Abraão Vicente, Ministro da Cultura de Cabo Verde, em entrevista: “O principal será os escritores e a literatura de Cabo Verde”

por Mário Rufino,    10 Outubro, 2017
Abraão Vicente, Ministro da Cultura de Cabo Verde, em entrevista: “O principal será os escritores e a literatura de Cabo Verde”
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Morabeza. Assim se chama a Festa do Livro que acontecerá em Cabo Verde, entre 30 de Outubro e 5 de Novembro. O Palácio da Cultura da cidade da Praia será o principal local onde decorrerá, segundo a organização, o maior evento literário dos PALOP. Abraão Vicente, Ministro da Cultura de Cabo Verde, esteve em Lisboa e conversou com a Comunidade Cultura e Arte sobre a 1ª edição da Morabeza – Festa do Livro.

Por quê criar um evento literário em Cabo Verde?

Estamos a tentar reavivar o papel da Biblioteca Nacional. Ao entrar como titular da pasta da Cultura, observei que já não havia edições da parte do Estado.

Num país como Cabo Verde, com um mercado muito exíguo, o Estado deve continuar a estar presente e a incentivar o sector das edições, assim como as outras secções da cultura. Queremos que o Morabeza seja o “clique” para reactivar toda a dinâmica da cultura em Cabo Verde, não só para a reedição dos clássicos cabo-verdianos mas também para encontrar novos valores. O meio literário cristaliza-se facilmente. Quando se tem quatro ou cinco nomes consagrados, eles é que fazem a festa toda. Eles é que vão às conferências internacionais, aos festivais…

Há mais de vinte anos que não desponta no panorama cabo-verdiano um novo nome. Os novos estão consolidados: Germano de Almeida, Vera Duarte, Filinto Elísio, José Luiz Tavares. Mesmo o Joaquim Arena, que tem dois romances fantásticos, acaba por não despontar. O Morabeza pretende mostrar que é preciso uma política pública de incentivo à cultura. Acredito que o Estado tem de estar por dentro do sector da cultura. É claro que os privados têm as suas iniciativas, mas essas iniciativas visam o lucro  –  e isto aqui não é uma oposição entre capitalismo e socialismo ou “esquerda” e “direita”. Nós, como Estado, temos a obrigação de criar linhas de políticas públicas que incentivem eventos com qualidade. Essa é a ideia do Morabeza.

Os autores que referiu conseguem sair de Cabo Verde?

Raramente. Os convites são feitos muito mais para o Brasil do que para Portugal. Tanto na Universidade do Rio de Janeiro como na Universidade de São Paulo já estudam a literatura cabo-verdiana. O Evel Rocha, que é desconhecido em Portugal, é quase uma estrela no Brasil.

Grande parte dos nossos autores vão para a Universidade de São Paulo muita à custa de termos a Simone Caputo Gomes, que é uma investigadora apaixonada pela literatura cabo-verdiana. Não há uma dinâmica própria de um público que diga “nós queremos autores cabo-verdianos”. O que eu tenho repetido ao longo destes dias é de o Morabeza ser a ideia de inverter a lógica de ao longo do tempo sermos apenas convidados para preencher a quota de Cabo Verde. Muitas vezes os organizadores de um evento convidam a pessoa que conhecem porque é preciso ter um cabo-verdiano, um angolano, um são-tomense.

Criámos este festival em Cabo Verde com ousadia e atrevimento para dizer que nós organizamos e vocês são os convidados. O principal será os escritores e a literatura de Cabo Verde.

Essa exportação está relacionada com o intercâmbio entre vários festivais?

Sem dúvida. A “Rota das Letras”, em Macau, a “Feira da Palavra”, em Porto Rico e com “os dois pés” em Nova Iorque, e o LeV, em Matosinhos. Mas a nossa ideia é a da literatura cabo-verdiana como base, por isso é que nós quisemos começar com um evento ao mais alto nível. Contratámos a Booktailors pela experiência que tem em Portugal, mas também pela capacidade de mobilização de nomes sonantes de outras literaturas.

