Amy MacDonald e os périplos da sua humanidade em The Human Demands

por Linda Formiga,    8 Dezembro, 2020
Amy MacDonald e os périplos da sua humanidade em <i>The Human Demands</i>
Capa do disco
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Amy MacDonald andou nas bocas do mundo com “This is the life” que irrompeu, com a sua sonoridade meio country, em 2007, que fez parte do álbum com o mesmo nome. Desde então, editou mais três discos, esgotou salas por todo o lado e, a partir da sua Escócia natal, lançou “The Human Demands”, que viu a luz do dia a 30 de Outubro. Será talvez o disco mais adulto do Amy MacDonald, também é possível que nos faça esquecer a até agora mais conhecida música da cantora, e isso abona significativamente a favor de “The Human Demands”.

Produzido por Jim Abbiss (que trabalhou com Arctic Monkeys e Kasabian), Amy MacDonald nunca escondeu as influências que Bruce Springsteen tem sobre a sua música e, especificamente sobre este álbum. Num concerto de apresentação na data de lançamento do disco, Amy Macdonald assume que este é um álbum sobre o passar da idade, sobre a forma de se ver como artista e como mulher. Também tem, como a artista disse, alguma da introspecção que o confinamento trouxe a cada um de nós e essa será eventualmente a tónica mais presente em “The Human Demands”.

Com a roupagem rock-pop orelhuda, “The Human Demands” traz-nos a imagética da infância com “Statues” em “On the streets where I was born/It’s a street that nothing changes”, mas é acima de tudo sobre a solidão, sobre o amor, sobre a perda e a redescoberta das diferentes vias que a vida vai percorrendo. É muito mais um disco de dúvida do que de certezas ao nível lírico, mas é um disco que peca por alguma inconsistência mas é bem produzido, destacando-se a firmeza da voz de Amy MacDonald, cujo único defeito, se assim o podermos dizer, é ser pouco elástica.

A história de “The Human Demands” far-se-á melhor no Inverno, com toda a introspecção que termina em “Something in Nothing”, que nos faz querer ouvir todo o álbum no formato mais acústico, e far-se-á na Primavera, com “Fire”, numa pop mais orelhuda e mais aberta que se destaca de todo o álbum. É mais um disco para se ir ouvindo do que ouvir de assentada, a menos que se esteja a fazer uma roadtrip pós-pandemia e se queira cantarolar “And your heat starts beating when you hear that song/ And you finally feel like you’re not alone/ And the weight is gone/ We are moving on”. Não será o disco em que Amy MacDonald apostou numa nova sonoridade, num estilo próprio, manteve-se volátil a permeabilidades mais pop, provavelmente reminiscência da sua triunfante entrada no tops em 2007. Talvez um puxar de corda e um risco calculado não lhe fizessem mal, mas não nos parece que o trajecto de Amy pare por aqui.

No concerto de apresentação para lançamento do álbum, e que já aqui referimos, Amy MacDonald exprimiu a sua preocupação em relação às salas de concertos que se encontram encerradas. É nestas salas que Amy McDonald continuará a tocar, num futuro que queremos que não seja muito longínquo, e que irá, certamente, fazer as delícias dos fãs desde o primeiro hit até aos fãs que “The Human Demands” certamente lhe trará.

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