A casa que os Barbixas vieram habitar em Lisboa

por Comunidade Cultura e Arte,    15 Setembro, 2019
A casa que os Barbixas vieram habitar em Lisboa
Barbixas
PUB

O grupo brasileiro de improviso Cia. Barbixas voltou a Portugal para várias atuações em todo o país. Para além dos habituais Anderson Bizzocchi (Andy), Daniel Nascimento e Elidio Sanna, a estreia, a 12 de setembro, no Tivoli BBVA, contou com Nilton a apresentar e César Mourão como convidado especial. O humorista português que também tem um grupo de improviso, os Commedia A La Carte, já tinha atuado com os Barbixas – e a química notou-se.

Por entre o público, muitos brasileiros – mas também pessoas do Barreiro (que se fizeram ouvir). Vieram ver o espetáculo “Improvável”, tal como mais de 10 mill portugueses viram, com salas sempre esgotadas, nos últimos dois anos. Nesta terceira ronda por solo luso, já passaram por Lisboa (3 datas), seguem agora para Coimbra (dia 17 de setembro), Braga (19 de setembro) e depois para o Porto (de 20 a 22 de setembro). Portugal tornou-se uma segunda casa para os improvisadores brasileiros.

O improviso – seja de comédia ou não – tem tudo para correr mal. Mas com os Barbixas até parece fácil. Tudo aquilo aparenta ser possível de fazer por qualquer um – spoiler alert, não é. Pelo contrário. Na preparação de um espetáculo há treinos e uma procura pelo entrosamento.

Depois de um espetáculo muito consistente e com alguns momentos inesquecíveis, conversámos com os Barbixas sobre alguns destes temas.

Barbixas

Numa entrevista o Andy dizia que vocês treinam todas as semanas e que dão notas aos vossos espetáculos. Como é que funcionam estes ensaios e que nota davam ao espetáculo de hoje?

Andy: Foi mais no começo. Era uma coisa mais interna, quase como uma brincadeira – não levávamos a sério estas notas.
Daniel: Eu levava (risos)
Andy: Como fazíamos, e ainda hoje fazemos, 5 a 6 sessões na mesma cidade, era inevitável comparar. Então, dávamos essas notas, só para comparação interna, mas nunca batia certo. Cada um saía com uma impressão diferente do outro. Quanto ao treino – chama-se treino porque não dá para ensaiar, é improvisado. Basicamente, praticamos os mecanismos que estão envolvidos num jogo de improviso: a rapidez de raciocínio, como começar uma cena, como construir uma cena com um colega, como criar uma personagem… Estamos sempre a apertar estes parafusos para que não “espane” – ou lá qual é o verbo que os portugueses usam (risos).
Daniel: os treinos são mais para o Andy mesmo (risos) Dizemos que é para todo o mundo, mas é mais para o Andy.

Ao ver o espetáculo ao vivo reparei que as luzes, para além do som, seguem o vosso improviso. Quão difícil foi aperfeiçoar isto?
Daniel: Fomos adicionando, fomos subindo, não usamos isto desde o começo. Também não improvisamos com música desde o começo. Foi para aí há 7 anos, 8 anos.
Elidio: No terceiro ano do espetáculo juntámos a música. A iluminação foi crescendo com o espetáculo, à medida que ele ia pedindo. Costumo dizer que o espetáculo de improvisação é feito por improvisadores. Isto é válido para todas as componentes, não só para nós os três – seja a luz, como o músico e até o operador de áudio. Isto é muito bom para o crescimento do espetáculo. Tal como convidados especiais, que são variáveis pouco comuns. Hoje, por exemplo, tínhamos o César Mourão e o Nilton, pessoas que vêm de fora para somar ao nosso entrosamento. Se fossemos mais novatos nisto, a vinda de elementos externos talvez não fosse tão produtiva. É muito bom quando temos esta oportunidade, porque sentimo-nos preparados para recebê-los.

No final do espetáculo anunciaram que dia 25 de novembro vão atuar com os Commedia A La Carte numa gala de improvisação…
Daniel: É a primeira décima segunda gala de improvisação luso-brasileira. (risos)
Andy: Vamos celebrar diversas cenas da história do improviso mundial que nunca foram feitas. (risos)
Daniel: Vai ser a primeira vez que vamos fazer um espetáculo com os Commedia A La Carte aqui em Portugal. Já fizemos com eles o Improvável, no Brasil, mas este espetáculo é novo. Não tem jogos, é outro formato.

Quando começaram no mundo da comédia experimentaram fazer stand-up?
Elidio: Eu fiz muito pouco. Em 2009 ou 2010. Foi uma experiência interessante, mas, honestamente, apesar de o público até se rir, não tinha prazer eu dizer aquele texto.
Andy: Antes do improviso começámos com sketches, como os Gato Fedorento. Fizemos esse passo para o improviso, mas os sketches também continuam vivos.

Artigo e Entrevista de Gustavo Carvalho

Gostas do trabalho da Comunidade Cultura e Arte?

Podes apoiar a partir de 1€ por mês.

Tags:

Artigos Relacionados