Os escritores são seres muito especiais. Se não têm confiança que o evento vá funcionar… Podem até vir gratuitamente, mas têm que confiar que terão palco e serão, no momento em que falam, respeitados e devidamente enquadrados. Por isso tivemos a preocupação em ter uma empresa que tem os contactos e que trata a literatura como algo muito especial. Queremos que as pessoas sintam isso ao chegar a Cabo Verde.

A literatura é algo que, de facto, merece ser cultivada com a mesma intensidade com que cultivamos a música em Cabo Verde. Temos 22 municípios e temos 22 festivais de música.

No Morabeza, a música também vai estar presente…

Todas as mesas têm títulos de músicas cabo-verdianas. A música também vai estar presente, mas não vai ser o prato principal.  O fundamental é colocar o foco na literatura durante esses 7 dias.

E também vai haver outras actividades…

Vai haver boa comida cabo-verdiana, sessões de pintura mural, batuque, funaná e estamos a ver se conseguimos fazer uma noite de morna com novas vozes de Cabo Verde para as pessoas sentirem também a razão de estarmos a candidatar a morna a Património Imaterial da Humanidade.

A música cabo-verdiana só é a música cabo-verdiana porque temos um punhado de bons compositores e que escrevem em crioulo. É outra vertente que vamos debater no festival. A convivência entre o português e o crioulo é um debate a que é impossível fugir.

Quantos escritores é que vão estar presentes?

Neste momento, temos mais de trinta escritores confirmados. São de Portugal, Angola, Brasil, Moçambique e Cabo-Verde, obviamente.

Recentemente, saiu uma notícia na InforPress – Agência Cabo-Verdiana de Notícias onde era referido que Arménio Vieira, Germano de Almeida e José Luiz Tavares não iriam estar presentes

Nós desmentimos no mesmo dia porque obviamente não é verdade. Tanto o Germano como o Arménio reconfirmaram nas horas a seguir. Quando dei conta, fiz os contactos para perceber o que se tinha passado. José Luiz Tavares não aceitou participar no festival por achar que nós convidámos primeiro o Mia Couto, o Agualusa, outras pessoas de fora, e não fizemos o tratamento protocolar que ele achava que nós deveríamos fazer. Eu acho que é uma “não-questão”. Os escritores têm o direito de recusar em participar em qualquer evento.

Nenhum país ou nenhuma organização deve aceitar discursos com até alguma tonalidade… não diria racista, mas falar de empresas estrangeiras… Estamos a falar de gente que trabalha num outro país durante décadas, trabalha numa instituição estrangeira, depois o seu país – onde ele não vive – organiza um evento  e contrata uma empresa do país onde ele vive, do país onde ele trabalha. E ele começa com estes discursos. Nenhuma organização se deve submeter a vontades de uma pessoa que quer boicotar um evento porque ela acha que o nome do evento não é bom…

Nós explicámos imediatamente. O Germano, ao compreender o que se passava, disse imediatamente que tinha sido levado a interpretar erradamente e que participava. O Arménio Vieira a mesma coisa. Chegará no dia 1. O Germano estará do início ao fim. Ele tinha percebido que iria estar apenas no dia da mesa, o que não faz sentido. A nossa ideia é a de eles conviverem. Os nossos escritores são os que vão dar a Morabeza aos que vêm.

Num país onde este é o primeiro evento desta dimensão – aliás é o primeiro evento em todos os PALOP – é normal que todo o mundo queira um destaque especial. No entanto, também é preciso perceber que é um evento que vai ser anual. Não podemos convidar numa 1ª edição todos os escritores cabo-verdianos. Acredito que a ansiedade tenha a ver com a novidade que é o festival.

Falou-me do crioulo. Como é que se conjuga na literatura cabo-verdiana a presença do crioulo, que é identitária, e a língua portuguesa?

