“História Global de Portugal”. 90 historiadores criam livro sobre a história de Portugal, desde a pré-história até ao séc. XXI

por Comunidade Cultura e Arte,    22 Outubro, 2020
“História Global de Portugal”. 90 historiadores criam livro sobre a história de Portugal, desde a pré-história até ao séc. XXI
Capa do livro
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José Pedro Paiva, José Eduardo Franco e Carlos Fiolhais dirigem uma obra pioneira da historiografia portuguesa, que teve a participação de cerca de 90 historiadores.

Vive-se hoje num mundo cada vez mais globalizado e uma das tendências de abordagem da história é a história global, uma perspetiva que ultrapassa os limites das fronteiras nacionais, privilegiando as circulações e conexões que contribuíram para uma integração cada vez maior do mundo. Nesse sentido, a Temas e Debates publicou a 16 de outubro uma obra pioneira da historiografia portuguesa: História Global de Portugal, dirigida pelos historiadores José Pedro Paiva e José Eduardo Franco e pelo físico e historiador da ciência Carlos Fiolhais.

Este é um livro que pretende oferecer um conhecimento crítico da história de Portugal, em que é resultado de incontáveis dinâmicas de diálogo e de choque com outros lugares. Nesta síntese inovadora, encontra-se uma visão aberta do nosso lugar no mundo. Portugal participou muito ativamente no que alguns chamam “primeira globalização”, com a inauguração, a partir do século XV, de rotas marítimas da Europa para a África, América do Sul e Ásia. Mas foi também recetor e emissor de inúmeras influências culturais, políticas, científicas, económicas e institucionais, que nos proporcionam uma visão da história que esbate os limites das fronteiras. Este entrelaçamento com diversas fronteiras pode ser realçado, aliás, logo na formação da nacionalidade: D. Afonso Henriques era filho de “estrangeiros”, uma leonesa e um borgonhês.

História Global de Portugal começa em 240 000 a.C., na Pré-História, e termina com os mais recentes movimentos migratórios dos portugueses no tempo da troika. Estando dividida em grandes períodos, os respetivos capítulos foram coordenados por historiadores bem conhecidos como João Luís Cardoso (Pré-História), Carlos Fabião (Antiguidade), Bernardo Vasconcelos e Sousa (Idade Média), Cátia Antunes (Época Moderna) e António Costa Pinto (Época Contemporânea). Esta é uma obra coletiva, para a qual contribuíram com mais de 90 artigos – ordenados cronologicamente, ligados a eventos, pessoas ou objetos emblemáticos – 87 historiadores portugueses e estrangeiros. O resultado é um rico mosaico de pontos de vista, que tem como unidade a ideia de um Portugal que sempre manteve fluxos de comunicação de pessoas, objetos e ideias com espaços externos às fronteiras, fundamentalmente estabilizadas desde o século XII, e que são relevantes para pensar a sua própria identidade.

Escrito a pensar no grande público, apresenta modos inovadores de ver o “tempo português”. Trata-se da história política, institucional, geográfica, cultural, da ciência, económica, social, da arte, religiosa, etc., onde não faltam fenómenos históricos de impacto internacional ou até global como a peste negra, o tratado de Tordesilhas, revoltas de escravos, a chegada da Revolução Científica à Ásia, o grande terramoto de Lisboa, os jesuítas, a maçonaria, o vinho do Porto, a abolição da pena de morte, o santuário de Fátima, o bacalhau como mito nacional, Eusébio e o lusotropicalismo, o 25 de Abril e o Nobel atribuído a José Saramago.

Os coordenadores escrevem na Introdução: “Convidamos o leitor a construir uma visão não paroquial da história de Portugal, aprendendo que hoje não se pode perceber a história de um local, mesmo que seja um país antigo, ignorando o mundo com o qual ele foi sempre interagindo. Portugal é o resultado de incontáveis dinâmicas de diálogo e de choque com outros lugares. E o mundo tem traços das mediações que os habitantes do espaço de Portugal espalharam. É esta fascinante história que aqui se pretende contar para melhor percebermos quem somos e o mundo em que vivemos.”

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