Almeida Garrett, o escritor do liberalismo português

por Joana de Sousa,    9 Dezembro, 2016
Almeida Garrett, o escritor do liberalismo português
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João Leitão da Silva nasceu na freguesia da Vitória, na cidade do Porto, a 4 de Fevereiro de 1799. Apesar de ter nascido no Porto, foi em Vila Nova de Gaia que viveu a sua infância e seria nessa época que adotaria o apelido do seu padrinho, passando a chamar-se João Batista Leitão da Silva. Na adolescência, mudar-se-ia para a ilha Terceira, nos Açores, aquando da invasão das tropas francesas de Napoleão Bonaporte, e aí seria instruído na vida eclesiástica, tendo entrado na Ordem de Cristo por intercedência do seu tio, Frei Alexandre, Bispo de Angra.

«Sobre um rochedo
Que o mar batia,
Triste gemia
Um desgraçado,
Terno amador.
Já nem lhe caem
Dos olhos lágrimas,
Suspiros fervidos
Apenas contam
Seu triste amor.»

Regressaria ao continente para cursar Direito na Universidade de Coimbra. No ano de 1818, toda a família adota o par de apelidos Almeida Garrett e o autor  passa então a assinar João Batista Leitão de Almeida Garrett. Publica «O Retrato de Vénus», pelo qual é criticado e acusado de ateísmo e de abuso da liberdade de imprensa. Após a revolução liberal de 1820, na qual participa ativamente, procura exílio em 1823 e novamente em 1828, regressando por fim a Portugal em 1832. É durante o seu exílio, em que esteve em França e Inglaterra que entra em contacto com o movimento romântico de William Shakespeare e Walter Scott.

«Dói-me alma, sim; e a tristeza
Vaga, inerte e sem motivo,
No coração me poisou.
Absorto em tua beleza,
Não sei se morro ou se vivo,
Porque a vida me parou.»

Apesar da sua conturbada vida política, é na literatura que Almeida Garrett se revelaria um visionário. Considerado como o criador da prosa moderna na literatura portuguesa, dedicou-se também à dramaturgia e à poesia, sendo que nesta última viria a libertar-se dos cânones clássicos, criando uma estética romântica singularmente sua. É o autor de «Nau Catrineta» o consagrado poema que viria décadas mais tarde a inspirar tantos outros autores, como por exemplo Sophia de Mello Breyner, que recitaria este mesmo poema desde os seus 3 anos, sendo este o seu primeiro encontro com a poesia. A obra de Almeida Garrett é considerada uma das mais importantes na literatura portuguesa do século XIX, a par de Luiz Vaz de Camões.

Almeida Garrett faleceu a 9 de Dezembro de 1854, em Lisboa. O seu corpo foi, posteriormente, transladado para o Panteão Nacional.

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