Entrevista. Bill Kelliher (Mastodon): “Diria que os melhores fãs são desta zona, acho que são hardcore, muito bons”

por João Estróia Vieira,    24 Fevereiro, 2019
Entrevista. Bill Kelliher (Mastodon): “Diria que os melhores fãs são desta zona, acho que são hardcore, muito bons”
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Antes do concerto do último domingo, numa Sala Tejo do Altice Arena que viria a estar cheia para receber os Mastodon na sua tour europeia de promoção ao álbum Emperor of Sand, tivemos oportunidade de falar com Bill Kelliher, o guitarrista da banda de Atlanta. Quase dois anos depois do último concerto em Portugal, tivemos oportunidade de perguntar como tem corrido esta tour, o que se faz nos tempos mortos (Netflix, sobretudo) e o álbum que se aproxima, programado para a primeira metade de 2020.

Boa tarde Bill, como estás?
Nada mal, um pouco cansado, tem sido uma tour longa. Hoje é a última noite. Bem, amanhã vamos para Israel para tocar um concerto, mas hoje é a última noite da tour europeia.

Nós sabemos que vocês vêm muitas vezes a Portugal, sempre que estão em tour conseguimos ver um concerto de Mastodon. Vocês gostam de Portugal? O que acham do nosso público?
Bem, tem a ver com o próprio país (risos), é fantástico! Adoramos tocar cá. Esta parte do mundo, especialmente Espanha e Portugal, é do caraças. O fãs são muito apaixonados, trazem sempre muitos álbuns para assinar, fotografias e querem palhetas. As pessoas chegam sempre muito cedo e ficam à espera da banda para nos tentarem conhecer. Diria que os melhores fãs são desta zona, acho que são hardcore, muito bons. Por isso estou também ansioso por mais logo, definitivamente.

Já começaste a falar da tour, melhores momentos? Melhores espetáculos?
Não sei, talvez o de ontem à noite tenha sido um dos melhores, em Madrid. Sim, foi muito bom. Outros momentos:  quando estávamos a sair de Estocolmo para apanhar um ferry para a Alemanha o nosso autocarro estragou-se e o que era suposto ser quatorze horas demorou vinte e sete. Foi um dia longo dentro do autocarro. Não há muito para fazer, apenas dormir e beber café. Estava muito frio e com muita neve e o aquecimento também se estragou um desses dias, por isso… Mas o resto da tour foi fantástica, todas as noites brutais. Público fabuloso, parece que cada vez é melhor.

Vocês planeiam a mesma setlist para a tour toda ou vão adaptando à medida que o tempo passa?
Bem, tivemos o Scott Kelly (ndr: guitarrista/vocalista de Neurosis que colabora ativamente com a banda em estúdio) connosco durante três semanas e meia e deixou-nos há pouco tempo. Por isso no final dos concertos ele fazia uma colaboração e cantava umas seis ou sete músicas. Agora que ele não está tivemos que substituir essas músicas por outras.

Falando sobre o Scott Kelly de Neurosis, como é que esta colaboração surge? Já disseste que ele não ia estar cá hoje…
Pois ele está no Japão com Neurosis agora. Conhecemos o Scott quando eu tocava numa banda chamada Today’s the Day, com o Brann (ndr: baterista de Mastodon), em 1999, enquanto estávamos numa tour pela Europa com Neurosis e acabámos por ficar grandes amigos. A banda entretanto acabou, eu e o Brann desistimos, e ficámos o resto da tour com eles porque nunca pensámos que voltaríamos cá. Mal sabíamos nós na altura que acabaríamos por voltar milhares de vezes. Então ficámos e ajudámos a banda tipo roadies. Voivod (banda de metal Canadiana) também estava lá; Today’s the Day, Neurosis e Voivod. Por isso acabámos por ficar muito amigos do pessoal de Neurosis e quando começámos Mastodon até alguns riffs eram muito semelhantes aos que eles faziam e acabámos por pensar: “Deveríamos meter o Scott a cantar isto”.

Ele vai aparecer no vosso próximo álbum também?
Não sei. Quer dizer, de certeza que irá, inclusivamente já gravámos uma nova música com ele antes da tour começar. Era suposto já ter sido lançada mas ainda não aconteceu.

Entrevista com Bill Kelliher / Fotografia de Pedro Piedade

Isso quer dizer que estão a trabalhar em material novo?
Sim, temos essa música com o Scott e uma vez que ainda não saiu provavelmente vamos poupá-la para o novo álbum. Deveremos começar a gravá-lo quando voltarmos para casa.

Há data planeada para o lançar?
Ainda não, mas diria que será no início do próximo ano, 2020.

Gostaríamos de saber: estás a ouvir algumas bandas novas, música nova, alguma coisa que aches que deve ser mencionado?
Nem por isso, não me lembro de nada. Agora oiço bastante Mutoid Man e Kverlatak (ndr: bandas de abertura desta tour europeia), eles são muito bons. Não sei, sinto sempre que fico mal visto quando me fazem essa pergunta. Nunca sei o que responder até que vocês saem e aí digo “ah pois há esta banda e aquela”.

Existe uma banda chamada Whores de Atlanta. Eles são muito muito bons. Já vieram à Europa também. Muito do género AmRep (ndr: Amphetamine Reptile Records – conhecida por se especializar em bandas do género noise rock), do género Minneapolis, tipo Helmet fundido com Jesus Lizard. Tipos muito bons. Quem mais? Não me consigo recordar.

Sabemos que és um fã enorme de Star Wars. Algum filme recente que tenhas visto e que tenhas gostado?

Filmes recentes… Tenho visto muita Netflix. Muitos documentários. Vi o Making a Murderer…

The Ted Bundy Tapes?
Ainda não vi esse mas tenho visto muitos. Abducted in Plain Sight…

Sim, chocante, chocante…
Sim. Também vi Safe. Não é um documentário é tipo série mas é muito boa. Tem aquele actor que fez de Dexter (Michael C. Hall), conhecem-no?

Sim, também fez Six Feet Under.
Sim sim, também adorei essa série. Também vi o Russian Doll, já viram? Achei muito boa também. Já não vejo filmes há algum tempo, estou a tentar recordar-me do último que vi.

Tens muito tempo para ver filmes durante a tour? Já percebemos que Netflix deves acabar por ver.
Não, nem por isso. Quer dizer, temos dias de folga mas não podes ficar dentro do hotel e só ver Netflix. Temos que sair e relaxar, sem dúvida.

Entrevista realizada por João Estróia Vieira Pedro Piedade e João Satiro 

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