#31 Essenciais do Cinema – ‘Aguirre, der Zorn Gottes’

por João Braga,    6 Dezembro, 2017
#31 Essenciais do Cinema – ‘Aguirre, der Zorn Gottes’
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Se estás a ler isto é porque chegaste ao “Essenciais do Cinema”– uma da CCA para quem quer descobrir um pouco mais. Com temáticas menos generalizadas, por vezes menos actuais mas igualmente relevantes. Com tudo isto, é normal que por aqui encontres – e temos mesmo de te avisar – mais texto. Bem-vindo ao “Essenciais do Cinema”.

Aguirre, der Zorn Gottes (1972)
Realizador: Werner Herzog
Protagonizado por: Klaus Kinski, Ruy Guerra e Helena Rojo

Não sei porquê, mas nunca fui um enorme fã de Werner Herzog, apesar de admirar a sua importância numa indústria que estava a renascer das cinzas, na altura do seu surgimento. É, provavelmente, a figura cinematográfica da Alemanha, pós-anos 70, juntamente com alguns outros nomes. Mas até um céptico como eu tem de assumir que este filme se tornou essencial na vida de um fã de cinema. É um dos lançamentos mais criativos e fantásticos de todos os tempo, onde Herzog se supera como realizador, com a ajuda da excentricidade de Klaus Kinski. O filme é, parcialmente, baseado na figura histórica de Aguirre, mas advém da mente do realizador. Kinski faz aqui o melhor papel da sua carreira, apesar de o filme conter pouco diálogo. Kinski interpreta Aguirre, líder de um grupo de conquistadores espanhóis que busca a cidade dourada. A falta de diálogo é justificada pela utilização de imagens fantásticas e realmente impressionantes, que dominam o filme.

Aguirre é visto como um anti-herói, visto como um louco e com aspecto igualmente louco. Aguirre é um revolucionário, suficientemente perturbado para atravessar o rio Amazonas, em busca da cidade dourada, o El Dorado. O personagem encaixa perfeitamente num, igualmente, instável Klaus Kinski, uma colaboração que aconteceu por diversas ocasiões. É o melhor filme de Herzog, incrivelmente filmado e interpretado por uma das melhores duplas do cinema. É um óbvio Essencial do Cinema, pois ‘cala a boca’ a cépticos como eu, que por vezes criticam a mente imaginativa do realizador, que passa os limites na maioria dos filmes.

“Aguirre, der Zorn Gottes” (pt: Aguirre, a Raiva de Deus) é um dos filmes, visualmente, mais violentes de todos os tempos, apresentando – muitas vezes – um sentido quase ‘pornográfico’ da realidade. O desempenho de Kinski é perfeito e encaixa lindamente na personalidade do personagem. Os cenários são impressionantes, dominados pelo verde e o meio selvagem do rio Amazonas, este filme é, ainda hoje, um dos filmes mais incríveis e soberbos da indústria cinematográfica. A ideia de brutalidade e violência é obtida, incorporando-a perfeitamente ao longo de todo o filme. A obra-prima é um marco para o cinema e para as carreiras dos intervenientes.

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