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Álvaro Siza Vieira, a construção de uma carreira única

por Lucas Brandão
11 Abril, 2017
em Artes, Sociedade
Álvaro Siza Vieira, a construção de uma carreira única

Álvaro Siza Vieira. Fotografia de Estela Silva

Álvaro Siza Vieira trata-se de um dos principais arquitetos do século XX, e de um dos nomes aos quais Portugal é associado lá fora. A vida e obra de Siza Vieira é imprescindível da história da arquitetura contemporânea, estando ao seu currículo ligadas diferentes construções nacionais e internacionais. As condecorações são o resultado normal e natural de um percurso que teve as suas raízes no Porto e no associativismo académico e artístico, e que culminou na ampliação de horizontes, de perspetivas e de formas com o perfume de fora. Um nome simétrico àquilo que é a grandiosidade daquilo que concebeu e fez até hoje, continuando a laborar e a emprestar os seus créditos a inúmeras projeções e realizações.

Álvaro Joaquim de Melo Siza Vieira nasceu a 25 de junho de 1933 na cidade de Matosinhos, na costa nortenha portuguesa. A sua educação decorreu naturalmente, no seio da zona portuense, onde estudou e onde viria a lecionar. Tudo isto na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, estando como estudante de 1949 a 1955, e como professor assistente de construção de 1966 a 1969, e em 1976. Antes de se licenciar, começou a trabalhar em 1954, dando forma e vida a quatro habitações em Matosinhos, sua cidade-natal.

Porém, foi como artista que se foi firmando. Tomando como referências o orgânico norte-americano Frank Lloyd Wright, o hierárquico austríaco Adolf Loos e o também naturalista finlandês Alvar Aalto, Álvaro Siza Vieira descobriu um caminho único e identitário nas lides da conceção e da construção. Assumindo uma perspetiva modernista e vanguardista, constatável nas suas formas e sentidos arquitetónicos, não se esqueceu das tradições portuguesas e dedicou-lhes especial atenção, em especial no que toca à sua minúcia e rigor. Esta fusão levou a obras preponderantes naquilo que é a consideração do espólio imóvel nacional, destacando-se a Casa de Chá da Boa Nova (1958-1963), em Leça da Palmeira; o Museu de Arte Contemporânea de Serralves (1997), na cidade do Porto; a Igreja de Santa Maria (1990-1996), em Marco de Canaveses; e, um pouco antes, a própria Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP, 1986-1993).

Grande parte das obras erigidas não seriam materializáveis se antes não tivesse surgido a figura de Fernando Távora, seu professor e com quem estagiou, e do próprio grupo da Escola do Porto, com quem cooperou entre 1955 e 1958 e de quem nunca se desvinculou totalmente. Este registo artístico fundamentou-se também no modernismo, sendo introduzido pelo docente e arquiteto Marques da Silva e pelo diretor da então ESBAP (Belas-Artes, que viria a desdobrar-se nas atuais FBAUP e FAUP) Carlos João Chambers Ramos. A atitude destes dois indivíduos foi determinante para que a inovação entrasse com familiaridade no engenho e na inspiração dos aspirantes artistas, tendo o portuense e Eduardo Souto de Moura sido galardoados com o principal prémio de arquitetura a nível internacional, o Pritzker (Siza em 1992 e Souto de Moura em 2011). Nesta dinâmica, Siza Vieira voltaria para contar as suas experiências a diversos estudantes, juntando-se a figuras como Mário Bonito, Barata Feyo, Júlio Resende (pintores. embora Feyo fosse predominantemente escultor), e José Rodrigues (escultor) na partilha e no fomento da prática criativa na cidade Invicta. Para além disso, incluíam os próprios discentes em práticas artísticas e em projetos nos seus ateliês pessoais. Este movimento foi também fundamental na revitalização arquitetónica e espacial da própria cidade do Porto, para além de se ter envolvido num projeto de habitação social no pós-25 de abril. Desde São Bento até os Aliados, são poucos os espaços que hoje não podem reivindicar a presença e o virtuosismo dos diferentes envolventes nessa escola. Grande parte do seu legado, em especial dos arquitetos mencionados, encontra-se salvaguardado e exposto no Museu da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto.

Por cá, foi responsável também pelas instalações da Expo’98, em Lisboa; e pelas da Expo’2000, estas já em Hannover, na Alemanha. Ambos os projetos foram feitos em parceria com Souto de Moura. Também por cá, criou a Piscina das Marés, espaço que se tornou bastante reputado, e que se juntou à Casa de Chá da Boa Nova, ambos na cidade costeira de Leça da Palmeira. A formação rochosa da primeira permitiu a Siza potenciar o alcance marítimo e desobstruir as visões que contemplam o horizonte do mesmo. A revolução de 1974 foi naturalmente positiva para o potencial criativo e construtivo do nortenho, levando-o a embarcar em projetos com um cunho ainda mais seu. Isto culminou no convite da Câmara Municipal de Évora, que lhe atribuiu uma série de construções habitacionais na zona rural cidade, e que se incluiu no plano SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local). Neste, foram erigidas mais de mil casas, todas elas com pátios e desenvolvidas com custos baixos, rentabilizando ao máximo as potencialidades dos espaços nacionais.

