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Herman José: ‘Até aos 40 anos somos imortais. A finitude e o final não é um problema nosso. É sempre dos outros’

por Jornal i
3 Agosto, 2017
em Entrevistas
Herman José: ‘Até aos 40 anos somos imortais. A finitude e o final não é um problema nosso. É sempre dos outros’

Na edição desta semana dos Estivaneios conversámos com Herman José, que recorda toda a sua infância e adolescência, rodeado de governantas e de amas. Teve várias namoradas, mas foi com uma belga que perdeu a virgindade, em Marbella.

Qual é a memória mais antiga que guarda das suas férias?

Talvez a melhor memória que tenha é da praia de Azarujinha, em São João do Estoril. É muito pequenina e já quase que não existe. Na altura tinha umas barracas em cima de umas rochas, era quase um clube privado, e uma das barracas era nossa. Tinha mística, e se tivesse de fazer um filme, uma espécie de “Morte em Veneza”, iria precisamente recuperar o ambiente do final dos anos 50 da praia da Azarujinha.

Com quem ia para a praia?

Era uma coisa um bocado à italiana. Tinha uma fräulein, que é uma coisa um bocado burguesa, tinha uma babysitter e uma empregada que fazia o almoço. Às vezes vinha também a minha tia, e quando vinha a minha avó também trazia a sua própria empregada e o seu motorista. Era uma coisa meio Visconti.

Eram mais os empregados que a família…

Não é que fossemos ricos mas, naquela altura, a classe média alta tinha acesso a muitos serviços. Uma empregada custou 250 escudos durante muitos anos. Uma cozinheira custou 350 escudos durante muitos anos. As coisas não mudavam. O marco era 7 escudos durante muitos anos e o dólar era 27 escudos. Isso manteve-se durante toda a minha infância, o que me deu uma grande qualidade de vida. E o que fazia com que a classe média se confundisse com os ricos.

Iam primos consigo para a praia?

Iam alguns primos, não tinha muitos. E tinha alguns amigos na zona. Gostava muito de andar com os adultos e tinha pouca paciência para as crianças. Achava-as atrasadas mentais.

Tinha conversas elaboradas com adultos?

Não. Gostava de ouvir as conversas e de ver as reações dos adultos, achava-as mais lógicas que as reações tontas das pessoas da minha idade.

Amores de verão: algum que tenha sido importante?

Perdi a minha virgindade com um amor de verão, com 16 anos, em Marbella. Uma jovem que venho a reencontrar no Facebook e que mora na Bélgica, ela é belga. Hoje é uma senhora parecida com a Paula Rego e também pinta.

Como aconteceu? Eram amigos?

Éramos vizinhos de hotel. Ela era muito entendida, muito esperta e resoluta, e deixei-me levar.

Era mais velha?

Era, era. Ela já tem perto de 70 anos.

Achava mais graça às raparigas mais velhas?

Não. Aconteceu porque ela tomou a iniciativa. Ainda não sabia bem como é que se fazia. Éramos muito imberbes na altura. Sabíamos muito pouco.

E foi logo contar aos amigos?

Ah, sim. Aliás, ela também. Acho que até se fez uma festa para se comemorar.

Como era na altura? Dizia umas frases em alemão e fazia charme?

Não, não. Falávamos em francês. Sempre falei muito bem francês, alemão e inglês. Para mim não havia a barreira da língua. Na Escola Alemã aprendíamos essas três línguas.

Mas usava o humor para seduzir?

Muito. Desde os quatro anos que me lembro de usar o humor para tudo. Foi sempre uma arma ótima com os professores e na escola.

Funcionava?

Sempre. Era muito menino, muito sonso, e depois tinha aquele sentido de humor e quebrava todas as barreiras.

De onde é que isso veio?

Talvez da minha avó materna, que era muito teatreira. Era espanhola e era muito divertida.

E na adolescência, continuou a gostar de passar férias com os pais?

Na adolescência arranjei uma namoradinha muito gira e muito querida que tinha uma casa na praia da Luz, para onde ia. Comecei a “algarviar” bastante. Na fase seguinte arranjo barco e começo a ir para Espanha, primeiro num barco de um amigo, e íamos com um grupo para Marbella e para Ibiza. Depois continuei com as minhas próprias embarcações até que parei porque comecei a fazer espetáculos, nos anos 80.

Ia de terra em terra com os espetáculos de verão?

Era tal e qual como agora os espetáculos das câmaras municipais, das festas e das feiras grandes. No final dos anos 90 dediquei-me só à televisão. Tinha muito trabalho com o “Roda da Sorte” e o “Parabéns”. Mas quando a televisão perdeu o interesse e, sobretudo, a pujança económica, há dez anos, voltei à estrada e a todos os circuitos onde já tinha andado. Com uma diferença: agora, as estradas são maravilhosas e em todos os sítios há excelentes hotéis.

Onde ficava nos anos 80?

Voltava para casa. Não estava para ficar mal instalado. As viagens demoravam horas. Ou ia dormir ao Porto ou ia dormir a Viseu.

O que se passa com o seu Instagram? Está viciado naquelas caretas? 

Comecei a fazer aquilo para mim. Às vezes estou no dentista à espera da minha consulta e começo a inventar umas tretas. Ou estou em casa no meio da escrita e, para desopilar, sento-me e começo a fazer umas brincadeiras.

