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Indielisboa 2018: ‘Grass’ e a naturalidade de Hong Sang-soo em retratar a vida no cinema

por João Pinho
6 Maio, 2018
em Cinema, Críticas
Indielisboa 2018: ‘Grass’ e a naturalidade de Hong Sang-soo em retratar a vida no cinema

Hong Sang-soo é um génio na passagem entre cenas. A sua genialidade deve-se ao facto de ser difícil, por vezes, dividir o filme em cenas, de uma perspectiva clássica. Umas seguem-se às outras de uma forma natural, mas sempre inesperada. O denominador comum no enredo das suas histórias são as conversações sobre as coisas mais simples da vida. E são nestas conversações que observamos uma variedade de situações caricatas e uma enchente de emoções muito humanas. O seu objectivo não é criar uma moral ou transmitir uma mensagem específica. Da mesma forma, em muitas partes dos seus filmes não conseguimos distinguir a realidade da ilusão. Por outras palavras, se as personagens são meras imaginações de uma outra personagem ou se são reais, como aconteceu em “Claire’s Camera”, onde todas as personagens eram um processo criativo de uma outra personagem que estava entediada durante as suas férias. Como o próprio disse numa entrevista, não existe uma clara distinção entre estes dois mundos; o mais importante é, sim, sentirmo-nos bem com o que presenciamos.

Um outro ponto comum em todos os seus filmes é a naturalidade com que o realizador os faz. E isso é visível na liberdade que dá aos actores para interpretar os diálogos, criando, assim, diferentes mundos no mesmo filme, já que cada take acaba por ser dintinto do anterior. Algo que até pode ser confuso para o público que espera uma linha clara ao longo da cronologia.

No seu último filme, “Grass”, estreado no IndieLisboa, as conversações decorrem num café simpático e acolhedor, num restaurante e nas ruas adjacentes a estes dois espaços. A câmara salta de uma personagem para a outra, de uma conversa para a outra, ora vemos as personagens de perfil ora de um ângulo mais natural ou somente a sombra das mesmas. Ao longo da história, as personagens acabam por se cruzaram e, como consequência, mais conversações surgem. Não existe um fio condutor, cada salto parece natural e instintivo. Fala-se sobre a morte de entes queridos, de remorsos e tristezas, do amor ou da amizade. Algumas personagens são explosivas e outras traiçoeiras ou afáveis.

No início, poderíamos pensar que todas as conversas eram mera imaginação da personagem que se sentava sempre no cantinho mais discreto do café. Ela ouve tudo sem exprimir qualquer expressão, tudo fica nos seus pensamentos. Ela parece ser exterior ao filme e nem sempre é claro se ela consegue ouvir as conversas que ocorrem fora do café ou até os pensamentos delas. Ela é, acima de tudo, uma personagem a quem lhe foi concedido um estatuto especial. Depois, apercebemo-nos que, independentemente disso, ela é um ser humano. Ela julga todos e desenvolve sempre análises mordazes. Porém, é a mesma pessoa que acaba por ser injusta e invejosa para com o irmão e respectiva namorada no restaurante, umas cenas à frente. Ela, como qualquer ser humano, é cheia de contradições. Facilmente julga os outros, sempre de um local seguro, onde não tenha que chocar com ninguém. E é este o segredo das suas obras. O limbo entre a realidade humana e a ilusão criativa. Entre o que o realizador interpreta do filme ou os actores e nós, público.

O filme é tão simplesmente um conjunto de histórias. E não precisa de ser mais do que isso. Para um realizador que sonhou na sua juventude fazer somente filmes experimentais ou curtas, ele conseguiu revolucionar este estilo de filmes. Filmes em que a câmara meramente capta pensamentos ou diálogos.Também é importante parar e desfrutar desta realidade que, muitas vezes, choca com a ilusão, mas que nunca põe em causa o conforto do público. A genuinidade ainda é apreciável, pelo menos para mim, e, por isso, os filmes ainda conseguem surpreender e não se tornarem aborrecidos. A câmara pode ser um mero observador das situações mais vulgares na nossa vida, porque, na realidade, a nossa vida é vulgar, e, na maioria das vezes, monótona e não me choca olhar para mim mesmo através de um filme. A nossa vida é uma mistura de tragédia, raiva e perda com momentos curtos de conforto enquanto bebemos álcool numa noite calma de Outono.

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Tags: GrassHong Sang-sooIndieLisboa 2018

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