Comunidade Cultura e Arte
No Result
View All Result
  • CINEMA
  • TV
  • MÚSICA
  • LIVROS
  • ARTES
  • SOCIEDADE
  • ENTREVISTAS
  • OPINIÃO
    • CRÍTICAS
    • CRÓNICAS
  • CINEMA
  • TV
  • MÚSICA
  • LIVROS
  • ARTES
  • SOCIEDADE
  • ENTREVISTAS
  • OPINIÃO
    • CRÍTICAS
    • CRÓNICAS
No Result
View All Result
Comunidade Cultura e Arte
No Result
View All Result

Floating Points leva as nossas sinapses à pista de dança

por Bernardo Crastes
14 Novembro, 2019
em Críticas, Música
Floating Points leva as nossas sinapses à pista de dança

Capa do álbum

Sam Shepard não é estranho às pistas de dança. Apesar de alguns melómanos apenas terem tido contacto com o artista a partir do seu álbum de estreia consideravelmente menos agitado – Elaenia, lançado em 2015 -, o britânico já lançava faixas mais direccionadas para as discotecas desde 2009. Sob o epíteto de Floating Points, Sam tem vindo a desconstruir a música electrónica de dança, para depois voltar a construí-la como quem projecta uma rede neuronal – ou não fosse ele doutorado em neurociências.

Depois da electrónica tingida de jazz de Elaenia e do flirt com o post-rock reminescente de Pink Floyd no EP Reflections – Mojave Desert (experiência que nos garantiu não voltar a repetir), pudemos vê-lo a arrebatar públicos em pistas de dança, com batidas fortes, sintetizadores angulosos e sinusoidais retorcidas. Foi uma tour com os The xx que o levou a misturar os seus impulsos mais dançáveis com experimentações mais arriscadas, que genuinamente levassem o seu som a outros locais. Daí resultou a música que ouvimos em Crush.

Floating Points. Fotografia de Dan Medhurst / FADER

“Anasickmodular” é possivelmente a melhor representação do álbum. Um agitado ritmo 2-step abre a canção, juntamente com um baixo borbulhante, alguns sons glitchy e uns sintetizadores que conjuram imagens de fugazes e pequenos feixes de luz (e lembram-nos das paisagens analógicas de Elaenia). A produção ecoante e cheia de classe deste início seria suficiente para nos convencer, mas os 3 minutos da canção são passados a destruí-la de forma gloriosa. Primeiro, o volume do som de um sintetizador sustido aumenta gradualmente, engolindo tudo à sua volta. Depois do drop, é como se a canção enlouquecesse. O ritmo gorgoleja e fragmentos de som desorientam-nos, ao mesmo tempo que um vibrante baixo circula em redor dos nossos ouvidos, sustendo tudo o que acima se passa. O caos da faixa nunca a suplanta; está tudo perfeitamente controlado, como um impressionante desastre a acontecer à nossa frente, que podemos contemplar com o distanciamento de quem sabe que nada de mal lhe acontecerá.

Ainda focando-nos nos ritmos, temos “Bias”, em que um ritmo breakbeat que quase se pode apelidar de malicioso surge do crescendo de arpeggios de sintetizadores espessos como melaço, naquele que é um dos drops mais satisfatórios do ano. E claro, o primeiro single, “LesAlpx”, o número de dança mais aguerrido do álbum. É como tomar um comprimido de ritmo, com a sua batida compacta e imparável, constantemente rodeada ora de sons como pop-ups de sistemas operativos, ora de teclas progressivas, ou até de ruído branco, perfeitamente controlado. A estrutura pára-arranca está desenhada para satisfazer o ouvinte a cada drop colocado no sítio certo. É neste tipo de coisas que entrevemos o génio do compositor e produtor, mesmo quando o cérebro está mais focado em atinar com o ritmo complexo.

Para além dos ritmos, Crush também traz para a mesa as melodias, nunca tão directas como aqui. “Falaise” abre o álbum com violinos flutuantes e quase soalheiros. Esta orquestra electrónica é depois controlada por Sam, com quebras de som a emular falhas de ligação que, a nível de textura, criam a imagem de asas a bater, ao mesmo tempo que a melodia nos remete para um local luminoso. A técnica dos crescendos é aplicada também nesta canção, que se torna tão intensa que a quebra do som usada no início para adicionar textura é agora utilizada para libertar tensão. Interessantemente, a quebra de tensão sonora parece criar ainda mais tensão, num momento extático que nos deixa a pensar “onde pode esta canção ainda ir?” e que apenas poderia ser concluído com um término súbito, numa arfada que nos deixa sem chão.

No lado oposto, há o par mais calmo, “Birth” e “Sea-Watch”. “Birth” é pacífica e ingénua, evocando a beleza da imagem de vida nova, mesmo apresentando um certo desconforto latente. Por outro lado, “Sea-Watch” é… bem, é lindíssima. Eternamente triste e contemplativa, coloca-nos debaixo de um enorme céu estrelado, em que as diversas melodias que a povoam compõem as constelações, brilhando inquietamente, mas sem ofuscar. É uma canção capaz de fazer parar o tempo. Se em Elaenia, Floating Points já havia provado ser capaz de criar peças mais imersivas que não precisam de se esforçar para lutar pela nossa atenção, aqui cobre essa aposta e adiciona-lhe a componente melódica verdadeiramente emocional.

