Doclisboa apresenta “Outros Mapas – Exílios e Deslocações” no Museu do Oriente

por Comunidade Cultura e Arte,    28 Janeiro, 2020
Doclisboa apresenta “Outros Mapas – Exílios e Deslocações” no Museu do Oriente
“Ta’ang” (2016), de Wang Bing
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Para o Museu do Oriente, o Doclisboa preparou um programa de filmes que refletem sobre a deslocação e o exílio como condições permanentes de uma parte da humanidade, segundo cada momento histórico. As causas são variadas, mas esses movimentos transformam os espaços, marcam os territórios, deixam rastos que transformam os mapas – são outras histórias, alternativas, dos humanos.

Neste programa o Doclisboa concentrou-se na deslocação em fuga que antecede a constituição da figura do refugiado. Partiu de histórias de vida concretas, retratos relacionados com a primeira metade do século que ressoam no presente, de forma surpreendente e muitas vezes irónica: irmãs polacas refugiadas na Tanzânia durante a II Grande Guerra (Memory is Our Homeland, de Jonathan Kolodziej Durand), ou a história familiar do Suíço Markus Imhoof (Eldorado) acolhendo uma refugiada Italiana e o modo como a empatia e a solidariedade necessários ao acto de acolher são precisamente as características humanas desafiadas pela política Europeia hoje (revelando inclusive o modo como redes de trabalho escravo são montadas na sombra das políticas de fronteira).

Na segunda metade do programa o tema é centrado no movimento em relação com os territórios: em Ta’angWang Bing acompanha com a sua câmara a dura fuga, pelas montanhas da fronteira da China com a Birmânia, de famílias que escapam à guerra civil; em Babylon, de Youssef Chebbi, Ismaël e Ala Eddine Slim, habitamos um campo de refugiados na Tunísia, desde a criação até à sua desmontagem, sem qualquer legenda ou tradução: os corpos, as relações, as tentativas de criar sentido num território que, depois de tudo desaparecer, voltará ao estado inicial sem poder nunca voltar a ser o mesmo. As vidas podem mais que as fronteiras.

Pelo terceiro ano consecutivo, o Doclisboa regressa ao Museu do Oriente, todos os domingos à tarde, durante o mês de Fevereiro.

“Memory Is Our Homeland” (2018), de Jonathan Kolodziej Durand

Programa

02 de Fevereiro | Auditório | 17h00
Memory Is Our Homeland 
Jonathan Kolodziej Durand • 2016 • Canadá • 90’
(Estreia em Portugal)

A história esquecida de quase dois milhões de refugiados em África. De 1942 a 1952, um grupo de crianças viajam pela Sibéria, Irão, Índia, e África Oriental, para começarem novas vidas em Montreal, Sheffield e por toda a diáspora polaca. Suportado pelo testemunho da avó, Durand revela um capitulo desconhecido da história,  mostrando que a pátria pode não coincidir com o lugar de nascimento, mas com a viagem realizada para o deixar.

09 de Fevereiro | Auditório | 17h00
Eldorado 
Markus Imhoof • 2018 • Suíça, Alemanha • 92’
(Selecção Oficial Doclisboa’18)

A actual crise dos refugiados constitui a maior deslocação em massa de pessoas desde a Segunda Guerra Mundial. Imhoof leva-nos numa viagem por navios de guerra italianos da Operação Mare Nostrum, por campos de refugiados no sul de Itália e por audiências de asilo com autoridades suíças. Uma crise causada por desigualdades económicas que transformam os países ricos do Norte no eldorado que tantos desfavorecidos tentam alcançar a todo o custo.

16 de Fevereiro | Auditório | 17h00
Ta’ang
Wang Bing • 2016 • Honguecongue, França • 90’
(Selecção Oficial Doclisboa’16)

Os ta’ang, uma minoria étnica birmanesa, encontram-se entre uma guerra civil e a fronteira com a China. Desde 2015, violentos combates obrigaram milhares de crianças, mulheres e idosos a um êxodo além-fronteiras, para a China. Ta’ang acompanha o quotidiano desses refugiados, forçados a deixar as suas casas, mas esperando regressar a breve prazo.
23 de Fevereiro | Auditório | 17h00
Babylon
Youssef Chebbi, Ismaël, Ala Eddine Slim • 2012 • Tunísia • 119’
(Selecção Oficial Doclisboa’12)

Pessoas chegam a um território virgem numa zona selvagem. Rapidamente, constrói-se uma cidade do nada. Habitada por várias nacionalidades, as pessoas que aí vivem falam línguas diferentes. Esta nova Babilónia, rodeada de árvores e animais, ganha rapidamente a forma de uma cidade ao mesmo tempo banal e extraordinária.

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