Fora de portas, e a partir dos anos 80, Álvaro Siza Vieira desenvolveu, tanto na Europa, como na América, obras de vulto, incluindo o edifício “Bonjour Tristesse” (1980-84), em Berlim, o centro cultural e o auditório (1998) da Fundação Iberê Camargo, em Porto Alegre; para além de institutos académicos em Espanha, estudos urbanísticos em Itália e em França, projetos conceptuais nos Estados Unidos, entre diversos outros. Como outra referência teve também o suíço Le Corbusier, assumindo a capacidade de se reinventar para cada trabalho e para as exigências de cada um. Não obstante uma aparente simplicidade naquilo que eram os seus traços iniciais, era mais complexo aquilo que, de facto, nascia, partindo para uma visão urbana e funcional daquilo que é a sua edificação. Também assumiu a responsabilidade de diversos planos de recuperação e de reconstrução, tais como o da Zona 5 de Schilderswijk, em Haia (1985 e 1989) e o dos blocos de “Ceramique Terrein”, em Maastricht (1995), ambos na Holanda; o da recomposição da zona do Chiado, em Lisboa, após o incêndio de 1988; e o projeto do centro meteorológico da “Villa Olimpica” em Barcelona, pouco antes dos Jogos Olímpicos de 1992.

Todo este currículo levou-o a assumir funções de docente na América, em especial na University of Pennsylvania, em Harvard e na Universad de Los Andes, na Colômbia, e também na Suíça, mais concretamente na Université de Lausanne. Casando-se com Maria Antónia Marinho Leite, viria a ter com ela dois filhos, Joana Marinho Leite Siza Vieira e o também artista Álvaro Leite Siza Vieira. A precoce morte da sua esposa, no ano de 1973, com somente 32 anos, afetaria também a trajetória da sua carreira, levando-o a colaborar e a trabalhar mais vezes no estrangeiro. O seu registo arquitetónico tornou-se conhecido como “modernismo poético”, colaborando em ensaios onde exprimiu essa ideologia muito própria, e onde frisou também a influência do mexicano Luis Barragán naquilo que é o virtuosismo conceptual e formal deste. Recentemente, Siza Vieira envolveu-se na reabilitação arqueológica de vários monumentos da Cidade Velha, na ilha cabo-verdiana de Cabo Verde. Precedendo este trabalho, está a renovação da fachada e do centro de visitas de Alhambra, complexo com fortes influências islâmicas, em Granada. O arquiteto português possui o material que foi usando durante a sua carreira em três espaços, entre os quais dois portugueses. Estes são, então, o Canadian Centre for Architecture, em Montreal, a Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, e a Fundação de Serralves.

Em termos honoríficos, e para além do Prémio Pritzker que recebeu em 1992 pelas obras encetadas na reconstrução da zona do Chiado, foi homenageado na Harvard Graduate School of Design, pelo arquiteto espanhol Rafael Moneo. Outros prémios que recebeu foram o inaugural Mies van der Rohe Award for European Architecture , a Alvar Aalto Medal (ambos em 1988), o Prémio Nacional de Arquitetura (1993), o Wolf Prize in Arts (2001), um Leão de Ouro na Bienal de Arquitetura em Veneza (2002), para além de um outro leão, desta feita relativo à sua carreira, no ano de 2013, a Royal Gold Medal (2009), e a UIA Gold Medal (2011, atribuída trianualmente, por parte da International Union of Architects). Convidado para inúmeros seminários e conferências pelo globo, tornou-se também Doutor Honoris Causa numa série de instituições académicas, incluindo as Universidades de Palermo, de Coimbra, de Nápoles, de Paraíba, de Pavia, e as politécnicas de Valencia e de Lausanne. Para além destas honras, tornou-se membro de várias agregações formais de artistas, como a American Academy of Arts and Sciences, assim como da American Institute of Architects, membro honorário da Royal Institute of British Architects, e parte da European Academy of Sciences and Arts. Para além deste extenso leque de condecorações, recebeu também o Colar da Ordem Militar de Sant’Iago de Espada (1992), e da Ordem do Infante D. Henrique (1999) – prevendo-se a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública para este ano – , destinados a condecorar méritos culturais e a expansão cultural do país dentro e fora do país.

Álvaro Siza Vieira é um dos principais rostos exportados por Portugal para fora, sendo facilmente reconhecido pela comunidade artística internacional como um dos mais relevantes nomes da arquitetura. A sua produção vasta e numerosa nunca perdeu o sentido das suas raízes, crescendo sempre com base naquilo que o espaço lhe oferece. A partir da fartura de competências que foi adquirindo e das influências que foi aglutinando, a sua obra conheceu várias formas e feitios, desdobrando-se consoante a tradição o requisitava. Desta forma, e com um currículo que se fortalece com uma discussão constante e eloquente dessa área, Siza Vieira é incontornável daquilo que é o mérito e o talento do que é produzido em terras lusas. De pendor internacional, não se questiona o fator primordial de um arquiteto tradicional e genial.

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Tags: Álvaro Siza VieiraarquiteturaPortoportugalserralves

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