Girl Band, o punk e o industrial de mãos dadas

por Bernardo Crastes,    20 Novembro, 2016
Girl Band, o punk e o industrial de mãos dadas
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Ninguém que diria que uma banda com um nome tão inócuo como Girl Band, fosse capaz de produzir um som tão agressivo. No entanto, como a banda pôde provar com o concerto que deu no Musicbox, no dia 12 de novembro, as aparências iludem.

Um quarteto de rapazes bem parecidos, vindos de Dublin, alia a crueza do punk à relativa linearidade da música industrial, resultando em caos sónico e explosões controladas. O mais recente testemunho deste caldeirão sonoro é Holding Hands With Jamie, álbum de 2015.

O vocalista Dara Kiely quase não se consegue manter dentro da sua própria camisola vermelha, soltando uivos guturais e mexendo-se nervosamente, ao mesmo tempo que alarga a gola da mesma. É uma performance desconcertante, mas apaixonada; mais perto do punk. Mais do que a do resto da banda, que, na sua estaticidade, providencia um antagonismo interessante que torna a música que ouvimos mais adequada.

Com a setlist escrita nas mãos, a banda passa por vários momentos da sua curta carreira, incluindo canções que quase não o são, durando apenas cerca de 20 segundos. Mas são garantidamente um murro no estômago de quem as ouve.

Ritmos de bandas marciais, guitarra distorcida para lá do discernível e o baixo de cordas largas compõem as diversas músicas que a banda apresenta. O baixo, principalmente, ancora todo o som da banda, aproximando-os de um dos estandartes da música industrial, os Nine Inch Nails.

Para o final do concerto, a banda aproxima-se de um género inusitado, o techno-punk, fazendo uma cover de Why They Hide Their Bodies Under My Garage?, de Blawan. A canção cresce e ganha uma intensidade incrível, enchendo o pequeno espaço do Musicbox e incitando o público a bater o pé e abanar a cabeça com tenacidade.

Um concerto tenso, sempre à beira do abismo, no qual, a qualquer momento, podia ocorrer alguma combustão que resultasse em moches violentos. No entanto, nunca se chegou a tal ponto e cada membro da audiência manteve-se na sua própria apreciação do que ouvia, agitando-se sem grande coerência rítmica, mas com vontade. Nessa tensão residiu a maior qualidade do concerto dos Girl Band, banda que seguiremos com atenção.

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