Há frescura no novo ‘Ty Segall’

por João Horta,    27 Janeiro, 2017
Há frescura no novo ‘Ty Segall’
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Menos de uma semana depois da tomada de posse do 45º presidente dos Estados Unidos da América, o ar começa a purificar-se através das guitarras revoltadas de Ty Segall. O talento do jovem norte-americano voltou com a energia que lhe é conhecida. Como tem sido hábito ao longo do seu percurso discográfico, a intensidade volta a ser desgastante e com doses de velocidade abruptas. Uma avalanche de guitarras irritadas, mas não só, o novo álbum entra por caminhos que andam longe do garage que Ty Segall nos habituou.

O músico comemora este ano trinta anos de idade e dez de carreira, brindando-nos com o seu décimo álbum e o segundo com o mesmo nome: Ty Segall. Ora, como não podia deixar de ser, as guitarras frenéticas estão todas lá carregadinhas de fuzz. Entra em grande, com um abanão de rock revoltado, “Break a Guitar”, mudanças de velocidade e camadas de solos. Levem-lhe a guitarra que ele parte tudo na mesma. É este o mote para mais um álbum à Ty Segall. Sempre coerente e com a sua marca de registo bastante presente. Se em “Emotional Mugger” não tínhamos pausas para respirar no meio daqueles quarenta minutos electrizantes, neste há tempo para respirar fundo.

Embora menos frenético, a alma rebelde não se apaga, mesmo quando se para em canções como “’Talkin” ou “Orange Color Queen”. A calma surge quase em forma de country e com arranjos perfeitamente comparáveis aos de Jack White. Calminho por pouco tempo, a bateria quebrada e os solos voltam logo a seguir em “The Only One”, naquela que deve ser a faixa que mais inspira as fragrâncias do garage rock. E abre-se a brecha do punk, riffs aceleradas e “Thank You Mr.K”. Passo apressado até um break para partir, literalmente, a loiça toda.

A parte final do álbum com “Papers” e “Take Care (To Comb Your Hair)” regressa ao registo mais folk, carregado de arranjos clássicos. Uma expectável e agradável surpresa por parte de Ty Segall, que demonstra neste disco que a sua música não se faz apenas de riffs distorcidos e esquizofrénicos. Há esperança em Ty Segall, há esperança na América.

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