O cinema de Ernst Lubitsch

por Sara Camilo,    28 Janeiro, 2017
O cinema de Ernst Lubitsch
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O Cinema é construído através do contributo analítico e pragmático de inúmeras figuras; uma delas inclui o cineasta alemão Ernst Lubitsch. Expressou-se essencialmente através do cinema puro, que não é mais do que o retorno de um cinema vanguardista focado no seu elemento medular, a visão e o movimento, libertando a imagem das influências literárias.

Cedo se focou no estudo da arte dramática, trabalhou como actor de teatro e cinema, tendo um entendimento interior e interno destes dois mundos. Enquanto actor, ficou conhecido pelas suas interpretações de personagens cómicas, caricatas e judias.

A transição entre as profissões de actor a realizador deu-se muito naturalmente. Enquanto actor começou a manifestar o desejo de escrever os seus próprios argumentos, representando-os também. Mais tarde, começou a acumular cargos, sendo ele o actor, o autor e o realizador. Aos poucos foi deixando a representação pelo domínio completo da realização.

Enquanto realizador, exibe um estilo bastante sofisticado e hábil, capaz de inspirar a indústria cinematográfica de Hollywood nos anos 20/40. Hoje em dia também é tido em conta, já que as suas habilidades enquanto realizador não foram esquecidas.

Lubitsch tem a perícia de transformar qualquer argumento num trabalho de incrível destreza cinematográfica, com o requinte e lucidez própria de um cinema que transmite talento. Deixa nos seus filmes um toque sui generis, “Lubitsch touch”, uma linguagem própria e minuciosa que inclui o seus próprios sentidos, uma espécie de omnipresença, como se estivesse sempre dentro do seu próprio filme, mesmo não estando a representar nele.

Mundialmente conhecido pelo humor sarcástico, com uma boa dose de ironias deselegantes e insinuações engenhosas, era um realizador que se preocupava com o seu público e que queria agradar ao mesmo. Não tinha uma atitude elitista perante o cinema; achava que o mesmo era para todos e não só para uma parcela minoritária de espectadores. Assumiu sempre um cinema comercial, mas com certo requinte e bom gosto.

Foi para Hollywood em 1922, onde fez bastante sucesso, conseguindo deslumbrar o público e a industria  Trabalhou com grandes produtoras como Warner Bros, Paramount Pictures, Metro-Goldwyn-Mayer e 20th Century Fox Film Corporation. Os seus filmes parecem ter uma especial atenção à temporalidade, à modelação de temas dilacerantes, às diferentes matrizes psicológicas e um singular cuidado com os pormenores argutos.

Realizou imensos filmes, curtas e longas-metragens. O último filme que fez, That Lady in Ermine. partilhou a realização com outro grande cineasta Otto Preminger, que se referia a Lubitsch como o grande pai da comédia sofisticada.

Assinalando os 125 anos da sua existência e 70 anos após a sua morte, o seu cinema continua intacto guardando toda a subtileza e suavidade que o faz arte. É um cinema que nos educa e civiliza, que nos transforma e nos seduz. Ficam-nos na memória um historial de sentimentos e pensamentos de encanto e comoção.

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