A simetria da felicidade vive em ‘Golden Cap’ dos Them Flying Monkeys

por João Horta,    10 Fevereiro, 2017
A simetria da felicidade vive em ‘Golden Cap’ dos Them Flying Monkeys
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Já os conhecíamos de algum lado. As duas faixas (“Molly” e “Halos”) lançadas até à data deixaram água na boca, não só pela música, mas pela feliz aposta gráfica da banda. A estratégia resultou na perfeição e os respectivos videoclipes de apresentação são uma bela prova disso. Acabaram por criar alguma expectativa em torno do primeiro longa-duração dos Them Flying Monkeys.

“Golden Cap” cheira a dias de sol, cheira a verão. É um refresco para o actual panorama da música nacional. Um fosso gigante onde abundam diariamente nomes e nomes que se querem afirmar. Sem grande esforço, com uma certa modéstia e ingenuidade, este jovem quinteto comprova que está entre as promessas mais relevantes na cena indie lusitana.

Entra com “Mid Midnight”, uma canção harmoniosa e que dá um certo embalo para as nove faixas seguintes. Um tema de abertura perfeitamente adequado. “Glass” não é tão enérgico, mas é confortável e aconchegante. Nesta faixa, as semelhanças com algumas bandas de renome internacional são mais significativas, nomeadamente, com os Tame Impala. Uma influência evidente ao longo do álbum, embora menos denunciada do que noutras bandas portuguesas do género. O cunho dos Them Flying Monkeys sobrepõe-se e deambula muito por sonoridades mais psicadélicas. Muito audível nalgumas malhas como “Random Request” ou “Leave to Relief”.

O registo mais pop assumido tanto em “Molly” como “Halos” não perde o norte aos caminhos do psicadelismo e nem mesmo de derivações do post-rock nalguns riffs. A originalidade da banda está muito patente no imaginário que é transportado liricamente. Exemplo disso é a narrativa em redor de “Molly” e o simbólico caminho de tijolos amarelos, primorosamente retratado nos vídeos realizados por Leonor Bettencourt Loureiro.

“Blissful” assinala o desfecho e a meta da felicidade atingida pelos Them Flying Monkeys, numa faixa marcada pela expansão e liberdade, onde inicialmente o baixo assume uma presença destacável. Alcançada a formosura definitiva, encerra-se quase como o desbotar de uma flor no primeiro dia de primavera. “Golden Cap” afirma-se como uma banda-sonora a ter em conta nos próximos dias de sol. Obras destas são revigorantes no cenário da música nacional.

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