Por último, num mundo completamente à parte, há “Karakul”. É ASMR caótico, é uma elegia industrial, é uma maravilha experimental. O que quer que se lhe queira chamar, a incrível produção surround torna qualquer audição numa surpresa, à medida que tentamos antever as esquinas que a canção contorna. Apesar de ser uma espécie de interlúdio, a sua importância detém-se ainda na variedade sónica que traz ao álbum.

Em grande parte de Crush, Sam pega na sua desconstrução da música electrónica e produção imersiva, pondo-as ao serviço da música clubbing, levando o nosso cérebro a dançar. Noutras partes, ocupa-se em exercitá-lo com canções altamente cerebrais (como é a dupla suite “Apoptose” – termo técnico para a morte celular programada). Por vezes, até o tenta emocionar. Em última análise, o resultado não é tão místico ou indirecto como no intemporal Elaenia, mas não é isso que importa. A mestria do seu criador torna Crush num álbum viciante e numa experiência verdadeiramente enriquecedora.

Se quiseres ajudar a Comunidade Cultura e Arte, para que seja um projecto profissional e de referência, podes apoiar aqui.

Tags: Crushelectronicafloating pointsSam Shepard

Artigos Relacionados

Nicolas Jaar põe-nos num estado de trance em “Cenizas”

Nicolas Jaar põe-nos num estado de trance em “Cenizas”

por Bernardo Crastes
1 Abril, 2020
0

Ainda nem estamos a um quarto de 2020, e Nicolas Jaar já lançou o seu segundo álbum do ano. Não obstante, Cenizas é um...

Floating Points confirmado para o Vodafone Paredes de Coura

Floating Points confirmado para o Vodafone Paredes de Coura

por Redacção
19 Dezembro, 2019
0

Floating Points (Live) confirmado para o Vodafone Paredes de Coura que está de regresso de 19 a 22 de Agosto....

A viagem de Sensible Soccers ao vivo com “Aurora”

A viagem de Sensible Soccers ao vivo com “Aurora”

por Sara Camilo
8 Abril, 2019
0

Os Sensible Soccers regressaram mais uma vez aos palcos. A 3 de Abril, a Culturgest abriu portas para receber o...

NOS Primavera Sound 2018: as nossas recomendações

NOS Primavera Sound 2018: as nossas recomendações

por Redacção
6 Junho, 2018
0

Nos próximos dias 7, 8 e 9 de Junho, a cidade do Porto voltará a ser invadida por música em...

Lisboa Dance Festival, a música dançável e electrónica passou mesmo pela capital

Lisboa Dance Festival revela horários

por Redacção
6 Março, 2018
0

Nos dias 9 e 10 de Março, o Lisboa Dance Festival assentará arraiais no Hub Criativo do Beato para mais...

Panda Bear fiel a si mesmo em ‘A Day With The Homies’

Panda Bear fiel a si mesmo em ‘A Day With The Homies’

por Daniel Dias
24 Janeiro, 2018
0

Já se passaram quase 11 anos desde que Noah Lennox (operando sob o nome artístico de Panda Bear) lançou Person...

Assina a nossa Newsletter

Recebe em primeira mão, todas as novidades da Comunidade Cultura e Arte

Os mais Populares

Óscares 2021: onde ver os filmes nomeados, em streaming ou de forma gratuita

Óscares 2021: onde ver os filmes nomeados, em streaming ou de forma gratuita

12 Abril, 2021
RTP2 exibe concerto de Harry Styles em Manchester

RTP2 exibe concerto de Harry Styles em Manchester

30 Março, 2021
Comissão Europeia propõe manter “fim do roaming” durante mais 10 anos e quer preço e velocidade iguais em toda a UE

Comissão Europeia lança plataforma de acesso aberto para a publicação de artigos científicos

24 Março, 2021
“At Eternity’s Gate”. Filme sobre a vida do pintor Vincent Van Gogh está disponível na RTP Play

“At Eternity’s Gate”. Filme sobre a vida do pintor Vincent Van Gogh está disponível na RTP Play

15 Abril, 2021

Sobre a Comunidade Cultura e Arte

A Comunidade Cultura e Arte tem como principal missão popularizar e homenagear a Cultura e a Arte em todas as suas vertentes.

A Comunidade Cultura e Arte procura informação actual, rigorosa, isenta, independente de poderes políticos ou particulares, e com orientação criativa para os leitores.

ver mais

Segue-nos no Facebook

Segue-nos no Instagram

Seguir

  • Sobre a CCA
  • Privacidade & Cookies
  • Apoiantes
  • Parceiros
  • Fala Connosco Aqui

CCA 2019 © Todos os direitos são reservados.

No Result
View All Result
  • CINEMA
  • TV
  • MÚSICA
  • LIVROS
  • ARTES
  • SOCIEDADE
  • ENTREVISTAS
  • OPINIÃO
    • CRÍTICAS
    • CRÓNICAS

CCA 2019 © Todos os direitos são reservados.

Go to mobile version