A rua que divide Nápoles ao meio

por Pedro Fernandes,    4 Março, 2018
A rua que divide Nápoles ao meio
‘Spaccanapoli’, fotografia de Luca Sbardella
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“Em Nápoles, todos vivem num auto-esquecimento inebriado” – Goethe

Com cerca de 2 quilómetros, a estrada conhecida por “Spaccanapoli” divide o centro histórico de Nápoles, considerado Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, de norte a sul. A expressão significa literalmente “divide Nápoles” e representa uma das peculiaridades mais fascinantes desta cidade. Muito densa, esta rua é como uma cicatriz paralela ao mar. O coração da cidade. Encontra-se ali a melhor demonstração do que é a pureza, a verdade que caracteriza o povo napolitano e reúne o seu povo de personalidade vincada com a sua cultura e arquitectura, que ao longo da cidade, varia de tons escuros muito carregados a vermelho e amarelo possantes.

A história da “spaccanapoli” remonta aos tempo em que o povo grego influenciava a cidade, que nessa época se designava por “Neapolis”. Esta estrada era conhecida como o “Decumano Inferiore”, que em conjunto com o “Decumano Maggiore” e o “Decumano Superiore” eram as três estradas principais da cidade.

Com o passar das diferentes épocas, a estrada foi crescendo. Inicialmente ligava a praça “San Domenico Maggiore” até à “Via Duomo“. Numa fase posterior, passou a englobar a zona do “Gesù Nuovo”.

A “Spaccanapoli” é uma enorme estrada que ao longo do seu corso junta a arte, a tradição napolitana e a gastronomia de uma cidade que se orgulha de ter inventado a Pizza. Em dias festivos ou de grande tráfego de turistas, podemos demorar alguns minutos a atravessar um par de metros; é comprida, mas muito estreita. Nela podemos sentir a todo o momento o acento italiano mais carregado que o dos habitantes do Norte. Podemos ainda comprar réplicas de camisolas de futebol, bonecos com as formas de jogadores e até papel higiénico com a cara de políticos italianos europeus ou com o símbolo de clubes adversários do Nápoles. Nas suas redondezas podemos também visitar várias igrejas e palácios. A lista seria enorme para citar. É notório ainda, as imensas homenagens a Diego Armando Maradona, o “Rei” da cidade que conta com vários murais de graffiti espalhados não só ali bem como por toda a cidade, um deles, o mais especular, chamado de “O Deus Humano”. Este ano, o Nápoles está novamente na luta do título com mais chances do que nunca, algo que, caso aconteça, vai certamente levar à loucura esta rua principal e alastrar-se por toda a cidade. A praticar um futebol atractivo de grande posse de bola e dinamismo no sector de ataque, a equipa comandada por Maurízio Sarri está totalmente concentrada em conseguir um feito histórico.

San Domenico Maggiore

Já do ponto de vista cultural, a Basílica de “San Domenico Maggiore” em conjunto com a sua praça são um centro histórico importantíssimo. A esta Basílica estiveram ligados os maiores filósofos de Nápoles: Giordano Bruno, Tommaso Campanella e San Tommaso d’Aquino.

Quem quiser apreciar este fenómeno citadino, pode subir ao Castel Sant’Elmo, tendo assim uma panorâmica geral de toda a cidade e ver ainda ao longe o famoso Vesúvio e ainda a ilha de Capri.

No entanto, como seria de esperar, uma cidade tão grande não se resume a uma só rua. Outros pontos da cidade, que Stendhal chegou a descrever como “a mais bonita no Universo”, valem igualmente atenção como a Praça Plebiscito, o Museu Arqueológico, o Museu Capodimonte e o seu jardim, bem como passear junto ao mar na zona de Posillipo.

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