Fernando Luís Sampaio na colecção de poesia de Pedro Mexia: “Aprender a Cantar na Era do Karaoke”

por Comunidade Cultura e Arte,    13 Novembro, 2018
Fernando Luís Sampaio na colecção de poesia de Pedro Mexia: “Aprender a Cantar na Era do Karaoke”
Fernando Luís Sampaio
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À colecção de poesia por Pedro Mexia chega agora um poeta essencial dos anos 1980, que não publicava há mais de uma década. Um volume que reúne os cinco livros editados entre 1983 e 2005 e ainda um conjunto inédito “Roubar o Fogo”.

Fernando Luís Sampaio nasceu em Moçambique, em 1960, e estreou-se com o livro “Conspirador Celeste”, em 1983, e venceu o Prémio Revelação da APE, ao qual se seguiram “Hotel Pimodan”, em 1987, e “Sólon”, no mesmo ano. Já em 2000, lançou “Escadas de Incêndio” e “Falsa Partira, em 2005. O poeta está traduzido em vários idiomas. Foi director do Festival Mergulho no Futuro (na Expo’98) e do Instituto Português das Artes do Espectáculo. É consultor para a dança, o teatro e as músicas plurais no Centro Cultural de Belém.

Sabes como te quis, e quanto,
e soçobrado dancei às portas
da tua estupidez,
com a cabeça estilhaçada
d’álcool, o corpo tomado
pela desigual aliança da carne,
e por ti já não desejo madrugadas
lentas.

A ignorância matinal do mundo
remota o seu rumo
e só depois nos trama a vida.

Capa do livro

“Fernando Luís Sampaio, poeta essencial dos anos 1980, não publicava há década e meia. Aprender a Cantar na Era do Karaoke reúne os cinco livros editados entre 1983 e 2005 e acrescenta-lhes um conjunto inédito, Roubar o Fogo, que mantém um registo definido por Joaquim Manuel Magalhães como ‘abstracção realista’. Esquiva, alheia a confessionalismos, esta poesia está ainda assim do lado da vida, em especial a vida dos afectos ‘torcionários’ e a vida do desejo, comparado a um ‘chacal’. Imagéticos e metonímicos, os poemas fazem referências intensas mas enigmáticas, e um sujeito magoado ou sarcástico enuncia, em toca-e foge, inquietudes, ardis, engates, labaredas, eclipses, enganos, abismos. Urbanos, cosmopolitas, os poemas procuram o que pode sobreviver à ‘escória dos instantes’, o amor, talvez, embora o amor seja uma ‘longa / escadaria sem patamares / ou portas possíveis’. É frequente que os poemas evoquem histórias terminadas, ou fragmentos dessas histórias, e os mais recentes lembram a importância das canções (líricas, derrotadas, cínicas), as canções que nos acompanham, ‘deserdados do romantismo’ que somos, mas também as canções que insistimos em cantar, contra o artificialismo lúdico do karaoke e a feroz indiferença do tempo.”, palavras de Pedro Media

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