A Galáxia descentralizada da Super Bock Super Nova

por Comunidade Cultura e Arte,    18 Janeiro, 2018
A Galáxia descentralizada da Super Bock Super Nova
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O circuito nascido nos Maus Hábitos, no Porto, continua a matar a sede de Norte a Sul

Os ditados populares são lições de vida mastigadas na semântica de cada idioma. Aquelas frases feitas que não sacamos dos filmes, mas que usamos como quem representa um papel durante meros segundos. Lembram-se daquele clássico minhoto do “rica pinga, tio Manel”? Um mimo de frase, que bem ilustra a jarra de tinto no canto da mesa, ou cada gole proporcionado por uma Super Bock fresquinha. E neste jogo dos provérbios, a cerveja preferida dos portugueses assume um carácter tão popular como qualquer expressão, chegando agora com um ciclo de música que, ironicamente, refuta outro velho ditame do nosso calão. “O país é Lisboa e o resto é paisagem” é cada vez mais o reflexo de um passado centralizante que o Circuito Super Nova tem contrariado por cada sala que enche nas nossas cidades de média dimensão. Aqui, mostram-se as bandas emergentes do nosso panorama, mas também os espaços e promotores que, desde o conforto da “terrinha”, dinamizam uma agenda que permite que os seus conterrâneos vejam bons concertos fora do eixo Porto-Lisboa. É um “circuito que sempre existiu, mas nunca foi organizado e sistematizado”, como nos contam Daniel Pires e Luís Salgado, ideários do festival que nasceu nos Maus Hábitos e que, na 1ª edição em formato itinerante, esgotou todas as salas, “possibilitando bons concertos a um preço simbólico e activando a criação de uma rede de salas de música ao vivo fora dos grandes centros”.

Este carácter descentralizador não é apenas um exercício de geografia, mas também uma aposta na versatilidade que põe bandas tão diferentes como os Killimanjaro, Ermo e Parkinsons a rodar o país de Norte a Sul, em salas que “não sabem da existência das outras e que não estão em contacto”. O Bang Venue, em Torres Vedras, é um exemplo de espaço recente que a Super Nova introduziu como pontapé de saída da 2ª edição, onde Whales, 10 000 Russos e Throes+The Shine experienciaram, talvez, a 1ª vez a tocar na histórica cidade, e encontrando uma sala que vive de/por pessoas apaixonadas pela música.

Agora, chegou a vez do GrETUA (Aveiro) e do Club de Vila Real se estrearem com os repetentes Carmo 81 (Viseu) e Ginjal Terrasse (Almada) nesta rota da cerveja que já vai na segunda rodada, e tem sede para pedir mais uma. E são tantas as cervejas que se vertem no chão destes espaços nos inúmeros concertos, que cada um recebe a custo e pulso, que bem podemos “mamar uma jola” enquanto pensamos em formas de os pôr a trabalhar em equipa. Uma rede onde “todas as salas passem a funcionar em conjunto, possibilitando cada vez mais digressões de bandas emergentes com mais fluidez e condições para acontecer”, permitindo que Portugal dê o próximo passo numa caminhada que já nos garantiufestivais de Verão consagrados mundialmente e esta recente vaga de bandas com foco além-fronteiras. Se a CP não alarga as suas linhas no interior, ou se mais depressa ignoramos um falar em Regionalização do que propor uma 3ª travessia sobre o Tejo, a Super Bock e demais privados têm conseguido bater o pé ao Estado na ligação entre os diversos pontos de um país pequeno, mas ainda demasiado vincado na Capital. “As instituições públicas raramente conseguem apoiar eventos de nicho e de carácter de entretenimento, e na opinião de muitos políticos não tem utilidade imediata – reforçam os promotores. – “Os privados ultimamente tem tido esse papel, quer sejam as operadoras de telecomunicações quer sejam outras marcas. Estes sentem que os modelos de tradicionais de activação das marcas tem de mudar”.

Na música, as multinacionais têm vindo a apalpar um terreno que, até então, era restringido aos festivais com prefixo e que começa a chegar a iniciativas de menor escala e de maior especificidade. Ganham as marcas? Sim… e ganham as bandas, os artistas, as artes, o público, e o país. Sem discriminação, mas sabendo que “a cerveja sempre esteve associada a concertos e nada melhor que uma marca de cerveja para dar visibilidade ao que de melhor se faz em Portugal.”

Pedimos mais uma?

Próximas datas:

20 de Janeiro – GrETUA, Aveiro
3 de Fevereiro – Club de Vila Real, Vila Real
17 de Fevereiro – Carmo 81, Viseu
3 de Março, Ginjal Terrasse, Cacilhas

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