O conflito não é entre o crioulo e o português. O conflito é entre as apreciações que se construíram ao longo do tempo entre o papel social da língua portuguesa e o do crioulo. O português é a língua de dominação, foi a língua de uma certa elite durante algum tempo, e que se impôs até à abertura democrática em Cabo Verde como a língua de trabalho. O crioulo é a língua que venceu naturalmente pela força que tem no quotidiano. Nós, em Cabo Verde, vivemos, pensamos, sentimos e comunicamos em crioulo a todo o momento. Não há espaço para o português no nosso quotidiano. Falamos português nos momentos oficiais. Mas existe um bom convívio entre o português e o crioulo. Temos uma lei que diz que qualquer pessoa que, nas instituições públicas, vá tratar dos seus assuntos em crioulo tem que ser tratada com a mesma dignidade de quem vai tratar na língua oficial. O nosso artigo 9º diz que o português é a língua oficial, mas o Estado e o Governo devem fazer todas as “démarches” para dar o mesmo estatuto ao crioulo. Só não se deu o estatuto oficial ao crioulo na altura porque prevaleciam os mitos de que era preciso padronizar a língua.

Sou abertamente defensor de uma oficialização simbólica do crioulo. Com o tempo, os estudiosos hão-de perceber como haveremos de criar uma gramática e uma metodologia de estudo que abarque todos os crioulos. Enquanto eu digo crioulo, os estudiosos dizem língua cabo-verdiana, ou seja, todos as línguas crioulas de todas as ilhas com todos os sotaques e todas as palavras. Não percebo a ideia de termos de padronizar. Isso significaria perder a riqueza da língua cabo-verdiana. Há palavras em Santo Antão que não existem em Santiago, e vice-versa. Há palavras na Brava que não existem na Ilha do Maio nem em São Nicolau. Padronizar é algo que soa estranho.

O crioulo foi usado, principalmente na literatura pós-colonial, como emancipação?

Manuel Veiga, que foi ministro da cultura entre 2006 e 2011, tem dois romances em crioulo. O Tomé Varela, que é um dos grandes investigadores, tem também romances e uma colectânea de histórias em crioulo. O Dany Spinola tem romances em crioulo. E toda a música cabo-verdiana é escrita em crioulo. A música tradicional cabo-verdiana é muito bem escrita.

Há muitos escritores  a compor. Eugénio Tavares, por exemplo.

Eugénio Tavares é o patrono do dia da cultura, que é 18 de Outubro, e é um escritor de fina pena. As mais belas mornas foram escritas por Eugénio Tavares e B.Leza. Em crioulo. O Eugénio Tavares também escreveu mornas em português, mas as que sobreviveram ao crivo do tempo são as em crioulo.

Vão organizar um colóquio sobre Eugénio Tavares…

Sim, durante o Morabeza, por impulso da Biblioteca Nacional. A nova curadora, que é uma estudiosa em crítica literária, está empenhadíssima em dar conteúdo ao facto de escolhermos Eugénio Tavares como patrono da cultura.

Nós escolhemos Eugénio Tavares como algo simbólico. As suas obras não estão no mercado. Vamos reeditar agora as obras completas de Eugénio Tavares, no dia 18.

Corsino Fortes, que foi embaixador de Cabo Verde em Portugal, intitulou Eugénio Tavares de “Camões de Cabo Verde”.

É o que dizem. É uma “espécie de Camões”. Acho que não há comparação.

Eugénio Tavares teve uma vida muito peculiar. Era meio galego, meio português, nasceu num barco a caminho da emigração e ficou em Cabo Verde. Viveu na Brava, ilha mais isolada de Cabo Verde. Foi activista, jornalista, crítico com pensamentos de nacionalistas cabo-verdianos. Por isso é que geração dele é a dos pré-nativistas. Anteciparam a Claridade, mas também anteciparam todo um discurso nacionalista, ao ponto de Eugénio Tavares escrever em vários textos a necessidade de Cabo Verde ser independente. Ele percebia que Portugal não dava atenção devida às fomes, às secas, às mortes. O século XX foi arrasador em termos de secas. Eugénio Tavares foi muito político, pedindo a independência de Cabo Verde.