Não é uma sátira ao entretenimento moderno?

Não, não. Aquilo era mesmo só para mim e para os meus amigos. Quando dei por isso, já tinha dezenas de milhares de seguidores e dezenas de pessoas a enviarem mensagens a dizer: “E então? Já não pões nada há duas horas.” Fiz uma personagem aproveitando uma aplicação que é a Bicha Festivaleira, inspirada numa personagem que conheci quando me descompôs por dizer mal do festival, mesmo daquelas militantes que vai aos festivais todos e sabe tudo de cor.

Estamos a ficar mais básicos no humor?

Fazer humor em dez segundos é dificílimo. O humor não pode ser avaliado. É como a música. Não podemos avaliá–la pelo grau de complicação, senão tinha de mandar fechar a 5.a Sinfonia de Beethoven, que começa com umas notas muito simples. Ou teríamos de enviar o repertório todo de Zeca Afonso para o lixo, pois só tem três acordes. O humor e a música não têm graduações de complicação. Ou dá vontade de rir ou não dá.

O que sente quando se vê na RTP Memória?

Na altura, não imaginei e não sonhei que era tão profissional e tão moderno. Achei que era só mais um a tentar manter a vida artística de pé e a carreira viva. Não me imaginei tão à frente. Fico muito orgulhoso. A única pena que tenho é de já não ser aquele. Aquele tipo tem 30 anos.

É só pela idade que já não é aquele?

Só, só, sim. Ter 40 anos é maravilhoso.

Não é cansaço ou desilusão?

Não, adoro trabalhar. Adorava ter 30 ou 40 anos e ter aquela perspetiva de não pensar no final da linha. Uma pessoa até aos 40 anos sente-se verdadeiramente imortal. A finitude e o final não é um problema nosso. É sempre dos outros.

Quando teve a primeira sensação de finitude?

Todo o ser humano a caminho dos 60 anos pensa nisso. É inevitável. Começa a morrer-lhe a sua geração à frente. Imagine para mim o desconcertante que é lembrar-me que a primeira vez que perguntei ao Nicolau a idade que tinha, ele disse-me: “Tenho 36 anos.” E pensei: “Coitado, estás tão velho.”

Que idade tinha o Herman?

Tinha 22 anos. Temos 14 anos de diferença. Mas, para todos os efeitos, ele era um tipo novo. E ele desaparecer fisicamente, para mim, além da dor e da tristeza, é desconcertante. É anacrónico. Surrealista, não faz sentido. Estou sempre a bater na mesma tecla. Vivemos muito poucos anos.

Passou férias com o Nicolau?

As férias que tinha são as que tenho agora. São iguais. Trabalhávamos e fazíamos muitos espetáculos. Férias verdadeiramente, são fora, dou umas saltadas rápidas. E pelo facto de trabalhar no estrangeiro, junto o útil ao agradável. Seria incapaz de hoje em dia fazer férias de um mês, acho que morria de tédio e de preocupação.

Neste momento da sua vida, tem alguma companhia preferida?

Tenho. Sempre funcionei em núcleos duros, pequeninos. São sempre as pessoas que estão à volta da minha mesa de anos. Nunca são mais de dez. É tipo uma confraria de onde às vezes saem pessoas e entram outras, há amigos que mudam de namorada e, se a nova vai, a outra não vai.

Qual é a sua amizade mais antiga?

A minha mãe. De resto, não tenho amizades de longa data. As pessoas vão ficando na vida, mas vão depois para outras órbitas.

Vive perto da Arrábida, não é?

Vivo em Lisboa, mas tenho o meu poiso profissional, que é um sítio onde posso estar à vontade, que é na Arrábida.

Gosta dessa zona pela praia ou pela serra?

Não posso sequer chegar perto da praia porque sou logo assaltado por gente amorosa. Que são os mesmos que me veem quando vou trabalhar à feira de Setúbal.

Não consegue ir a uma praia cá?

Não. De maneira nenhuma, porque as pessoas são muito queridas, não têm distância de mim.

Há quanto tempo não vai a uma praia cá?

Vou até ao Meco fora de época, em junho, para dar um mergulho. Janto à beira-mar e vou num instante ao Portinho da Arrábida almoçar, e depois dou um mergulho e rezo. A última vez chegou uma excursão de malta do liceu e houve uma miúda que começou aos gritos e vieram todos abancar, e depois não saem.

Se pudesse convidar alguém para jantar este verão, quem seria? 

Convidava a Lady Gaga. Tenho uma gigantesca admiração por ela. É uma música fantástica, extraordinária. Tem uma evolução de carreira engraçadíssima. Tem paixão por um amigo em comum, que é o Tony Bennett, com quem já tive a oportunidade de estar várias vezes.

Se agora pudesse fugir, para onde iria de férias?

Há um hotel muito bonito que fica perto da casa de umas amigas minhas, no sul de França, talvez fosse até lá. Gosto muito daquele civismo, daquela arrumação do sul de França até Monte Carlo, acho aquilo muito bonito. É o único sítio possível nestes meses de confusão total.

Entrevista de Marta F. Reis, publicada no nosso parceiro jornal i
Fotografia de Sara Matos

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Tags: Herman José

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