Comunidade Cultura e Arte
No Result
View All Result
  • CINEMA
  • TV
  • MÚSICA
  • LIVROS
  • ARTES
  • SOCIEDADE
  • ENTREVISTAS
  • OPINIÃO
    • CRÍTICAS
    • CRÓNICAS
  • CINEMA
  • TV
  • MÚSICA
  • LIVROS
  • ARTES
  • SOCIEDADE
  • ENTREVISTAS
  • OPINIÃO
    • CRÍTICAS
    • CRÓNICAS
No Result
View All Result
Comunidade Cultura e Arte
No Result
View All Result

A desconstrução narrativa das séries e a sua importância actual

por João Miguel Fernandes
23 Abril, 2017
em Artes, TV
A desconstrução narrativa das séries e a sua importância actual

Existe um claro momento pré e pós Lost nas séries de televisão norte-americanas. Se até essa data havia sempre uma óbvia fronteira entre produção para TV e produção para cinema, o mesmo não se pode dizer dos anos que se seguiram. Lost veio mostrar ao mundo o poder que uma série pode ter em tempo real, ou seja, enquanto está a sair. Todo o mistério criado em volta da fantástica narrativa criada por J. J. Abrams, Jeffrey Lieber e Damon Lindelof veio redefinir um género que existia quase desde o tempo do cinema e que na maior parte da sua existência sempre procurou a distinção do mesmo. A diferença de existirem agora inúmeros protagonistas com caminhos distintos também acrescenta uma grande diferença ao argumento. Deixa quase de existir um único protagonista e começamos a ter vários, onde os episódios se dividem na visão de cada um deles, dividindo também o argumento e o objectivo de cada série.

Mesmo no meio de uma grave greve de guionistas, Lost serviu como a verdadeira líder revolucionária e não tardou até que a produção das séries atingisse, ou até mesmo ultrapassasse, a produção de certos filmes.

Breaking Bad começa em 2008, praticamente no final de Lost e apesar de grande parte do sucesso da primeira temporada se dever ao génio criativo de Vince Gilligan, o aumento da produção fez também parte do trabalho. Breaking Bad marca a definitiva viragem do formato clássico de série de televisão para filme. Existe agora uma continuidade narrativa muito forte, fazendo com que não só cada temporada, mas também quase toda a série se torne num gigantesco filme. Até esta data grande parte das séries focava-se em pequenos momentos, com episódios sem grande ligação narrativa, excepto na sua linha principal (excepção feita a Sopranos e Twin Peaks). É esta desconstrução narrativa, ou seja, uma inversão de argumento entre as séries e o cinema que começa a atrair investidores, realizadores, autores ou actores.

De repente as séries deixam de ser uma rampa de salto para actores chegarem ao cinema, mas o inverso. A série Game of Thrones vai, em 2010, buscar actores consagrados como Sean Bean, Lena Headey, Iain Glen ou Charles Dance, misturando-os com algum sangue novo. A grande diferença? O esquema do argumento e a produção. Estamos a falar daquela que é possivelmente a maior série em termos de produção da história, mas o seu sucesso não se deve apenas a este factor. O facto de pela primeira vez se quebrar o conceito genérico de séries em que quase nenhum personagem principal podia morrer, pelo menos no inicio da história, acaba por atrair muitas pessoas que até à data só podiam ver algo do género no cinema. A imprevisibilidade e riqueza argumentativa, aliadas a um aumento de qualidade de imagem e produção tornam as séries mais cativantes e mais rentáveis.

A partir daqui tudo muda e True Detective segue esta directiva. Uma única história dividida em vários episódios, com dois personagens centrais com características sociais distintas e um único realizador e argumentista. E se até à data houvesse alguma dúvida a partir daqui deixam de existir: as séries são o novo cinema. Um único realizador, um único argumentista, actores de cinema com anos de carreira, Matthew McConaughey e Woody Harrelson, e um sucesso tremendo (isto na primeira temporada).

Fargo, House of Cards e Westworld repetiram a nova fórmula de sucesso, adaptada às suas realidades distintas, e tiveram sucesso. As séries de televisão deixaram de ser sobre drama, comédia e acção e passaram a ser tudo aquilo que o cinema é, um conjunto de definições narrativas cruzadas que exploram a profundidade emocional de quase todos os seus personagens. Até mesmo em séries como Atlanta, de Donald Glover, conseguimos perceber que se tivesse sido criada antes desta mesma desconstrução narrativa estaríamos talvez perante uma espécie de Prince of Bel-Air. Ao contrário, Atlanta acrescenta um lado intelectual mais real e mais socialmente adaptado, fora do conceito cartoonesco dos anos 90, desafiando constantemente o espectador. É também este lado de consciência social, oferecido aos criadores através das redes sociais, que permite que várias séries, assim como Atlanta, explorem exactamente o que o público pretende, de uma forma quase de autor.