É o período de Iniciação da Literatura Cabo-Verdiana, que vai da origem até, mais ou menos, 1925…

O final do século XIX e início do século XX foram o reinado de Eugénio Tavares.

Ele é estudado nas academias ou universidades?

Muito estudado. Hoje já temos uma academia cabo-verdiana, mas a nossa literatura é melhor estudada no Brasil. Muito mais do que em Portugal. Em Portugal, resume-se à Faculdade de Letras, enquanto a professora Inocência Mata esteve cá, mas no Brasil a professora Simone Caputo Gomes tem desenvolvido os estudos. Há teses sobre quase todos os escritores cabo-verdianos, em São Paulo.

Haverá também seminário sobre Luís Romano…

É um seminário patrocinado pela Embaixada do Brasil e impulsionado pela professora Caputo Gomes.
O Luís viveu grande parte da sua vida no Brasil. Ela ficou depositária das obras, da fundação, da biblioteca de Luís Romano e de dois originais que nós vamos publicar.

Luís Romano já é de um período Pós-Claridade?

Sim, Pós-Claridade. Ele morreu há cerca de 10 anos.

Baltasar Lopes [fundador da revista Claridade] ficou de fora?

A Claridade está sempre presente. Ontem, o Filinto Elísio disse na apresentação da obra “Claridosidade” que a Claridade é a nossa marca dialéctica. Nós falamos sobre a literatura cabo-verdiana sempre tendo a Claridade como referência. Chiquinho é um marco. Falou-se muito disso na apresentação. Qualquer pessoa que fale de literatura cabo-verdiana vai ao Chiquinho. É a primeira obra que tem Cabo Verde como paisagem e tem expressões cabo-verdianas misturadas com português, o que foi uma espécie de revolução na altura. Chiquinho sintetiza toda a existência cabo-verdiana no dilema “quero ficar, mas vou ter que sair” ou “quero ir, mas tenho de ficar porque não tenho condições de partir”. Esse é ainda hoje o grande dilema do cabo-verdiano.

Tem a ver com a insularidade?

Sim, a insularidade marca-nos de uma maneira extraordinária. Essas polémicas têm a ver com o facto de termos ilhas. As pessoas querem ser consagradas em Cabo Verde. Qualquer pessoa pode ser famosa no mundo inteiro, mas enquanto não for reconhecido em Cabo Verde parece que há qualquer coisa que não funciona. Nós voltamos sempre à ilha.

Nesse mesmo período de Luís Romano, aparece em Sélò, suplemento do Notícias de Cabo-Verde, um jovem escritor chamado Arménio Vieira [Prémio Camões]. O programa procurou abranger os vários períodos?

Nós queremos evitar a ideia de homenagens. A Academia deve fazê-lo. O festival quer ser o sintetizador daquilo que a própria academia e a produção literária fazem durante o ano.

Arménio Vieira vai estar em conversa com Germano de Almeida e com o Mia Couto e ainda na sessão inaugural [com o Ministro da Cultura Abraão Vicente e Francisco José Viegas]. A nossa ideia é ter também o Presidente da República, que é o nosso surrealista confesso.

Os momentos académicos de reflexão sobre épocas são sempre um fracasso. Ontem fomos a uma apresentação do livro que tinha 8 pessoas. Essa insistência em reflectir profundamente com os sábios que sabem tudo…não… eu quero que os momentos sejam de celebração. São linguagens completamente diferentes. O nosso principal objectivo é aproximar as pessoas da literatura, é conhecerem o Arménio e ir lá falar com o autor. Para a produção académica vamos ter feiras de livros. E eu espero no próximo ano que tanto a Universidade Piaget como a Universidade de Cabo Verde se aproximem e proponham mesas e colóquios. O nosso objectivo é muito mais tornar a literatura e o acesso aos escritores algo que seja -utilizando uma palavra brasileira – prazeroso. Vamos tentar que as sessões não sejam herméticas. Vamos tentar fugir disso.

