Entrevista. Isabel Pires: “O Estado tem que ter um papel fundamental na educação”

por Os 230,    16 Fevereiro, 2021
Entrevista. Isabel Pires: “O Estado tem que ter um papel fundamental na educação”
Isabel Pires / Os 230
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É com o objetivo de continuar a dar a conhecer os deputados da Assembleia da República que o projeto Os 230 divulga a 26ª entrevista. Desta vez, Francisco Cordeiro de Araújo, fundador do projeto, conversa com Isabel Pires, deputada e dirigente do Bloco de Esquerda.

Nasceu e cresceu em Gaia. Relembra a adolescência, marcada pelas manifestações relacionadas com os exames na entrada no início superior. É uma memória que guarda, por considerar ser uma das primeiras coisas em que participou no âmbito da política.

Reflete sobre este episódio das manifestações e a vontade de ver a mudança a acontecer. “As pessoas vão se juntando em torno daquilo que lhes interessa e que é necessário verem resolvido na sua vida. Acho que isso é igual ao longo dos tempos. A vontade que as pessoas têm de tentar mudar alguma coisa, nomeadamente os jovens”, diz.

Mudou-se para Lisboa aos 19 anos e diz que sentiu o choque desta mudança, muito devido às diferenças entre as pessoas do norte e sul. Afirma que os nortenhos são muito mais “abertos e honestos em relação a quem vem de fora”, do que os sulistas.

Mostrou interesse pela política desde muito cedo, tendo entrado para o Bloco de Esquerda (BE) em 2008, com apenas 18 anos. Percebeu que se posicionava à esquerda logo desde aí. “Aquilo que me fez entrar no Bloco de Esquerda, foi o facto de eu sentir que era um espaço mais aberto a todo o tipo de diálogo. Era o mais próximo daquilo que me poderia fazer crescer a nível de pensamento”.

Possui uma paixão por ler, o que a fez começar por estudar Língua, Literatura e Cultura. Um pouco mais tarde, decidiu-se por Ciências Políticas e Relações Internacionais, área onde é hoje licenciada. É durante a entrevista que explica as razões pelas quais efetuou esta mudança de curso, e o que aconteceu durante esta altura da sua vida.

Relativamente ao seu percurso profissional, foi operadora de call center durante alguns anos. Admite que, o mais desafiante do trabalho, foram as difíceis relações pessoais com os clientes e as condições precárias. “Não era incomum existirem casos em que os filtros não eram limpos, e toda a gente apanhava alguma doença na garganta ou nos pulmões”, confessa.

Refere ainda que os direitos dos trabalhadores e reconhecimento da profissão de operador de call center “é uma das grandes lutas” do partido, desde 2015.

Pergunta do público

Qual a visão que tem relativamente ao papel do Estado na educação? A deputada não tem dúvidas: “O Estado tem que ter um papel fundamental na educação, porque é exatamente nas escolas que nos vamos formar, não só o nosso carácter a longo prazo, mas também a parte mais determinante da nossa vida”. Expressa ainda a sua opinião relativamente ao papel que a escola pública tem, de combater as desigualdades sociais.

As escolhas da deputada do BE

Na segunda parte da entrevista, Isabel Pires responde a perguntas de carácter mais dinâmico. Entre várias questões, o deputado de outra bancada que mais admira é Jerónimo de Sousa, e se pudesse ter a oportunidade de almoçar com alguém seria Frank Zappa.

Se houve alguma situação durante o seu tempo como operadora de call center que mais a marcou? Sem dúvida, tanto boas e más recordações. Entre as más, os “vários insultos” com que lidava. As boas, certamente “o respeito e simpatia dos clientes”.

Se criasse uma banda, seria certamente uma banda de punk com um nome alternativo. E se pudesse visitar um país que nunca tenha visitado, seria Itália.

Por último, Isabel Pires deixa uma mensagem aos portugueses: “Acho que acima de tudo, nos tempos que correm, é importante as pessoas informarem-se sobre aquilo que lêem e vêem nas redes sociais e na televisão. Percebermos que estamos num momento de mudança muito importante e que se não identificamos bem os campos onde estamos, corremos o risco de acordar num modelo político que não queremos, e que continuamos a olhar para outros países como os Estados Unidos, o Brasil ou Estado espanhol, e acabamos por esquecer-nos de olhar para o nosso país. É importante as pessoas se informem sobre tudo para perceberem de que lado estão.”

Artigo escrito por Daniela F. Costa, colaboradora do projeto Os 230.

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