Actualmente é difícil distinguir por onde andam os actores. Em séries, em cinema? Em tudo! A produção equiparou-se à dos blockbusters americanos e a qualidade narrativa disparou. Dois casos bastante concretos são os exemplos de The Young Pope e The Expanse. O primeiro pegou num realizador italiano conceituado e deu-lhe total liberdade para brincar à desconstrução de narrativas, ou seja, trocar a lógica dos processos, dos estereótipos, dos personagens, e dar-lhes alma e vida próprias, algo que Paolo Sorrentino conseguiu com excelência (um Papa bastante novo, mas ao mesmo tempo mais retrógrado do que a própria instituição). O outro teima em criar uma linha narrativa idêntica à dos anos 90, com personagens seguros, estereotipados e um conceito algo repetido, apesar da produção de maior qualidade. Apesar de ter públicos completamente distintos, não sendo justo sequer comparar as duas, The Expanse enfrenta sérios problemas para continuar. Primeiro porque a distribuição hoje em dia é um dos factores mais importantes para o sucesso de uma série (e o SyFy não tem nenhuma grande série de sucesso), segundo porque as pessoas estão cansadas de ver mais do mesmo, gostam de ser desafiadas e é aí que The Young Pope entra, assim como Westworld.

Apesar de me ter centrado num pequeno nicho de séries, os exemplos são mais do que muitos e afectam também a comédia onde séries como Modern Family e Orange is The New Black, um género que raramente sofreu alterações, desafiam todas as regras e vão mais além.

É impossível escrever este texto e não referir a brilhante primeira temporada de Mr. Robot, as duas últimas de Black Sails (que homenagem a Heart of Darkness de Joseph Conrad), Sons of Anarchy e tantas outras.

Esta desconstrução narrativa da antiga fórmula de séries de televisão veio dar força a distribuidoras e produtoras como Netflix, aliando um aumento financeiro e qualitativo na produção das mesmas. Todos ganham, principalmente nós, os meros espectadores.

Se quiseres ajudar a Comunidade Cultura e Arte, para que seja um projecto profissional e de referência, podes apoiar aqui.

Tags: Game of Throneslostsériestelevisãothe expanseThe Young Popetrue detective

Artigos Relacionados

As nossas 20 personagens favoritas de séries

As nossas 20 personagens favoritas de séries

por Redacção
9 Julho, 2020
0

Uma boa parte do nosso período de quarentena foi passada a ver (ou rever) algumas das grandes séries com que...

Ilustração de Simone Roberto

Escapismo: quando é que podemos estar cá?

por Sara Camilo
26 Março, 2020
0

Agora que somos assombrados pelas notícias não tão boas sobre a realidade, não será a altura certa - para quem...

RTP2 estreia “A Arte dos Museus”. Uma série sobre alguns dos museus mais importantes do mundo

RTP2 estreia “A Arte dos Museus”. Uma série sobre alguns dos museus mais importantes do mundo

por Redacção
6 Fevereiro, 2020
0

A Arte dos Museus percorre uma requintada seleção dos mais famosos museus do mundo com estrelas da indústria criativa. Para...

Matthew McConaughey e criador de “True Detective” vão fazer uma nova série

Matthew McConaughey e criador de “True Detective” vão fazer uma nova série

por Redacção
29 Janeiro, 2020
0

Matthew McConaughey e Nic Pizzolatto, criador da série da HBO "True Detective", vão reunir-se numa nova série e desta vez...

George R. R. Martin revela novos detalhes da prequela de “Game of Thrones”

George R. R. Martin revela novos detalhes da prequela de “Game of Thrones”

por Redacção
10 Julho, 2019
0

A última temporada de “Game of Thrones” foi alvo de muitas críticas negativas e deixou muitos fãs insatisfeitos, contudo, a...

Netflix aposta em série japonesa sobre samurais e é descrita como “Game of Thrones da vida real”

por Redacção
26 Junho, 2019
0

A Netflix anunciou uma nova série que terá como pano de fundo o Japão feudal. Segundo o Deadline uma das...

Assina a nossa Newsletter

Recebe em primeira mão, todas as novidades da Comunidade Cultura e Arte

Os mais Populares

Óscares 2021: onde ver os filmes nomeados, em streaming ou de forma gratuita

Óscares 2021: onde ver os filmes nomeados, em streaming ou de forma gratuita

12 Abril, 2021
RTP2 exibe concerto de Harry Styles em Manchester

RTP2 exibe concerto de Harry Styles em Manchester

30 Março, 2021
Comissão Europeia propõe manter “fim do roaming” durante mais 10 anos e quer preço e velocidade iguais em toda a UE

Comissão Europeia lança plataforma de acesso aberto para a publicação de artigos científicos

24 Março, 2021
Há quatro categorias que vão desaparecer da transmissão televisiva dos Óscares

Já se conhecem os nomeados para os Óscares 2021

15 Março, 2021

Sobre a Comunidade Cultura e Arte

A Comunidade Cultura e Arte tem como principal missão popularizar e homenagear a Cultura e a Arte em todas as suas vertentes.

A Comunidade Cultura e Arte procura informação actual, rigorosa, isenta, independente de poderes políticos ou particulares, e com orientação criativa para os leitores.

ver mais

Segue-nos no Facebook

Segue-nos no Instagram

Seguir

  • Sobre a CCA
  • Privacidade & Cookies
  • Apoiantes
  • Parceiros
  • Fala Connosco Aqui

CCA 2019 © Todos os direitos são reservados.

No Result
View All Result
  • CINEMA
  • TV
  • MÚSICA
  • LIVROS
  • ARTES
  • SOCIEDADE
  • ENTREVISTAS
  • OPINIÃO
    • CRÍTICAS
    • CRÓNICAS

CCA 2019 © Todos os direitos são reservados.

Go to mobile version