Já numa fase mais próxima da actual, Germano de Almeida aparece na revista Ponto e vírgula. A literatura cabo-verdiana é já uma literatura amadurecida, liberta do tema colonial e mais universal?

Sim, somos mais universais. Ao ver a obra de Jorge Carlos Fonseca, nosso Presidente da República, do Arménio Vieira… Cabo Verde foi muito marcado pelos 15 anos de partido único. Nós seríamos outro país se logo a seguir à independência houvesse democracia. Se em 76 fizéssemos eleições, tal como foi o acordo entre Portugal e o PAIGC, Cabo Verde seria outro país. O facto de termos tido 15 anos em que um partido se confundiu com o Estado, em que a própria Constituição dizia que o partido é o PAIGC…

Houve um período de compressão em que os próprios poetas, jornalistas e criativos cabo-verdianos andavam um pouco alinhados com o regime. Essa fase fez com que desaparecesse uma geração fabulosa. Voltámos para um nacionalismo; há uma escrita nacionalista e de culto pela nova República. Foi um pouco como afirmar que nós já não somos Portugal, somos Cabo Verde. Mas é uma afirmação de Cabo Verde que é retrógrada se pensarmos naquilo que é a Claridade e se pensarmos no que é o pensamento pré-nativista.
De 75 a 90, tivemos o regime de partido único. O discurso hoje de uma geração que se construiu nessa altura e o discurso de uma própria classe política é de dizer que somos um país com 42 anos de história. Errado. Somos um país com 556 anos de história. Começámos a ser país em 1460. Hoje, vejo Joaquim Arena, que é um escritor que nasceu cá em Lisboa e faz a literatura da diáspora, ou seja, a partir da perspectiva da diáspora, vejo a obra do Corsino Fortes, a do João Vário, que está ao nível de Arménio Vieira em termos do que são as referências literárias em Cabo Verde, a do Gabriel Mariano, a do Jorge Barbosa, um poeta extraordinário, claridoso e não-alinhado com um discurso de Cabo Verde restrito ao período pós-independência, a obra da Dina Salústio, a da Orlanda Amarílis, que viveu grande parte da vida aqui em Portugal, e a de uma nova geração de cantautores como o Gil Moreira, o Princezito, o anterior ministro Mário Lúcio, o Orlando Pantera.

Enquanto não se conseguir fazer um discurso em que se junta o papel dos compositores cabo-verdianos com o papel dos escritores formais, de livro, muito dificilmente teremos a história completa. E ainda falta a geração da chamada “sopinha de alfabeto”, que é a geração do Filinto Elísio, Mito Elias, José Luiz Tavares. É uma geração que apareceu na Praia, nos anos 80, e que tinha uma revista chamada Sopa de Alfabeto.

Temos falado de prosa e poesia. E Literatura Infantil? Há Literatura Infantil Cabo-Verdiana?

Cada vez mais. Antes tínhamos apenas a Fátima Bettencourt, a Orlanda Amarílis, a Ondina Ferreira, mas agora temos uma geração enorme com gente que só quer fazer literatura infantil, como a Carmelita Gonçalves, a Natasha e a Chissana Magalhães. Eu próprio lancei há pouco tempo um livro de contos infantis. Nós temos necessidade de criar personagens cabo-verdianas. O meu filho ou a minha filha nascem e crescem em Cabo Verde, mas as figuras continuam a ser europeias. É uma questão de dignificar o nosso corpo africano. É preciso que as crianças cabo-verdianas, que também são brancas, morenas – nós somos um arco-íris – se revejam nas figuras que aparecem na literatura infantil para poderem também gostar da literatura.

E vai estar presente no programa?

Sim, está programado.

Falámos de vários novos autores e suas influências. E que influências existem em O Trampolim, de Abraão Vicente?

[risos] Como ministro tento meter a minha obra completamente fora desta reflexão, porque assim exige a ética. Não vou estar presente no Morabeza como escritor. Vou estar nalguns momentos para dar as boas-vindas e para conversar, mas não como escritor. A minha obra não vai estar presente de todo.

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