A centralidade e a história da Grand Place de Bruxelas

por Pedro Fernandes,    2 Outubro, 2019
A centralidade e a história da Grand Place de Bruxelas
© G. Mathelot
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Notícia sobretudo pelas decisões políticas europeias que ali se tomam, Bruxelas é uma cidade que atrai milhões de turistas há vários anos. Depois de algumas pesquisas e conversas com quem já lá esteve, torna-se claro que a maior atracção a visitar é a sua praça central chamada de Grand Place, também conhecida por Grote Markt em flamengo. Não chegaria ao ponto extremista de alguns amigos que me disseram que, em Bruxelas, “temos esta praça espetacular e o resto não é nada de especial”. No entanto, e de facto, a praça está a um nível muito elevado e destaca-se do que existe demais. Em Bruxelas, podemos ainda passear e comprar chocolate nas harmoniosas Galerias Saint Hubert, que ficam ao lado da Grand Place, ver as suas catedrais e ter uma experiência diferente no Atomium. O grande escritor francês, Victor Hugo, autor de Os Miseráveis e Nossa Senhora de Paris entre outros, chegou mesmo a viver numa das casas de esta praça e disse ser a mais bela das praças europeias.

A primeira coisa que fascina nesta praça é a sua beleza harmoniosa e transversal por todos os prédios. É uma praça onde realmente nos sentimos rodeados de casas, ou seja, tem um ar fechado. Não se trata da típica praça enorme e aberta, cheia de árvores onde convergem várias avenidas. O que gostei mais foi a estranha sensação de estar numa sala de espetáculos sem tecto. Não há carros, apenas pessoas que desfrutam dos pequenos prazeres da vida numa praça de luxo. Com vários pormenores em dourado, os prédios que a compõem representam a arquitectura belga do século XVII, com influências do Gótico e do Barroco. O que hoje ali encontramos,teve de ser reconstruído em 1695, depois do exército francês ter destruído praticamente tudo. Este bombardeamento, inserido historicamente na Guerra dos Nove Anos, em conjunto com o fogo que o sucedeu, é considerado o momento de maior destruição trágica em terras belgas.

O tapete de flores da Grand Place. Herman/Reuters

Este lugar, considerado património mundial para a UNESCO, é composto por diferentes edifícios, entre os quais podemos encontrar o Hotel de Ville, ou seja, a sua câmara municipal e edifício central na praça, no qual se destaca a sua torre com quase cem metros; do lado oposto da praça, temos a Maison du Roi, que dá lugar ao Museu da Cidade. Num dos seus lados, está a Maison des Ducs de Brabant, composta por um total de sete casas, contando da porta número 13 até à 19; a Le Pigeon (números 26 e 27) onde morou Victor Hugo em 1852 e na qual podemos encontrar uma placa a assinalar isso mesmo, entre outras casas. A praça oferece também vários cafés, bares e restaurantes que logicamente têm em conta o seu lugar privilegiado na hora de calcular os preços dos seus menus.

Enquanto coração da cidade, esta maravilhosa praça é, também, acolhedora de vários eventos, alguns dos quais muito importantes no calendário belga. O mais popular é provavelmente o “tapete de flores” que é montado na praça com dimensões entre os 77 por 24 metros. Com mais de meio milhão de flores, é exibido no chão um tapete lindíssimo, floreado e colorido. A próxima edição está prevista para 2020 (este evento é realizado de forma bianual). A cada edição, o tema ilustrativo é diferente. Outra festa muito conhecida que ali toma lugar é a Ommegang que recria uma procissão medieval em honra de Carlos V e seu filho Philippe II, entre outros eventos, como concertos ou os festejos de natal que de igual modo são recreados aqui.

Como escreveu Victor Hugo: A Câmara Municipal de Bruxelas é uma jóia, uma fantasia deslumbrante sonhada por um poeta e executada por um arquiteto. E a praça ao redor é um milagre.

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