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A reverência de Bob Dylan por “Rough and Rowdy Ways”

por Linda Formiga
19 Junho, 2020
em Críticas, Música
A reverência de Bob Dylan por “Rough and Rowdy Ways”

Capa do disco

A primeira e única vez que vi Bob Dylan foi em Vilar de Mouros em 2004, encafuado entre o turbilhão PJ Harvey e a soul pop de Macy Gray. Na primeira fila, um grupo bastante grande de fãs do norte-americano seguia, por todo o mundo, a digressão do mítico cantor, que se achava ser a última, mesmo não o conseguindo vislumbrar, já que se escondia num palco escuro, totalmente negro, por trás de um piano igualmente negro. A mística era quase palpável, mas difícil de apanhar para quem não a conseguia discernir, o que era o meu caso. A digressão de então não foi a última, como se sabe, Bob Dylan entretanto lançou vários álbuns de originais, de versões de músicas já interpretadas por Frank Sinatra, em que se inclui um pujante álbum triplo de temas do cancioneiro americano, ou Great American Songbook, como lhe quiserem chamar. Ali pelo meio, a pacatez que sempre cultivou foi ferozmente perturbada pela atribuição do Prémio Nobel da Literatura em 2016, que Patti Smith recebeu em seu nome.

O conhecimento da obra de Bob Dylan pode ser um processo lento. Inspirado pela Beat Generation, vê em Kerouac uma influência para a vida e obra, conforme se pode ouvir, ler e ver nos quadros que pinta de paisagens e pessoas icónicas dos Estados Unidos. Bob Dylan é vasto e intrincado. É este imaginário que Dylan canta em I contain multitudes, o primeiro tema de Rough and Rowdy Ways, que nos remete sem grandes recursos a biografias, para toda a imensidão que Bob Dylan é, entre pinturas de paisagens e de nus, poemas de William Blake, aventuras de Indiana Jones e devaneios dos Rolling Stones, para rematar com um tom confessional “I’m a man of contradictions, I’m a man of many moods, I contain multitudes”.

A descoberta das multitudes de Dylan é um exercício que torna este álbum um desafio que agradará aos fãs de longa data e aos que querem conhecer-lhe a obra. Quando Dylan canta “I opened my heart to the world and the world came in” em False Prophet é este exercício que se pede. E é aqui que nos deparamos com a mortalidade, com a finitude, com o falso profetismo, com a falsa modéstia, muitas vezes com a humildade, com ironia, humor, jogos de palavras. Com a semi-divindade shakespeariana em My own version of me, entoa “Can you tell me what it means: To be or not to be?”, brinca com a masculinidade tóxica em Black Rider com “The size of your cock will get you nowhere”. No meio da audição, achamos que Rough and Rowdy Ways deveria ser também lançado em livro, para riscarmos e sublinharmos, para reflectirmos e pesquisarmos.

Os 17 minutos de Murder most Foul, o primeiro single de Dylan a conseguir chegar diretamente ao n.º 1 nos tops de música, foram um abanão inesperado em tempos de confinamento, um pedaço de História dos EUA e do mundo, uma crítica pouco encapotada ao que os EUA são actualmente e o quanto mudaram desde a morte de John F. Kennedy. O declínio da América entoado em “The day that they killed him, someone said to me, “Son the age of the Antichrist has just only begun” e a riqueza artística, em todas as suas vertentes, com inúmeras referências a artistas e obras fazem com que Murder most Foul seja uma imersão na cultura que rodeou Bob Dylan nos seus 79 anos de vida.

O imaginário cantado por Bob Dylan acompanha e está presente até em quem conhece mal a sua obra. O seu nome e legado pairam em tudo o que é obra de arte americana, as suas influências assolam, consciente ou inconscientemente, todos os songwriters folk de todo o mundo. Rough and Rowdy Ways é um disco muito agradável de se ouvir, numa simplicidade sonora e complexidade lírica que farão com que os fãs de sempre se emocionem perante este conjunto de canções, pela sua humildade e celebração do que é terreno. Farão também despertar a curiosidade de quem conhece mal a obra de Bob Dylan e de quem só lhe lia os poemas, como era o meu caso. Se há prova da multitude e da grandiosidade de Dylan, é este disco. Sem pretensões, despojado, rico em referências e um retrato apaixonado de uma vida plena. Não soa a despedida, mas tem por vezes algum desencanto de um homem de 79 anos que viu partir muitos dos seus. “I’m the last of the best, you can bury the rest”, canta em False Prophet, numa declaração que podemos discordar, mas que nos desconcerta.

“On the Road” de Jack Kerouac mudou a vida de Dylan (“I read On the Road in maybe 1959. It changed my life like it changed everyone else’s”), por ser uma “visão de liberdade e esperança” e de libertação e Rough and Rowdy Ways faz-lhe jus, muda-nos a perspectiva sobre a cultura norte-americana e sobre a obra de Dylan. É um disco eterno.

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Tags: Bob DylanRough and Rowdy Ways

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