Já ouvimos o primeiro acto dos Correia

por João Horta,    5 Julho, 2016
Já ouvimos o primeiro acto dos Correia
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Quem conhece projectos como Sam Alone & The Gravediggers, Devil in Me ou Men Eater, certamente, que o apelido Correia não lhe é estranho no panorama do rock nacional. Habituados a estas andanças os irmãos algarvios – Miguel (Mike) e Apolinário (Poli) – estão, finalmente, juntos para nos dar uma tareia de rock n’roll. “Act One” é o primeiro registo da banda e foi recentemente lançado pela NOS Discos. Apesar de só agora ser possível escutar o álbum, os irmãos Correia já tinham dado um ar de sua graça na primeira parte do concerto dos Baroness em Lisboa e, claro, através do single “Deliver Us”.

Ora se pensamos que o rock português está morto, estamos enganados, já o tínhamos evidenciado quando por aqui escrevemos sobre o “Bela Vista” dos Zanibar Aliens. Podemos dizer que o limar de arestas dos Sons Of Misfortune resulta finalmente nos Correia que vêm dar ritmo à coisa e lançam-se por um mar de riffs duras e cheias de rock n’roll.

Act One” apresenta-se como um álbum coerente do princípio ao fim e soma na perfeição as influências musicais dos irmãos que já levam um trajecto consolidado por diferentes projectos musicais. Depois de uma introdução que ganha balanço para o que vem a seguir, a música inaugural deste álbum, trata-se apenas de um aquecimento para as músicas seguintes. “Seekers of Light” e “Deliver Us” rasgam com riffs cruas, bem distorcidas e, portanto, exemplares da sonoridade oferecida com o decorrer do álbum. Os ritmos variam, ora quebram, ora aceleram, sem perder a alma rockeira que vai do psicadelismo ao rock n’ roll, como é possível notar em “Down by the Lake” ou “Deceivers of the Sun”.

A versatilidade deste registo torna-se impressionante com a faixa “Stepfather” onde Poli se entrega ao teclado e apresenta-nos aquela que é a música mais melódica e orelhuda de “Act One”. Naquilo que quase se pode chamar de uma balada, em termos de comparação com as restantes canções do álbum.

O primeiro registo de longa-duração encerra na perfeição com “Mailman Blues”, uma música com uma sonoridade mais expansiva, ambiental e psicadélica.

Apesar de deambular por várias camadas do rock e derivados, os irmãos Correia apresentam um álbum interessante e coeso. Uma bonita viagem por uma palete de diversas harmonias, melodias e riffs pesadas. Vale a pena e pode ser escutado aqui.

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