40 anos da ‘erupção’ do rock Van Halen

por José Malta,    11 Fevereiro, 2018
40 anos da ‘erupção’ do rock Van Halen
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No dia 10 de Fevereiro de 1978, a banda norte-americana Van Halen lançava o seu primeiro álbum de originais, dando assim ênfase a uma nova era na música dos anos 70 que se viria a expandir nos anos seguintes. O heavy metal, nome dado ao rock pesado composto por sinfonias mais violentas e misturas intensas entre graves e agudos, que já tinha começado a ser implementado e explorado por outras bandas da época, tornava-se assim uma nova variante sendo ainda hoje um dos estilos mais apreciados pelos adeptos deste género musical. O álbum intitulado com o mesmo nome da banda seria um sucesso tremendo estando presente na famosa lista Billboard 200, vendendo até hoje mais de 10 milhões de cópias só nos Estados Unidos. A banda formada na Califórnia em 1974 pelos irmãos Eddie e Alex Van Halen que chegaram aos Estados Unidos vindos da Holanda ainda eram crianças, curiosamente filhos também de um músico, prometia vir a ser uma das bandas mais bem sucedidas do rock e dos anos 70 e 80. Juntamente com o vocalista David Lee Roth, o baixista Michael Anthony e, claro, os irmãos Van Halen com Eddie na guitarra e Alex na bateria, a banda tinha a ambição em mostrar um rock diferente daquele que era tocado nas rádios e nos concertos da época, apresentando algo sinfonicamente mais pesado e intenso. Durante uma apresentação num bar em 1976, o baixista e vocalista dos Kiss, Gene Simmons, ficou impressionado com a performance musical dos músicos, gostou e convidou-os para gravar uma maqueta que, infelizmente, acabou por ser reprovada pelas editoras de maior prestígio. Porém, a procura de novas oportunidades continuou e em 1977, depois de uma tour conjunta com os Kiss, a banda teria os holofotes necessários para que a Warner Music Group lhes propusesse um contrato para a gravação de um álbum. O disco fora gravado ainda nesse mesmo ano e dado a conhecer ao mundo no início de 1978, sendo ainda hoje um dos trabalhos musicais de estreia com maior sucesso.

O álbum é composto por 11 faixas, maior parte delas a rondar os três minutos de duração. Começando com Runnin with the Devil, canção que dá a conhecer ao público algum do rock poderoso dos Van Halen que prometeria vir a ser um sucesso autêntico, com um ritmo acelerado e com uma mistura plena dos instrumentos. Segue-se então, na segunda faixa, a famosa erupção que viria a dar uma identidade universal aos Van Halen. Composta por um minuto e quarenta e dois segundos envolvidos num solo de guitarra sublime de Eddie Van Halen, Eruption é considerado por muitos amantes do rock um dos solos de guitarra mais poderosos de todos os tempos dada a sua complexa execução e efeito cativante nos ouvintes quando pela primeira vez se deparam com os acordes da guitarra que dá alma aos Van Halen. Esta erupção veio dar mais vida ainda a um rock que se afirmava de boa saúde nos anos 70 com o surgimento de novos estilos que pretendiam-no promover e outros que o pretendiam dominar como o caso do Punk, mas que mais tarde também entraria na maré de promoção do rock que hoje chega até nós. Só que, apesar da sua curta duração, esta erupção não ficaria por aqui e vem logo de seguida dar continuidade a uma outra intitulada por You Really Got Me, um cover da emblemática canção de 1964 dos britânicos The Kinks, e que viria a ser interpretada catorze anos mais tarde num rock mais agressivo e pesado, cuja qualidade não fica atrás da versão original dando-lhe apenas uma adaptação a um estilo mais potente e intenso. Apesar de serem faixas diferentes, Eruption e You Really Got Me eram apresentadas muitas vezes nos concertos e nas rádios como uma única faixa, sendo duas melodias que praticamente não conseguem viver uma sem a outra.

Segue-se Ain’t Talk About Love, quarta faixa composta por um riff inicial e uma percursão que tendem a ganhar mais energia ao longo da melodia, à media que a voz de David Lee Roth marca compasso. I’m the One, quinta faixa, é uma faixa que mais uma vez exibe o metal rock dos Van Halen, com acordes de guitarra místicos a um ritmo acelerado e com um coro vocal interpretado pelos músicos no meio da canção. Já Jamie’s Cryin’, canção cujo refrão é mesmo o seu título repetido vezes sem conta sendo, a faixa resumida por esta intensa repetição assim como Atomic Punk que remete um pouco para o Punk que seria também uma das vertentes do rock a ser implementado em meados da década de 70, misturado com o metal, são duas canções que formam o corpo do álbum. Feel Your Love Tonight exibe um rock potente à semelhança das faixas anteriores onde a voz de Eddie Van Halen acompanha em certos momentos a voz de David Lee Roth fazendo até mesmo um dueto. Little Dreamer é introduzida com um riff “à Van Halen”, entrando logo de rajada os restantes instrumentos com um solo de guitarra bastante notório no meio da canção. Um homem dos gelados surge com Ice Cream Man numa canção que começa num tom calmo de balada e que a meio se transforma numa bela melodia do rock n’roll, com um toque próprio dos Van Halen que confere um estilo único à melodia em si. Por fim, o álbum termina com On Fire numa canção com um compasso acelerado e com os acordes característicos de Eddie Van Halen encerrando assim este primeiro álbum que conferiu à banda uma estreia de sonho.

Este era assim o primeiro passo dos Van Halen no caminho para o sucesso no rock e apenas um ano depois, em 1979, chegaria o segundo álbum: Van Halen II. Seguiram-se ainda mais dez álbuns de estúdio (sendo o último A Different Kind of Truth lançado em 2012), entradas e saídas constantes de músicos que deram o seu contributo noutras canções, concertos memoráveis, melodias violentas e sinfónicas que lhe conferiram um estatuto de admirável banda de heavy metal que ainda hoje está presente num rock que continua a explorar novas tendências. O rock dos Van Halen veio a dar um novo impulso a uma nova era e a um novo rock que viria a ser desenvolvido durante os anos seguintes e que viria gerar uma série de amantes e seguidores constantemente. Quarenta anos depois este é um álbum que continua a girar e a ser reproduzido nas playlists dos amantes do rock assim como daqui a outros quarenta irá continuar a ser ouvido e contemplado. O rock, quando é produzido de maneira artística e com alma consegue ter este poder: o poder de se manter actual à medida que os anos passam, sendo um testemunho que passa de geração em geração. E os Van Halen são uma das poucas bandas de rock metal que conseguem ter esse mesmo poder, estando cada vez mais próximo daquilo a que se pode chamar eternidade musical, algo que é extremamente difícil de se atingir, mas que para bandas com talento e altos níveis de carisma como é o caso, torna-se muito mais fácil alcançar-se tal horizonte.

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