EA Live: um ‘fast festival’ com grande pluralidade artística

por Comunidade Cultura e Arte,    3 Junho, 2018
EA Live: um ‘fast festival’ com grande pluralidade artística
© EA Live
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O evento EA Live preencheu, no passado dia 30 de maio, o Coliseu dos Recreios com aqueles que pertencem, atualmente, ao panorama de artistas portugueses mais influentes. Pretendia ser o primeiro “Fast Festival” do país e, durante as oito horas de música prometidas, passaram pelo palco oito artistas. Após os quarenta minutos destinados a cada atuação, Carolina Bernardo entrevistava cada artista ou banda nos bastidores, numa conversa que nos chegava a preto e branco pelos grandes ecrãs, ajudando-nos a entender melhor aquilo que acabáramos de experienciar. Sendo cada concerto exatamente isso – uma experiência – foi possível, durante toda a noite, envolvermo-nos com estilos de música e artistas variadíssimos – do rap de Allen Halloween ao rock de Linda Martini e Samuel Úria, passamos, também, pelo blues de The Legendary Tigerman e pelo metal de Mão Morta.

Allen Halloween abriu a noite, encontrando, no palco do Coliseu, espaço para expor a sua crítica e mensagem social, já conhecida por aqueles que acompanham o seu percurso e que não deixou indiferente quem o ouvia pela primeira vez. Luís Severo encantou o público ao som da guitarra e do piano; sozinho em palco, oscilou entre os seus dois álbuns naquele que foi, como referiu, o último concerto com o set adotado, desvendando estar a preparar um novo álbum que, por consequência, o levaria a incluir a banda nas próximas atuações.

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Já o tempo começava a escurecer quando os You Can’t Win, Charlie Brown subiram ao palco. Em contraste com o estilo suave de Luís Severo, o rock da banda facilmente pôs o público a dançar. O mesmo aconteceu com a atuação de Samuel Úria, que pediu incessantemente ao público para cantar com ele “Carga de Ombro”, música que dá título ao seu último álbum, e “Repressão”. E para que a “onda de rock” não fosse quebrada, os Linda Martini iniciaram o seu terceiro concerto no Coliseu. Apesar de o novo álbum, Linda Martini, ter sido o destaque da noite, sobrou tempo para revisitar alguns dos clássicos da banda, como “Ratos” e “Amor Combate”; o final, como não podia deixar de ser, fez-se ao som de “Cem Metros Sereia”, a música que se tornou o melhor reflexo da ligação existente entre a banda e o público.

Adolfo Luxúria Canibal não deixou que a banda à qual dá voz – Mão Morta – ficasse atrás das atuações anteriores e, num concerto dedicado aos primeiros álbuns, encheu a sala com o típico ambiente pesado que o público tanto esperava. O papel misterioso que adota em palco levou-o a terminar a atuação nos ombros de um dos espectadores, em pleno centro do Coliseu. Ao som de “Fix of Rock’n’Roll”, The Legendary Tigerman iniciou a sua atuação sublinhando o bom que é regressar a casa. Entre “Motorcycle Boy” e “Sleeping Alone”, o artista apostou no seu último álbum, ainda que temas como “These Boots Are Made for Walkin’” e “Naked Blues” tenham feito parte da setlist. À semelhança de Linda Martini com “Cem Metros Sereia”, “Twenty First Century Rock’n’Roll” tornou-se uma espécie de “hino” de encerramento dos concertos de Paulo Furtado, conseguindo, desta forma, acabar com a réstia de energia que ainda existia no público. A encerrar o evento, o Encore Project, denominado Ao Som dos Heróis, prometia ser a grande surpresa da noite. A atuação juntou Francisco Rebelo, músico dos Orelha Negra, e Rui Pregal da Cunha, antigo vocalista dos Heróis do Mar, num tributo inédito a esta última banda.

A complementar as atuações dos músicos, destacou-se o excelente desempenho de Filippo Fiumani. Responsável pelo design do evento, o seu trabalho estava visível tanto no cartaz, como ao longo dos concertos, levando o público a desviar o olhar do palco em direção às animações cheias de criatividade. Numa altura em que a música portuguesa continua o seu processo de crescimento, com cada vez mais artistas a diferenciarem-se nos mais variados estilos musicais, EA Live revelou-se bastante pertinente, tanto por dar a conhecer essa mesma pluralidade de artistas – oscilantes entre o rap crítico e o mais puro do rock –, como também por ter proporcionado oito horas de adrenalina, num “abrir o apetite” para a época dos festivais de verão que se avizinha.

Artigo da autoria de Marta Vicente e João Pinho

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