Já ouvimos o novo álbum dos Zanibar Aliens

por João Horta,    11 Maio, 2016
Já ouvimos o novo álbum dos Zanibar Aliens
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O panorama do rock nacional precisava de frescura, cansado de “chá-lá-lás” e réplicas de Tame Impala medíocres. Eis que surgem os Zanibar Aliens, um conjunto de jovens que chegam para mostrar como fazer rock à antiga. A banda de Lisboa acaba de lançar o seu segundo álbum, “Bela Vista”, uma bonita demonstração de que este género é imortal e intemporal. Numa altura em que parece que tudo já se inventou e reinventou, poucos são aqueles que arriscam o seu talento em criar sonoridades próximas da génese de um estilo ou forma de expressão musical.

Estes miúdos fizeram o que já tinham provado no seu primeiro álbum, mas estão melhores. É possível sentir em cada música de “Bela Vista” que a banda já atingiu um nível de maturidade inesperado. Os membros da banda têm entre 17 e 21 anos, algo que não é perceptível, dando a sensação que viveram os 60’s e os 70’s. A música dos Zanibar Aliens remete-nos para a essência do rock, depois de os ouvir apetece-nos voltar pegar nos The Doors, nos Led Zeppelin ou nos Black Sabbath. Todo o imaginário da banda é digno da série “Vinyl”, notam-se influências de bandas – para além das que já referimos – desde os Pink Floyd aos Jefferson Airplane, passando pelos King Crimson ou Emerson, Lake and Palmer.

Neste “Bela Vista”, a música parece mais crua e mais pesada, embora consigamos sentir algumas influências progressivas que já vêm do anterior “Zanibar Aliens I”. A faixa que se deu a conhecer primeiro, “Bongsmoker”, é um excelente exemplo desse feeling mais rock n’roll da banda. Mesmo sendo a música mais orelhuda do álbum, é aquela que deixaria Rober Plant com um sorriso nos lábios. “Sweet Sour Darkness” ou “Losing My Mind”, são músicas onde se notam a maturidade que referimos, apesar de anteriormente em malhas como “Rampage” e “Devil’s Lullaby” já seja possível ouvi-los a partir a casa toda. No entanto, em “Bela Vista” a sonoridade está, na nossa opinião, melhor trabalhada, a par da qualidade do som que subiu consideravelmente. Tudo isso faz parte do progresso e evolução das bandas.

Os arranjos de algumas músicas como “Key to Happiness” revelam camadas mais próximas do folk e onde é notada a versatilidade dos jovens músicos. Encerrar esta produção com “Far From Home”, em registo de declínio e quase balada onde as melodias afogam nos incontornáveis Pink Floyd.

A comparação com Graveyard ou Radio Moscow pode parecer inevitável, embora com este álbum os Zanibar Aliens demonstrarem estar à altura destas duas bandas. A verdade é que no nosso país, ainda há muito pouco disto, de alguém que não tenha receio de arriscar. A factura que pagamos é a acentuação do delay que existe entre o que se faz lá fora e o que chega cá dentro, algo que, curiosamente, era muito frequente no antigo regime. Mas os Zanibar Aliens chegaram bem a tempo de mostrar que o rock está vivo e recomenda-se.

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