logo. A partir daí, Joana Gama começou a estudar a obra e o compositor, a perceber a génese por trás da obra em que teve o “Livro dos Sons como um ponto de partida. Um ponto de partida que começou com improvisos do compositor ao piano, ele a tocar, a ouvir, a sentir.” Com a “vontade de tocar Hans Otte e pelo prazer de partilhar a música”, Joana Gama sente como se “se apropriasse da música”. Sem quaisquer pretensões de achar que todos irão gostar da peça, Joana diz haver “qualquer coisa muito orgânica quando toco esta música, mas por outro lado, é como se eu estivesse de fora a observar o que está acontecer, sem eu própria me querer impor naquela música.”

Ainda que ainda vivamos no rescaldo de uma paragem forçado pela pandemia, o ritmo por ora vivido continua a ser frenético, mas “num momento conturbado e de tantas incertezas e angústias, é bom podermos ouvir este tipo de música que de certa forma nos apazigua.” Joana considera que “a forma como esta peça é simultaneamente luminosa e melancólica, é no fundo esta dicotomia da vida; quanto mais apressados nós estamos, mais receptivos estamos para o oposto. Se por um lado também temos este ritmo frenético, por outro sinto que precisamos deste espaço de paragem e de contemplação.” 

É esta contemplação e este desafio para ouvir que Joana Gama leva ao palco da Culturgest no dia 9 de Outubro pelas 21h00 (bilhetes aqui) na primeira apresentação do Livro dos Sons em Portugal. O estudo da obra também foi apresentado aos músicos, Norberto Lobo, Helena Espvall, Bernardo Álvares, Violeta Azevedo, Pedro Melo Alves e Joana da Conceição que irão, com os seus instrumentos, apresentar as suas interpretações no dia 10 de Outubro através do website da Culturgest. 

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Artigos Relacionados